PR FAZ BALANÇO POSITIVO DA VISITA DE DOIS DIAS À PROVÍNCIA DO HUAMBO

0

O Presidente da República, João Lourenço, falou aos jornalistas este sábado na cidade do Huambo, para comentar os resultados da sua visita de trabalho de dois dias à província.

 TPA HUAMBO – Pelas infra-estruturas inauguradas aqui, na província do Huambo, podemos aferir que a aposta na formação técnico-profissional, Senhor Presidente, é para continuar?

PR – Sim, com certeza. Não só na formação técnico-profissional, como na formação de jornalistas, na formação de “operários da Cultura”, como o ministro da Cultura os chama. De uma forma geral, a aposta na formação do homem [deve continuar].

TPA HUAMBO- E que caminhos é que deixa, para servir de indicação, e melhor se rentabilizarem as infra-estruturas colocadas à disposição e inauguradas pelo Senhor Presidente da República?

PR- Bom, o que eu tenho a dizer é que o mais difícil está feito, que foi o investimento na infra-estrutura. Daqui para a frente, é preciso que os utilizadores tirem o máximo de rendimento deste investimento que foi feito. Só assim terá valido a pena o esforço financeiro que se fez.

TV ZIMBO – Senhor Presidente, hoje visitou as obras do Campus Universitário [do Dondi], uma instituição que resulta de uma estratégia entre o Estado e o privado. Olhando para a necessidade de mais instituições nesse sentido, que incentivo é que o Estado pode garantir, além da isenção de alguns impostos, para que as pessoas se sintam incentivadas, sobretudo o privado, a investir no Ensino Superior?

PR – O que nós visitámos é uma instituição que acaba por ser privada…uma vez que não é pública, é privada. Mas não é aquele privado na verdadeira acepção da palavra. As instituições de ensino das igrejas, mesmo cobrando propinas, em princípio, não vivem daquilo, não buscam o lucro, ao contrário de outras instituições de ensino verdadeiramente privadas.

Nós fomos visitar uma instituição de ensino superior, que é da IECA – Igreja Evangélica Congregacional de Angola -, porque entendemos que não apenas esta Igreja, mas, de uma forma geral, as igrejas cristãs em Angola, as evangélicas, ou protestantes, como se diz, e a Católica, sem prejuízo de outras que estão fora deste âmbito, têm, de facto, prestado uma atenção particular à formação do Homem. Aí aparecem como verdadeiros parceiros do Estado.

O Estado preocupa-se em formar o jovem, formar o Homem. Mas sozinho não vai chegar lá, como se diz. Conta com a parceria das igrejas e de outras instituições da sociedade civil.  Nós apoiamo-nos mutuamente. Esses nossos parceiros apoiam o Estado e o Estado, ali onde puder, apoia os seus parceiros.

Nós demos este apoio à IECA e eu fiz questão de ir ver, com os meus próprios olhos, o resultado do apoio que estamos a dar, e saio de lá satisfeito. Vejo que os recursos estão a ser bem aplicados. A obra não está concluída, faltam cerca de 10 por cento apenas e o respectivo apetrechamento, que também vamos apoiar.

Foi-nos dado a visitar a pequena unidade hospitalar da Missão [do Dondi], que está num estado, diria, bastante precário, bastante lastimável, e vamos ver, na medida do possível, se também damos um apoio a esta componente de assistência hospitalar que a Missão presta às populações.

Fizemo-lo recentemente em relação à Missão de Caluquembe. O Estado apoiou a reabilitação do hospital e vamos entregar a obra dentro de menos de uma semana.

Vamos dar início, ainda este ano, à obra de reabilitação do Hospital da Chissamba, na província do Bié, e penso que, tão logo consigamos mobilizar recursos, vamos também dar uma mão à Missão do Dondi.

TV ZIMBO – Ontem, nós, os jornalistas, fomos agraciados com a entrada em funcionamento do segundo pólo CEFOJOR. Senhor Presidente, queria ouvir qual a visão que tem sobre o trabalho que nós os jornalistas fazemos. Já que muito se diz em relação à interferência no nosso trabalho, queria ouvir do Senhor Presidente, se tem uma visão em relação à qualidade do nosso trabalho.

PR – O nosso jornalismo está a crescer e a cumprir com o papel que lhe cabe. Ao longo dos anos, o nosso país vem sofrendo transformações de ordem política, económica, social…e não só o jornalismo como, digamos, também outras profissões, vêm-se adaptando ao longo do tempo.

No tempo do partido único, o jornalismo praticado naquela altura era bem diferente daquele que é praticado hoje. Hoje existe liberdade de imprensa, não é só o Estado quem é detentor de empresas de comunicação social; o sector privado também está neste nicho de mercado.

A opinião nossa é positiva! Mas, como em todas as profissões, também há falhas e imperfeições. Tudo o que é feito pelo ser humano está sujeito a isso. Todos nós erramos, todos nós falhamos e, às vezes, é com os erros e as falhas que melhoramos e aprendemos.

RNA HUAMBO – Ontem, a Senhora Governadora da província do Huambo apresentou a situação socioeconómica da nossa região. Deu a conhecer que a nossa província, na campanha agrícola passada, obteve “chapa 5” em termos de produção agrícola. Lamentou o mau estado das estradas,  que está a dificultar a transportação dos produtos do campo para as grandes zonas comerciais.

Também sabemos, Senhor Presidente, que o fertilizante continua caro. Queremos saber, da parte do Governo Central, que apoios o Governo da província do Huambo pode obter para se ultrapassarem estes e outros problemas que atrasam a nossa agricultura?

PR – A questão das vias de comunicação, das vias terciárias e secundárias, é um problema no qual temos vindo a trabalhar em todo o país,  no sentido de melhorar o seu estado de utilização. Mas são vias que, por não serem asfaltadas… e não é possível asfaltar todas, a prioridade é para as estradas nacionais; essas sim é que têm de ser necessariamente asfaltadas, as outras, como regra, não são asfaltadas, embora haja algumas excepções.

As chuvas desgastam muito as estradas de terra batida, exigem uma manutenção mais cuidada e mais regular.

Ainda no mandato passado, o Executivo  adquiriu kits de máquinas que foram distribuídas às províncias, com o objectivo de fazerem com regularidade a manutenção dessas mesmas vias. Algumas províncias deram um bom aproveitamento a esses mesmos kits, outras não. Mas vamos continuar. Não sei se a solução que encontrámos da distribuição desses kits foi a melhor ou não, mas tenho a certeza de que vamos encontrar o melhor caminho para garantir que não se deixe degradar tanto as vias. Ou seja, a intervenção do Estado, não importa a que nível, central ou local, deve ser imediata.

Ao surgimento do mínimo buraco, deve-se intervir imediatamente. E, por vezes, esta atenção por parte de quem está no terreno (as administrações locais), não acontece. Deixam as estradas degradarem-se e, quando já estiverem numa situação quase de impossibilidade em transitar, é que os alarmes todos são accionados. Portanto, às vezes, a questão não é bem a falta de recursos, a falta de equipamentos, mas a nossa falta de atenção para definir o momento exacto em que as pequenas intervenções devem ter lugar. É melhor cem pequenas intervenções do que ter uma grande intervenção.

Em relação aos adubos e fertilizantes –  estendo isso também às sementes -, o Estado tem feito um grande esforço em garantir (e estamos a falar de camponeses, porque quem é empresário agrícola, este não deve contar com o Estado). Tem recursos para ele próprio adquirir quer os adubos e fertilizantes, quer as sementes. Acredito que estejamos a falar, sobretudo, da agricultura familiar, dos camponeses. Esses sim é que merecem e precisam de todo o apoio do Estado.

E NÓS TEMOS FEITO O MELHOR QUE PUDEMOS.

Às vezes, há atrasos na distribuição desses mesmos imputes o que, de alguma forma, prejudica as sementeiras e, consequentemente, as colheitas. Mas não se pode dizer que os camponeses não tenham recebido esse apoio. Recebem e, lamentavelmente, às vezes quem tem que fazer chegar esses imputes a eles – que são os beneficiários – fazem-no com algum atraso.

REDE GIRASSOL- Senhor Presidente, há muito que o aterro sanitário do Huambo tem estado a preocupar os munícipes e ontem mesmo a Governadora também apelou para uma intervenção. Pergunto: para quando um aterro sanitário e que intervenção será feita no já existente?

PR – Da reunião de ontem, este assunto é o que me deixou mais preocupado, uma vez que, lamentavelmente, vamos ter que praticamente começar do zero. Este é um projecto que ficou interrompido há exactamente 13 anos. Não são três anos, são 13 anos!  E, na altura, já tinha um grau de execução física de cerca de 90 por cento! O que faltava fazer era mínimo. Por razões que ninguém consegue explicar, foi possível fazerem-se 90 por cento, mas não se fizeram 10 por cento.

Os 90 por cento da altura, de há 13 anos, uma boa parte deste lado já executado, degradaram-se com as próprias chuvas, outro tipo de intempéries, alguma vandalização. É  a informação que recebemos ontem. Significa que hoje já não podemos considerar que aquilo tem um grau de execução de 90 por cento.

Não vamos, para concluir, gastar apenas os recursos correspondentes a 10 por cento, vamos ter de gastar muito mais.

Portanto, para que não se passem outros 13 anos, vamos ter de arranjar recursos para concluir esta obra que é importante para a sanidade da cidade, para a sanidade das populações desta cidade do Huambo.

JORNAL O PAÍS – Recentemente, a cadeia norte-americana CNN avançou que Angola era um dos melhores pontos para se fazer turismo a nível do mundo. A questão que lhe coloco, Senhor Presidente, é se o trabalho de casa, do ponto de vista objectivo, já está a ser feito, porque ainda há especialistas que apontam alguns problemas: temos o problema das vias de acesso a que o Senhor Presidente já se referiu. Aqui aponto também o problema da desvalorização da moeda. Enfim, Senhor Presidente, pergunto-lhe o que está a ser feito, do ponto de vista objectivo, para que um turista que venha cá, a Angola, não se confronte com problemas dessa natureza.

PR – Quer o estado das vias, quer a desvalorização da moeda, nenhum desses problemas – que eu considero problemas, e são, não deixam de o ser – constitui impedimento para haver turismo. Nós já fizemos turismo em outros países e andámos em estradas esburacadas.

Há turistas que preferem ficar na praia,

há turistas que preferem ficar nas grandes cidades, em hotéis de cinco estrelas, mas também há turistas que gostam de apanhar poeira, chuva, lama. Portanto, o estado das picadas acaba até por ser desafiador. Para o turista que gosta de aventura, o estado das vias, das picadas e das estradas de terra batida, não constitui problema.

De igual forma, a desvalorização da moeda também não é problema, porque não há nenhuma moeda no mundo que é 100 por cento estável. Todas as moedas do mundo têm períodos de oscilação, sem excepção de nenhuma.

Já lá vai o tempo, se quiserem, do Socialismo, em que alguns países tinham uma taxa de câmbio fixa. Eram taxas de câmbio que não eram realistas. Angola foi um dos casos.

Angola teve durante muitos anos, durante décadas, uma taxa de câmbio fixa. A taxa não oscilava, mas não era bom para a economia. E, mesmo assim, não tivemos turismo naquela altura.

O facto de hoje o Kwanza valer X em relação ao dólar, e amanhã valer Y, isto é o que é normal nas economias de mercado. Não vale a pena pensarmos que, neste exacto momento em que o Kwanza está mais fraco em relação ao dólar, que seja uma desgraça para a economia de Angola, nem é impedimento para que os turistas passem a vir para Angola.

A partir do momento em que nós isentámos vistos a perto de 100 países, mais exactamente a 98, os dados que temos indicam  que tem entrado muito turista no nosso país.

Angola é grande! A gente às vezes não vê. Mas as informações que temos dos serviços de migração – porque embora não se exija o visto, a pessoa tem de exibir o seu passaporte à entrada das fronteiras e por aí, temos o controlo de quem entra e de quem sai – neste curto espaço de tempo, o número tem sido bastante grande, a ponto de obrigar os serviços competentes de migração e estrangeiros a correrem para criar capacidade, num curto espaço de tempo, para receberem e tratarem o número crescente de turistas que, a partir de agora, vamos passar a receber.

Mas talvez seja importante também dizer que, nesta questão do turismo, como em toda economia e não apenas especificamente no turismo, as responsabilidades são repartidas.

Não vale a pena olhar só para o Executivo. Há responsabilidades que são nossas. Por exemplo, esta de isentar ou não isentar o visto, facilitar ou não facilitar o visto, é responsabilidade do Executivo.

Mas quem deve construir e gerir os hotéis, resorts, não será o Estado. É o privado.

O investimento deve ser privado. Quer na construção, quer na gestão das facilidades turísticas, algumas já existem, obviamente, mas há muito mais por construir.

Então, aí o sector privado é chamado a cumprir com a sua parte. Quando falo do sector privado, não estou a excluir a banca. Portanto, os operadores de turismo, também, para poderem fazer negócios, têm de recorrer ao crédito bancário.

JORNAL O PAÍS- A questão que lhe coloco agora é se o Governo vai continuar a apostar e investir na Comunicação Social, uma vez que uma boa parte de alguns órgãos de comunicação social vão se debatendo com vários problemas, do ponto de vista técnico e não só. Senhor Presidente, quer garantir que vai haver investimentos para a Comunicação Social?

PR – Bom, eu não falo no futuro, falo no presente e até no passado. Ou seja, ao longo dos anos, nós já temos feito grandes investimentos na Comunicação Social. Não apenas naquelas infra-estruturas que são colectivas, tanto as que todos os órgãos necessitam para poderem funcionar, como as antenas das telecomunicações  que cobrem o país.

Agora, com a entrada em funcionamento do ANGOSAT-2, é outro investimento.

Nós não estamos em tempo de fazer promessas, estamos em altura de dizer o que é que já fizemos e o que vamos continuar a fazer. Eu dizia que na Comunicação Social há dois actores, o público e o privado. Naquilo que é público, o investimento deve ser feito pelo Executivo, e estamos a fazer. A própria TPA beneficiou, há relativamente pouco tempo, de um grande investimento e de que já estamos a beneficiar.

Quanto ao sector privado, a própria palavra diz, fala por si. No sector privado, os acionistas é que têm de fazer os investimentos necessários no seu negócio.

A comunicação social privada não deixa de ser um negócio – e por sinal rentável, pelo menos noutras partes do mundo -, e aqui não deve ser diferente.

Então, os accionistas é que têm de se preocupar em fazer os investimentos que se impõem no seu próprio negócio.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

+ 84 = 85

Você não pode copiar o conteúdo desta página