MUNÍCIPES DO DANDE PEDEM RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS CRÓNICOS
A governadora do Bengo, Maria Nelumba, manifestou respeito pelas autoridades tradicionais, num gigantesco jango, em obediência a um ritual que marcou a sua visita de trabalho ao município do Ambriz.
Quase 30 dias depois da sua chegada à província do Bengo, é a primeira vez que pisou o solo da localidade. O objectivo foi apresentar-se e conhecer melhor os problemas que afligem as populações.
Durante a permanência no Ambriz, as autoridades locais destacaram as várias obras construídas, reabilitadas e ampliadas, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e do Programa de Combate à Pobreza. Mas disseram que continuam preocupadas com as dificuldades no acesso à água potável.
As autoridades tradicionais de Ambriz defendem a expansão da rede eléctrica, a asfaltagem da vila municipal, a reabilitação das vias de acesso às comunas de Bela Vista e Tabi, a conclusão da escola primária Nº 102 Augusto Ngangula, construção de um Instituto Médio Politécnico, colocação de relva nos campos de futebol e uma viatura de apoio às suas actividades.
Num outro momento, a administradora municipal de Ambriz, Anastácia de Vasconcelos, sublinhou que a população local é modesta e trabalhadora, e que sempre contribuiu com o seu saber no desenvolvimento da localidade e da província.
“Durante o nosso exercício, constatamos muitas dificuldades nas três comunas (Bela Vista, Tabi e Ambriz sede), 34 aldeias e sete bairros que compõem o município, que passam por dificuldades no acesso à água potável e energia eléctrica, face ao aumento da densidade populacional”, disse a administradora, para informar que o processo de escoamento dos alimentos agrícolas produzidos na região é condicionado pelo mau estado em que se encontram as vias de acesso.
Para os membros da sociedade civil, apesar dos esforços empreendidos pelo Executivo local, no âmbito do PIIM, do Programa de Combate à Pobreza, Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), Plano de Acção de Promoção da Empregabilidade (PAPE), Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) e do Orçamento Participativo, o município continua a enfrentar várias dificuldades.
Em relação ao sector da Educação, por exemplo, defendem a conclusão das obras de várias escolas, a construção de uma instituição do ensino médio com valências politécnicas, a conclusão dos trabalhos de instalação do sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável na sede do município, que se encontram paralisados desde 2012, e a construção de novos sistemas nas comunas de Bela Vista e Tabi.
Na ocasião, as autoridades tradicionais sugeriram a asfaltagem da vila municipal e dos cerca de 64 quilómetros da via que liga a sede de Ambriz à comuna de Bela Vista, mais os 12 quilómetros da estrada que vai ao Tabi.
No Ambriz, as mulheres organizadas em associações e cooperativas agrícolas reclamam da falta de sementes e de meios de trabalho para acudir a demanda de necessitados, para poderem aumentar os níveis de produção.
No ramo das Pescas, a cooperativa de mulheres que exerce a actividade de processamento de peixe continua a clamar por apoios financeiros para desenvolver a actividade, apesar de beneficiarem de material de pesca.
Enquanto isso, as parteiras tradicionais exercem as suas actividades em zonas urbanas, periurbanas e rurais ao serviço do sector da Saúde, depois de beneficiarem de formação e meios de apoio ao trabalho de parto.
Fuga de cérebros
Ainda no Ambriz, a juventude reconhece os esforços empre-endidos pela Administração local do Estado, com vista a melhoria dos sectores da Educação e Saúde, tendo reabilitado e construído várias escolas, postos e centros médicos, que ajudaram a minimizar as dificuldades nestes domínios.
À governadora Maria Ne-lumba os jovens disseram que a paralisação das obras do Liceu 113 (há cinco anos) obriga a que muitos alunos matriculados no II Ciclo do Ensino Secundário continuem a estudar em condições menos dignas, porque as salas de aula ficam superlotadas. E tal como defenderam noutras localidades do Bengo, também querem ver implementado um núcleo universitário na zona, para evitar a “fuga de cérebros”.
Exaltaram os investimentos feitos no sector da Saúde, mas alertaram que a localidade continua a carecer de serviços especializados de ortopedia, estomatologia, cirurgias e oftalmologia.
“Regozijamo-nos, senhora governadora, porque no âmbito do PAPE pelo menos 115 jovens já beneficiam de kits profissionais diversos, quatro receberam micro créditos e um total de 100 frequentaram estágios profissionais na empresa Petromar”, concluíram.
Cooperativas profissionais
“Mas existem ainda problemas de água e energia nas comunidades. As vias de acesso estão péssimas. Também faltam locais de lazer, mercados e centros de acolhimento”, disse José Neto, para quem os concursos públicos devem priorizar os cidadãos residentes “para permitir que o desemprego saia do seio da juventude, cada vez mais envolvida em rixas e roubos, por falta de ocupação”.
Para o administrador municipal do Dande, Fonseca Canga, o PIIM trouxe outra dinâmica ao município, tendo em conta que o programa permitiu a construção de várias infra-estruturas sociais, que estão a oferecer maior dignidade aos munícipes.
“O Dande teve o privilégio de beneficiar de obras do Projecto Integrado de Requalificação de Caxito, conduzido pelo Governo da província, que acabou com a antiga cidade da lama e da poeira”, frisou.
Os jovens do Dande foram incentivados a criar cooperativas profissionais, a fim de promover o empreendedorismo e fomentar a empregabilidade na região.
No acto de apresentação aos munícipes, Maria Nelumba disse que o desemprego não deve ser apenas da responsabilidade do Governo, tendo solicitado maior comprometimento dos empresários e empreendedores da província.
De acordo com a governadora, existem, na província, muitos formados nos centros de formação técnico-profissionais, nas áreas de serralharia, electricidade, carpintaria, frio, mecânica, e noutras especialidades, que devem ser melhor aproveitados para garantir o desenvolvimento sustentado do Bengo.
“O desemprego constitui um problema transversal que afecta toda a gente, principalmente à juventude que precisa de crescer e constituir família”, sublinhou a governadora do Bengo, que já definiu como prioridade no seu mandato, a criação de infra-estruturas básicas, melhoria das vias de comunicação, abastecimento de água potável e fornecimento de energia eléctrica, capacitação profissional dos recursos humanos e a melhoria dos serviços de saúde e educação, além da promoção de empregos.
Na hora do balanço, depois de visitar os seis municípios da província, onde constatou a realidade de cada um e se inteirou das principais preocupações que afectam no bem-estar social dos cidadãos de Ambriz, Dande, Bula Atumba, Pango Aluquém, Dembos e Nambuangongo, Maria Nelumba disse que os problemas são conjunturais.
No Dande, a população apresentou à governadora várias situações relacionadas ao desemprego, falta de energia nas zonas suburbanas, habitação, melhoria das vias de acesso, centros de acolhimento, locais de lazer, fornecimento de energia eléctrica e distribuição de água potável, bem como a necessidade de construção de novos mercados.
Para minimizar os problemas, disse, vão ser necessários grandes investimentos, pessoas com iniciativas, projectos e criatividade. Depois do encontro, a governadora do Bengo visitou o Hospital Municipal do Dande, onde entregou fármacos diversos.
Com uma população estimada em 299 mil e 526 habitantes, o município do Dande tem uma extensão de 7.384 quilómetros quadrados. Administrativamente é composto por cinco comunas (Caxito, Mabubas, Quicabo, Úcua e Barra do Dande) e 156 bairros ou povoações.
Fonte: JA