ANTIGO CHEFE DE ESTADO MOÇAMBICANO RECONHECE FEITOS DE “DOS SANTOS”

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Os feitos políticos e diplomáticos do ex-Presidente José Eduardo dos Santos em prol da pacificação de Angola, da Região Austral e do continente africano foram, ontem, exaltados pelo antigo Chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano.

Em declarações ao Jornal de Angola, após prestar homenagem ao antigo Presidente angolano, falecido no dia oito de Julho último, numa clínica de Madrid, Reino de Espanha, Joaquim Chissano disse que a morte de José Eduardo dos Santos deixa um grande vazio em Angola, no continente e não só.

“Era bom ouvir dele comentários sobre os problemas de Angola e da região”,  referiu o antigo Chefe de Estado moçambicano, lembrando os “bons momentos” que trabalhou com o estadista angolano, quando ambos desempenharam os cargos de ministro dos Negócios Estrangeiros, altura em que Angola atravessava uma situação “muito delicada”, decorrente da guerra de libertação nacional, e Moçambique sofria a agressão do regime do “apartheid” da África do Sul.

Joaquim Chissano recordou, ainda, que como ministros dos Negócios Estrangeiros, ambos coordenaram esforços para o reconhecimento da independência de Angola, como do Governo legítimo dirigido pelo MPLA. Sublinhou o facto de ter trabalhado com José Eduardo dos Santos na coordenação de esforços para a resolução dos conflitos na Região Austral do continente africano, com vista a atenuar as tensões, quer no âmbito bilateral, quer da SADC. “E conseguimos algumas coisas em conjunto”, declarou Joaquim Chissano, ao ressaltar ter sido “muito bem recebido” pelo Presidente Eduardo dos Santos, aquando da sua primeira visita oficial a Angola.

“José Eduardo dos Santos está a fazer falta, mas não que o actual Presidente da República, João Lourenço, não fosse amigo”, esclareceu Chissano, com o semblante carregado, exprimindo consternação pela morte do antigo companheiro.

 Galeria de ex-Presidentes

Joaquim Chissano referiu que José Eduardo dos Santos, em vida, faria parte do Fórum de ex-Presidentes africanos, que, de vez em vez, falam, fazem concertações, assinam declarações conjuntas, etc, em prol da pacificação do continente, e não só. “José Eduardo dos Santos seria um ex-Presidente  do nosso grupo”, referiu Chissano, para quem a sua história não iniciou com a proclamação da  independência de Angola.

“Ele fez muito trabalho durante a luta de libertação nacional pelo MPLA”, lembrou o político, reafirmando que “em vida, gostaria de manter encontro particular, para saber mais de si, sobre os feitos que protagonizou”, indicou.

Joaquim Chissano disse, ainda, que em vida, José Eduardo dos Santos teria acumulado “bastante experiência”, atendendo ao seu nível de inteligência. “De tão inteligente, agia  de acordo com as situações que surgiam”, afirmou.

 Recordações marcantes

Para Joaquim Chissano, a “grande batalha” diplomática para colocar Angola no mapa do concerto das Nações, foi dos feitos mais marcantes protagonizados por José Eduardo dos Santos.

O antigo estadista moçambicano enalteceu, também, a intervenção do Presidente José Eduardo dos Santos na busca da paz e reconciliação entre todos os angolanos. Falou, a propósito, da realização da cimeira de Gbadolite, na RDC, que, em sua opinião, marcou o início da comunicação, desejo de paz e reconciliação manifestadas por José Eduardo dos Santos.

“Gbadolite marcou um processo que caracterizou a entrega de José Eduardo dos Santos na busca da paz, através do diálogo”, referiu Chissano, ao apontar a sempre pronta disposição para o diálogo, mesmo depois da morte de Jonas Savimbi, o que levou ao reconhecimento da UNITA.

 Processo eleitoral angolano

O ex-Chefe de Estado moçambicano elogiou o processo eleitoral angolano em curso, e recomendou ao partido vencedor do pleito a cooperar com outras forças políticas, com vista a melhorar os entendimentos na política.

“O processo decorre em paz e ordem”, afirmou o político moçambicano, ao defender a manutenção da paz e a participação de todas as forças da sociedade angolana, em prol  do crescimento sustentável do país.

  Embaixador russo está consternado

O embaixador da Rússia em Angola, que também prestou homenagem ao ex-Presidente da República, no bairro Miramar, em Luanda, considerou José Eduardo dos Santos uma figura de destaque à escala nacional e internacional.

Em declarações ao Jornal de Angola, Vladimir Tararov, reconheceu que José Eduardo dos Santos “muito fez” para o reforço da cooperação bilateral, e lembrou a sua intervenção diplomática, permitindo a eleição de Angola como membro  da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Dos Santos manteve boas relações pessoais e políticas com a Rússia”, indicou o diplomata, que também caracterizou José Eduardo dos Santos como uma pessoa “muito séria”, que sabia os caminhos pelos quais Angola e África devem trilhar.

Com o Presidente Eduardo dos Santos foram compartilhados momentos de dificuldades e de alegria, lembrou o diplomata, salientando que ao malogrado foram atribuídas condecorações, simbolizando as Ordens Máximas  da Rússia e da União Soviética.

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