“CHIVUKUVUKU RESISTE A FOGO AMIGO” – RUI KANDOVE

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Muito se tem falado/escrito sobre uma hipotética aliança entre o PRA-JA e o MPLA do Presidente João Lourenço.

As cogitações são fundamentadas pelo facto do Tribunal Constitucional, depois de 4 chumbos, ter finalmente viabilizado a agremiação política encabeçada por Abel Epalanga Chivukuvuku. Na verdade, quase ninguém acreditava na hipótese de Abel ter o seu próprio partido, sobretudo, depois de se ter juntado a UNITA por intermédio da Frente Patriótica Unida e ter conseguido introduzir  no parlamento 16 deputados, exactamente eleitos pela lista da UNITA. Diante deste cenário, as narrativas se multiplicam.  Há quem diga que os deputados do PRA-JA teriam instruções para viabilizar um terceiro mandato de JL. Outros tantos afirmam que a  legalização do PRA-JA, tinha como propósito deliberado enfraquecer a Frente Patriótica. Nada mais injusto, ao nosso ver.

Bom, a verdade é que dos 16 deputados, 7 solicitaram a suspensão dos seus mandatos para assumirem cargos de chefia no PRA-JA. Ou seja, ter sido eleito pela lista da UNITA, impedia automaticamente a militância activa com cargos de chefia em outro partido qualquer. Ora, com a legalização do partido PRA-JA, não fazia sentido continuarem  como deputados de um outro partido, a menos que estivessem coligados.

E é aqui onde, talvez, esteja a grande maka. Ora, se o PRA-JA, BLOCO DEMOCRATICO e a UNITA são partidos autónomos, reconhecidos pelo Tribunal Constitucional, devem partir para uma coligação, que seria, no fundo, a junção dos três  partidos com um símbolo alternativo que representaria as diferentes formações. Tudo indica que essa possibilidade nunca irá se concretizar.

A UNITA jamais abdicaria dos seus símbolos. E aqui ACJ fica em défice, já que quando se dizia que Chivukuvuku nunca aceitaria ficar em segundo lugar numa lista liderada por ACJ, ele não só aceitou como foi um cavalo ao serviço da UNITA.

Por outro lado, é preciso sublinhar que, a Frente Patriótica foi concretizada respondendo a uma necessidade política através de acordos firmados.

Segundo o PRA-JA, (diz-se amiúde que Francisco Viana também), a UNITA não está a cumprir com  a transferência dos 20% do valor global da quota proveniente do Orçamento Geral do Estado, conforme acordado. Portanto, soa um pouco a injustiça as críticas aos líderes do PRA-JA, apenas  e só porque o partido aposta na sobrevivência da sua formação política.

Embora a UNITA tenha os créditos de partido do arco da governação, não se pode ignorar a força política de Abel Chivukuvuku. O homem já deu provas de que quando se trata de arregaçar as mangas e vergar as molas, não há quem o faça melhor.

Portanto, faz todo sentido o PRA-JA do Abel, “brigar” por um tratamento decente por parte da UNITA. O desejável é que haja espaço para que o diálogo acomode os interesses das partes.

Tudo indica que só coligados conseguiriam uma vantagem sobre o MPLA, abrindo, deste modo, a tão esperada página da alternância política em Angola. Pensamos que ACJ e Chivukuvuku devem se entender, aliás, ACJ tem mais do que se preocupar com o Congresso de 2025. O “Jaguar Júnior” está a tomar posição e pode ser um osso duro de roer.

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