ANGOLA APLAUDE CAOS EM MOÇAMBIQUE
Vários pontos de Moçambique mergulham em caos após anúncio da vitória, está segunda-feira, 23, do candidato Daniel Chapo da FRELIMO, partido que governa há quase 50 anos, validada pelo Conselho Constitucional. Dado a isso, em jeito de empatia, cidadãos angolanos manifestaram o seu forte apoio ao povo moçambicano pela intolerância à fraude.
DOMINGOS MIÚDO
O Conselho Constitucional moçambicano confirmou a vitória da Frelimo nas eleições gerais moçambicanas. “O Conselho Constitucional valida os resultados da eleição presidencial de 9 de Outubro de 2024”, anunciou a presidente do órgão, Lúcia Ribeiro, acrescentando que Daniel Chapo obteve 65,17% dos votos; Venâncio Mondlane conseguiu 24,19%; Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02% num universo de 7.238.027 de votantes.
Conforme estes resultados, o que para o povo é injusto, pois, esperava-se uma vitória do candidato Venâncio Mondlane, em jeito de repúdio, vários moçambicanos, fartos com o sistema viciado do seu país, decidiram obstruir várias regiões da sua terra, atingindo agências bancárias, supermercados, esquadras policiais, portagens, entre outros, conforme as imagens que chegam a nossa redacção.
Para os angolanos, a altitude dos moçambicanos tem servido de aula magna quanto a intolerância de fraudes eleitorais de sistemas políticos viciados em África.
Simão Estevão defende que os angolanos deveriam aprender com os moçambicanos, perdendo o medo e agir do mesmo modo, porque, conforme se sabe, ditadores não saem por vontade própria ou por eleições justas, apenas quando se fartam de roubar ou quando estão encurralados por outros líderes ou pelo próprio povo.
Para Amílcar Santana, faltou sabedoria ao presidente Nyusi e seu elenco, para se evitar tal caos, pois não entende quando dizem que a FRELIMO ganhou com o voto do povo, sendo que é mesmo esse povo que está revoltado por ver o Chapo a ganhar.
Em moldes de reflexo, Manuel Panguila escreveu: “não desistam, meus irmãos! Força, continuem! Lutem pelos vossos interesses, não permitam que os maltrapilhos vos façam sofrer sempre. Angola e seu MPLA que nos aguardem”
Entretanto, muitos consideram os moçambicanos como uma espécie de americanos dos angolanos pela supremacia na atitude homóloga, dando fortes lições de como deve ser a postura de qualquer um perante às falcatruas de seus enganadores governantes.
Foram exactamente uma hora e meia de leitura do acórdão de proclamação em que reconheceu irregularidades no processo eleitoral, mas que “não influenciaram” o resultado final, a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, anunciou os resultados definitivos. Fruto disso, a juíza, proclamou, “eleito Presidente da República de Moçambique o cidadão Daniel Francisco Chapo”.
Assim sendo, Chapo é proclamado Presidente da República, com 65,17% dos votos, em vez de cerca de 70% segundo a CNE.
No cenário do Conselho Constitucional, Venâncio Mondlane, candidato do PODEMOS, continua em segundo lugar com 24,19% dos votos, mais 4, 19% em relação aos resultados da Comissão Nacional Eleitoral.
Ossufo Momade, da Renamo, até então maior partido da oposição, obteve 6,62% dos votos, (contra 5,81% da CNE) e Lutero Simango, do MDM, subiu para 4,02% dos sufrágios.
O Conselho Constitucional não deu seguimento ao pedido do PODEMOS para uma nova contagem dos votos. Rejeitou também o pedido da RENAMO para a realização de novas eleições.
Enquanto decorria a leitura do acórdão de proclamação dos resultados, o povo já contestava na rua, com pneus em chamas.
Numa mensagem transmitida nas redes sociais, Daniel Chapo considerou que chegou o momento de “com calma e serenidade” se pensar “sobre a melhor forma de criar uma realidade democrática representativa da riqueza e diversidade do país. Esse diálogo é chave para superar as nossas diferenças”.
Reagindo igualmente a este anúncio, Lázaro Mabunda, editor do Centro de Integridade Pública, considerou que a decisão do Conselho Constitucional não é surpreendente, o futuro dependendo agora da reacção da oposição e da própria capacidade da FRELIMO encaminhar um diálogo com os restantes partidos.
“Antes da divulgação dos resultados, a própria FRELIMO dizia que qualquer tipo de negociação poderia acontecer. Mas não se espera que a negociação produza resultados assim favoráveis aos partidos, como o PODEMOS ou outros partidos da oposição. Duvido que possa produzir alguma coisa. É difícil prever o que poderá vir a acontecer, mas o que se pode esperar é que tenhamos dias provavelmente mais difíceis”, frisou.
Com a decisão do Conselho Constitucional, a FRELIMO conserva a maioria absoluta no parlamento, garantindo 171 deputados, seguido por PODEMOS, com 43 deputados, destronando a RENAMO na liderança da oposição.
Refira-se ainda que desde o dia das eleições gerais e em particular desde que a CNE anunciou a 24 de Outubro os resultados provisórios dando a vitória à FRELIMO, apesar de diversas denúncias de situações anómalas, o país tem vivido ao ritmo dos protestos da oposição.
Venâncio Mondlane, candidato presidencial do PODEMOS, que rejeita os resultados eleitorais, convocou uma série de bloqueios e manifestações, cuja repressão resultou em mais de 130 mortos.