A directiva exarada pelo ex-Comandante-em-Chefe, José Eduardo Dos Santos, sobre a construção de unidades militares fora da capital, foi “engavetada” pela actual administração, que não olha com preocupação sobre esta situação “muito preocupante”, na sociedade.

ESCRIVÃO JOSÉ

Hoje em dia, as principais unidades militares, na região Grafanil, Funda, município de Viana e quartel-geral do comando do exército (ex-R20), estão cercados por bairros, suburbanos, representando um risco sem precedentes.

Segundo constatações feitas por este jornal, as populações estão, “silenciosamente”, a invadir, com a anuência das administrações locais, os espaços e perímetros das unidades, o que poderá nos próximos tempos criar constrangimentos, e por serem unidades militares e isso é melindroso”.

“Uma unidade militar é uma organização que integra a estrutura operacional ou administrativa das  Forças Armadas”, disse um alto oficial das FAA que não quis identificar-se frisando um conflito armado, pode criar uma tragédia.

Segundo este oficial general, a invasão de espaços e perímetros das unidades militares com construções anárquicas, ponha em causa a segurança dessas instalações.

 Embora a localização das unidades não tenha sofrido alterações significativas, segundo este oficial “ tem se assistido, nos últimos tempos, a manifestações de alguns populares que reivindicam alguns espaços onde se encontram instaladas algumas unidades, assim como a construção de residências junto dos perímetros destas”.

“Os habitantes próximo já conhecem o segredo das unidades, o que não é justo. Muitos militares nas horas mortas, levam amigas e amigos nestes recintos só reservados para os militares”, lamentou um capitão das FAA da base de logística BCA no Grafanil, sugerindo a transferência destas unidades fora de Luanda.

“O Presidente da República de Angola, João Lourenço, anunciou, durante o discurso à nação, a construção de infra-estruturas nos domínios da defesa e segurança. Para mim, no que diz respeito à unidades militares, devem ser construídas fora das cidades”, insistiu.

Para alguns analistas, as unidades militares localizadas no Grafanil, devem ser as primeiras a serem retiradas desta área.

Aqui, está localizada a base central das logísticas das FFA, que se transformou num verdadeiro mercado informal.

“ Hoje é comum encontrar no mercado negro, quantidades significativas de bens destinados aos militares saqueados na referida base. Se esta base estivesse fora de Luanda, os desvios não deveriam ser tantos”, disse o politólogo, Carlos Semedo Jamba.

“Logísticos saqueiam viveres nos armazéns da BCA em plena luz do dia, vendendo às senhoras e ninguém os incómoda”, acres­centou salientando que defronte à BCA, “existe uma rede de senho­ras em colaboração com alguns responsáveis dos armazéns que conseguem desviar diariamente perto de meia tonelada de pro­dutos diversos”.

“Os seus autores nunca foram responsabilizados. A Inspecção Geral das FAA não consegue to­mar medidas para conter essa “praga” que prejudica as unida­des militares”, adiantou a fonte.