COMEMORAÇÕES MARCAM CHEGADA DO NOVO ANO 2024

Os preparativos para a passagem de ano na capital do país foram assinalados com concentração de muitas famílias em encontros nas ruas da cidade, praias e restaurantes. Nos mercados, houve uma ligeira movimentação das donas de casa e a presença de oficiais da Polícia Nacional em todos os pontos da cidade.
Em muitos bairros de Luanda era comum ver motorizadas e carros de patrulha da Polícia Nacional, assim como agentes reguladores de trânsito, que montaram barreiras, em diversos pontos, para reduzir o número de acidentes rodoviários.
Um desses pontos estava montado nas Avenidas Pedro de Castro Van-Dúnem Loy e Hoji ya Henda, onde havia várias barreiras da Polícia. Outras estavam na entrada do município do Cazenga, nas imediações da Cidadela Desportiva, dos Combatentes e na Ilha de Luanda.
No Cazenga, na rua do Comércio, ao pé do bar 33, os moradores colocaram mesas e cadeiras sobre os passeios, com o objectivo de contemplarem a passagem de ano em comunidade. “Foi uma ideia da vizinhaça”, explicou o morador Isandro dos Santos. A prática, realçou, é feita todos os anos. “Devido às dificuldades da vida e às condições financeiras de muitos, decidimos, entre vizinhos, conviver em família”.
O mesmo ambiente foi registado no Rangel, na rua C7, onde haviam mais de seis ambientes diferentes, organizados por jovens. “O que tiveres, serás bem recebido”, disse Sandra Marcelina, moradora desta rua, onde, muitas vezes, as tarefas e deveres são divididos entre os vizinhos. “Geralmente, os homens tratam das bebidas e dos trabalhos mais pesados (como os enfeites, as luzes e a música), ao passo que as mulheres tratam das comidas, da limpeza e decorações.
Da entrada da Ilha até ao Ponto Final, também era visível a movimentação de pessoas, assim como dos efectivo da Polícia Nacional por toda a área. Na ronda efectuada pela cidade, durante a passagem de ano, apesar das diferenças do cenário, ficou patente que as festas são parte da tradição dos luandenses, assim como a roupa branca.
Os exemplos eram visíveis da Rua Nova Marginal até a da Coreia, que estavam completamente cheias de pessoas, com músicas a tocarem em várias ruas. Na Rua do Laboratório de Engenharia, assim como na Rua Sagrada Esperança, o cenário mudava um pouco. Os moradores optaram por organizar convívios à beira dos passeios.
CIDADÃOS CORREM PARA AS COMPRAS DO DIA
Diferente das ruas onde há sentadas familiares e convívios, nos mercados formais e informais a equipa do jornal de Angola constatou muita procura nos preparativos para a passagem de ano.
Por exemplo, no mercado do Hoji ya Henda, muitos aproveitaram para fazer, ontem, as últimas compras do dia. Cristina Afonso era uma destas cidadãs. “Fui comprar produtos para os bolos e bolinhos, como fermento, manteiga, corante, trigo, ovos e açúcar”.
Janeiro é longo, realçou, acrescentando que os gastos devem ser bem acautelados. “É necessário gastar dinheiro apenas na compra das coisas básicas. Comprei apenas ingredientes para bolo. Antes do Natal fiz as compras de casa. Já sabia que os preços seriam mais elevados nesta altura”, contou.
VIGÍLIAS MARCAM TRANSIÇÃO DE ANO PARA OS RELIGIOSOS
Durante uma ronda efectuada em algumas igrejas da cidade de Luanda, constatou-se que, dentre várias denominações existentes, muitas estavam a preparar os cultos de passagem de ano com entusiasmo e fé.
Na lista dos preparativos de cultos de acção de graças destacam-se as igrejas Católica, Bom Deus, Metodista Unida de Angola, Adventista do Sétimo Dia, Assembleia de Deus e muitas outras religiões de matriz evangélica e pentecostal.
“Vou à missa. Depois, visto-me de branco e vermelho. O mais importante é o amor entre a família e o próximo. Vamos orar para pedir paz e harmonia entre as pessoas”, explicou Rosa Caramelo, uma crente.
Emerson Jony, de 28 anos, é outro fiel que nunca descartou a participação numa vigília. “Para mim, é uma forma de entrar em paz no novo ano. Festas posso ter em vários momentos do ano. Como chegar ao final do ano e transitar é sempre motivo para agradecer a Deus, então prefiro fazer oração”, justificou, mostrando-se, contudo, indiferente quanto a cores específicas para a noite da passagem de ano.
ROUPA BRANCA
Vestir branco na passagem de ano simboliza o desejo de começar o ano novo, livre de problemas do ano anterior. Em alguns países, inclusive Angola, a tradição de usar branco na virada do ano é fortemente enraizada. Muitas pessoas acreditam que a cor branca atrai boas energias e afasta energias negativas.
A vendedora de roupas do Largo da Independência Teresa Ana disse que as roupas de cor branca são as mais procuradas. “Somos obrigadas, às vezes, a ir ao armazém duas vezes ao dia para atender a procura”.
O comerciante Jorge Ambrósio, de 29 anos, explicou que todos os anos usa roupa branca por ser uma cor viva, que atrai riqueza de espírito, afugenta as tristezas e os males. “É uma forma de poder caracterizar, também, os desejos de paz, pureza e calma para aqueles que a utilizam”.