CARRINHO NÃO CUSTA DINHEIRO – JOSÉ C. DE ALMEIDA
Acho muito estranho os parceiros amantes nomeadamente, cônjuges e namorados caminharem juntos como se não fossem pessoas muito próximas. Em eventos festivos, parecem amigos ou irmãos. Amiúde, um caminha diante do outro. É raro haver manifestação de carinho, tais como abraços, entrelaçamentos de mãos, afagos sóbrios.
Beijos nos lábios* parece um pecado. Salvo poucas excepções, actualmente, os casais não assumem publicamente os seus respectivos relacionamentos. Nas apresentações, raramente se ouve declarações como “Este é José! É o meu namorado” ou “Apresento-lhe/te a Maria, a minha namorada”. Quando o marido ou a mulher vai apanhar o seu cônjuge, ao saudá-lo, fá-lo como se fosse sua amiga ou seu amigo. Publicamente, os governantes não tratam as suas esposas com ternura.
Entretanto, apreciava a forma carinhosa como a antiga primeira-dama, Ana Paula dos Santos, tratava publicamente o seu marido, o falecido Presidente José Eduardo dos Santos. Era um carinho moderado, que servia de influência positiva à sociedade.
Infelizmente, as crianças vêem poucos actos de carinho dos seus pais ou encarregados de educação, pelo que, de adultos, dificilmente, manifestarão carinho aos namorados ou cônjuges.
Por norma, quando as mulheres se dirigem aos seus namorados ou maridos (casados ou unidos de facto), dizendo “mor!” ou “amor!”, fazem-no de maneira interesseira. Geralmente, o uso da palavra “amor!” é seguido de um pedido.
Aproveito o ensejo para dizer aos homens que electrodomésticos ou utensílios de uso doméstico não servem de presente de Natal, tampouco de presente de aniversário. Entre os cônjuges, prenda de Natal ou de aniversário deve ser algo de uso exclusivo do beneficiário ou beneficiária. “Obrigado, amor!” é uma frase exclamativa indispensável. A mãe, irmã, tia ou amiga pode-se oferecer um dos artigos mencionados com presente natalino ou natalício.
É importante dizer que “beijo nos lábios” é diferente de “beijo na boca, que convém ser um acto de profunda intimida. Por isso, é conveniente que seja um acto privado.
Não é falta de pudor um Presidente da República, Primeiro-Ministro ou Juiz da um beijo no lábios à sua digna esposa. Não fere a moral pública. Pelo contrário, valoriza o afecto interpessoal, particularmente, entre cônjuges.