ELEIÇÕES NA JMPLA: MAIS UMA TENTATIVA DE “INDUZIR A ERRO” O PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO -CARLOS ALBERTO JORNALISTA
Já tinha achado estranho quando vi Tito Cambanje, numa entrevista conduzida pelo jornalista Amílcar Xavier, dizer à TV ZIMBO ser prematuro afirmar se tinha ou não interesse em candidatar-se ao cargo de Primeiro Secretário Nacional da JMPLA, braço juvenil do MPLA, quando tem 37 contra 35 anos, idade limite para se pertencer à organização social do MPLA, um requisito determinado pelos Estatutos, de acordo com o Congresso da JMPLA em 2019, que elegeu Crispiniano dos Santos (hoje com 39 anos).
O jornal “OPAÍS” volta a trazer o rosto de Tito Cambanje, estranhamente, com mais quatro “putativos candidatos”, segundo as suas fontes. Para além de Cambanje, traz Hemingarda Fernandes, Justino Capapinha, Sebany Gaspar e Daniela Bragança.
Curiosamente, o diário “OPAÍS” cita uma fonte do MPLA, que não se identifica, que alega que “idade não é factor impeditivo” para se concorrer ao cadeirão máximo da JMPLA. O jornalista Domingos Bento escreve que a sua fonte diz que “a maioria dos potenciais candidatos terá até ao próximo ano idade máxima, de acordo com os estatutos, para quem queira concorrer à liderança da JMPLA. De acordo com o Regulamento de Organização e Funcionamento dos Órgãos e Organismos Intermédios e Nacionais do MPLA, na alínea f) do Artigo 132.⁰, que consagra “Formas de Relacionamento do MPLA com as suas Organizações Sociais”, o Partido pode candidatar seu militante para assumpção de cargo de direcção nas organizações sociais. E qualquer militante do Partido, Membro do Comité Central e do comitê nacional da JMPLA”.
Diz ainda que “se o Partido pode candidatar o seu militante significa que o “seu militante” não se submete aos Estatutos da JMPLA, mas sim aos do Partido, onde a idade não é relevante, mas sim a competência e outras valências”.
Mais grave ainda (eu, Carlos Alberto, a pensar), diz que “é uma questão da vontade do líder. Se a direcção indicar ninguém pode dizer que não. É uma questão de confiança política, independentemente da idade”.
A partir da TV ZIMBO, naquela entrevista com Tito Cambanje, eu já estava a ver que havia “alguma máquina” a programar alguma coisa a favor de Cambanje. O jornal “OPAÍS” veio confirmar a minha suspeita e poder de observação que tenho (modéstia à parte). Fui formado para isso também!
Mas quem ajuda o Presidente João Lourenço na indicação dos quadros do seu partido e liderança da JMPLA e OMA? Uma coisa é certa: tem feito um mau trabalho. Eu disse-o no TPA notícias, enquanto Comentador-TPA paras as Eleições 2022.
Crispiniano dos Santos e Joana Tomás ajudaram a afundar o MPLA nas últimas eleições, porque simplesmente não têm (nem nunca tiveram) argumentos para convencer jovens a votar no MPLA. Não convencem ninguém.
Mas vamos aos argumentos da fonte do jornal “OPAÍS”: “é uma questão de vontade do líder”. Pura mentira! Eu não sou do MPLA – nem de nenhum partido político em Angola, porque defendo que um jornalista não deve ter “lado político” -, mas leio, como jornalista não podia ser diferente, tudo, inclusive os estatutos dos partidos políticos em Angola.
É, sim, verdade que o partido MPLA pode indicar ou sugerir seus militantes para a assumpção de cargos de direcção a nível dos seus órgãos sociais, mas “não é uma questão de vontade do líder”. O “líder” (se de facto for mesmo “líder” tem de respeitar os limites estatutários dos respectivos órgãos sociais, ele pode escolher alguém mas tem de estar dentro dos requisitos estatutários, caso contrário, não haveria nenhuma lógica de as organizações terem estatutos, ademais, os estatutos foram criados (no mundo inteiro) para definir as “regras do jogo”, os estatutos são criados para limitar “apetites de poder”, o que significa que “a vontade do presidente João Lourenço não pode (nem é, e sei, pelas minhas fontes, que João Lourenço não defende isso) sobrepor-se às instituições”.
As pessoas individuais não podem sobrepor-se às instituições (é o mesmo recado que passei ao Conselheiro da ERCA Reginaldo Silva, ao secretário-geral do SJA Teixeira Cândido Cândido e à presidente da CCE Maria Luísa Rogério).
As instituições têm mais valor que “vontades de pessoas individuais”. Se não for assim, estamos a criar tudo menos país. Que não considerem que “temos país”, se quiserem violar tudo por alegadas “vontades do líder”.
Seria possível o partido MPLA indicar o jurista António Paulo, quadro de elevadíssima qualidade técnica, que eu reconheço, para o cargo de Primeiro Secretário Nacional da JMLA ou o Tomás Bicas, jovem dinâmico, ambos com mais de 40 anos de idade, violando os Estatutos da JMPLA e a Carta Africana da Juventude, da qual Angola faz parte, porque o que conta é “a vontade do líder”?
Claro que não faz sentido. É um argumento fútil e sem fundamento jurídico da fonte do jornal “OPAÍS”. Fica claro que o jornalista Domingos Betico foi “aldrabado” por essa fonte, que deve fazer parte de um grupo que pretende afundar a imagem do Presidente da República e do MPLA, João Lourenço, induzinho-lhe a mais um erro, para manchar a sua própria imagem, de acordo com a minha análise e observação.
Em relação aos tais candidatos, expostos na capa do “OPAÍS”, é uma outra comédia, do meu ponto de vista.
Hemingarda Fernandes é a Primeira Secretária provincial da JMPLA em Luanda, por sinal, a província que permitiu que a UNITA retirasse a tão almejada maioria qualificada do MPLA. Nelito Da Costa Ekuikui, secretário provincial da UNITA em Luanda, chegou a gabar-se de que é ele que ganhou em Luanda e não o seu presidente Adalberto Costa Junior. Sendo um ou outro, a n.°1 da JMPLA em Luanda (com todo o MPLA junto e misturado) ficou mal na fotografia. Mostrou incompetência. O MPLA todo mostrou incompetência em Luanda. Aliás, eu disse na TPA que a UNITA ganhou em Luanda por demérito do MPLA e não por competência da UNITA.
Em condições normais, essa jovem, senhora de 37 anos de idade, diga-se, já nem devia estar à frente dos destinos da JMPLA na cidade capital de Angola. Quem a conhece? Convence quem?
Sobre o Tito, já escrevi. Devia ser honesto e parar com essa “campanha barata” de querer assumir a JMPLA, mesmo sem dizer que sim. Lançar um livro na véspera do IX Congresso da JMPLA não basta para se ser candidato? Já não tem idade nem sequer para militar na JMPLA. Então, como é que alguém, que deverá cessar a militância, por idade, no Congresso de 2024, ainda pensa em ser o líder do braço juvenil do MPLA, cuja militância vai dos 15 aos 35 anos de idade? O Presidente JLO, enquanto “garante do cumprimento dos documentos do Partido”, vai permitir a violação dos Estatutos da JMPLA e da Carta Africana da Juventude, que definem juventude como “o indivíduo com a idade compreendida entre os 15 e 35 anos”? Claro que não. Querem apanhar João Lourenço distraído para o induzir a erro.
Sebastião Gaspar, quem é? Quem o conhece? Convence quem? Aliás, eu sei que é da equipa da “perdedora Hemingarda”! Haja seriedade! Não vamos confundir o facto de o jovem ser do Golf, gabando-se de ser um grande mobilizador, para ser o número 1 da JMPLA! Por outro lado, é um jovem de 34 anos no limite da militância da JMPLA, que ainda por cima tem problemas de estruturar um raciocínio lógico (tal como o Crispiniano e o Isaías Kalunga do Conselho Nacional da Juventude).
O mesmo argumento serve para o filho do Job Capapinha. Já tive oportunidade de ouvir Justino Capapinha e a jovem Daniela Bragança. Não reúnem requisitos em termos de argumentação de ideias para assumir uma JMPLA. Não convencem seres pensantes. Não convencem jovens que questionam, que não se deixam levar pelo vento. Não convencem eleitores conscientes.
Em 2019, eu denunciei – por isso mesmo é que tive a ideia de criar o Portal “A DENÚNCIA”, que eu dirijo – que Domingos Betico Dalito era “o indicado” pelo partido MPLA, nomeadamente pela vice-presidente Luísa Damião, em detrimento de Crispiniano dos Santos. Nunca concordei com isso. Fiz a denúncia pública. Lembram-se? Entretanto, tive a honestidade intelectual de dizer que, sem conhecer Domingos Betico, na altura, o “candidato da vice” foi o que apresentou melhores argumentos no frente a frente da TV ZIMBO.
Em termos de competência, devia ser “o candidato da vice” a ganhar. Não ganhou (eu fiz a denúncia), porque devia saber convencer os seus companheiros da JMPLA.
O ideal seria que todos os candidatos reunissem os requisitos estatutários e fossem competentes. Agora, se o MPLA tem problemas de encontrar, nas suas fileiras, angolanos com o perfil ideal para liderar a JMPLA, é uma questão que deve servir de reflexão para si, um problema criado pelo próprio MPLA, do meu ponto de vista, que não investiu seriamente na Educação dos angolanos.
João Lourenço, é verdade, também carrega “um fardo” de um “reinado” de José Eduardo dos Santos. Mas isso não é condição suficiente para violar os Estatutos da JMPLA. Ele, como líder, tem de dar exemplo. Tem de mostrar que as pessoas individuais não podem sobrepor-se às instituições. Inventem outra! Pensem! Usem o cérebro, mas não induzam a erro o Presidente João Lourenço.