EMPRESÁRIO ISAÍAS LISBOA ACUSADO DE LIDERAR MILÍCIAS PARA INVASÃO DE TERRAS EM VIANA

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O proprietário do Condomínio Vila Lisboa, Isaías Lisboa, está a ser acusados de se apropriar de um espaço de mais de 70 hectares, pertencente aos camponeses, no bairro Henda, Distrito Urbano do Zango 2, município de Viana, para a construção de mais um dos seus condomínios, denunciaram os homens das enxadas ao Jornal Hora H

ANNA COSTA

Segundo estes que defendem serem os legítimos donos do espaço antes pertencente aos seus parentes, o suposto invasor alega que foi a Zona Económica Especial (ZEE), quem o passou o terreno, facto que foi desmentido pelas fontes que disseram terem documentos que dá conta de uma solicitação de espaço naquele perímetro, escrito por Isaías Lisboa, mas que não foi cedido.

“O documento que ele tem, é uma solicitação ao Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA) a pedir um espaço para a construção de uma serração, e o IGCA deu trinta dias para alguém se opor, e nós escrevemos contra para anular o pedido dele” disse Marcos Bernardo, acrescentando que “ se Isaías Lisboa tem algum documento de cedência do espaço são falsos”.

Os camponeses disseram ainda que, quando Isaías Lisboa chegou ao Zango, ainda não obtinha o título de construtor, mas sim, chefe de uma máquina de limpeza do espaço e “foi a partir daí que ele conheceu os terrenos e criou vícios” disse a fonte.

Os residentes contam que os dias na zona não têm sido fáceis, desde que Isaías Lisboa Aires colocou, naquele perímetro, alguns homens denominados “ Caenches” que ameaçam e muitas das vezes chegam a “agredir fisicamente” quem tenta chegar ao espaço, sob o olhar silencioso das autoridades policiais.

“ Esses Caenches faziam parte de uma empresa de segurança chamada Somboca, quem contratou eles foi o Senhor Isaías Lisboa, e eles estão, desde Dezembro passado até agora ” contou  Antónia de Oliveira ao Jornal Hora H

“Eles fazem disparos de arma de fogo, de manhã e tarde, batem as pessoas, o bairro fica atormentado, vivemos todos agitados, por causa dos Caenches, essa situação não pode permanecer” lamentou Constantino António coordenador do Bairro e uma das vítimas dos ditos caenches.

“Eu perdi um dente, por uma chapada dos caenche, rebentou nesta parte daqui da buchecha, (mostrou a cicatriz), e eu muitas vezes quando estou a cuspir, até agora sai sangue.”

Outra preocupação apresentada pelos camponeses, tem a ver com o “silêncio” da Administração Municipal de Viana onde os mesmos têm recorrido a busca de solução para as suas aflições. Os mesmos dizem que apesar de várias denúncias a Administração nada faz, o que os leva a concluir que aquela Instituição é uma das promotoras da venda dos terrenos dos camponeses.

“ Nós fazemos muitas queixas, nem a polícia, nem a administração fazem alguma coisa, porque estão todos no mesmo rolo e quem sofre é a população” disse o coordenador do Bairro.

“ Nós fizemos o grito de socorro aos administradores de Viana, mas eles não se fazem sentir até com o novo Administrador, Demétrio, eu falei, ele enviou o assessor, e o comandante de Viana para tirar o meu nome e número de telemóvel e prometeram que vão tirar os caenches daí, até hoje já ninguém me disse nada, tudo porque estão todos no mesmo negócio” acusou a camponesa.

Em busca do contraditório, o Jornal Hora H contactou, via telefónica, Isaías Lisboa Aires, e foi atendido pela secretária que identificou-se apenas por Paula, que garantiu voltar a entrar em contacto com a nossa equipa, mas até ao fecho desta matéria, Paula não mais se pronunciou.

De recordar que recentemente o antigo chefe das operações da fiscalização de Viana, Quim Catana, denunciou casos de máfias de terras no município satélite com especial atenção aos Zangos. Onde até os administradores e altas patentes do governo liderado por João Lourenço, estão envolvidas.

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