CASO FALTA DE CARTEIRAS: DOM BELMIRO CHISSENGUETI DEFENDE PROMOÇÃO DO PROFESSOR QUE LIDEROU PROTESTOS
O porta-voz da CEAST, Dom Belmiro Chissengueti, entende que a mais recente manifestação das crianças liderada pelo professor Diavava Bernardo, nesta fase de elaboração do Orçamento Geral do Estado deve obrigar, com urgência, a diminuir a importação de tanques de guerra e balas em 2023, pois os que desfilaram no dia 15 de Setembro são suficientes para o próximo ano.
A entidade religiosa, que comentou, através da sua página no Facebook, nesta terça-feira,18, sobre o caso do professor e a manifestação dos alunos, disse que tem estado a acompanhar o desenrolar dos debates em relação ao comportamento do professor que levou os seus alunos à rua, para protestarem contra a falta de carteiras, realçando que a manifestação pacífica é uma das formas de liberdade de expressão, sendo, por conseguinte, a liberdade de expressão o apanágio da democracia.
“Todos os anos celebramos o Dia Internacional da Criança Africana. Vale recordar que no dia 16 de Junho de 1976, em Soweto, África do Sul, numerosas crianças foram barbaramente assassinadas por uma brutal repressão policial, por protestarem contra a fraca qualidade de ensino, a imposição do Africano e o desprezo das línguas locais e, certamente, a falta de carteiras”, lembrou Chissengueti.
No seu entender, quem sente ou sentiu na pele a dureza de estudar sentado numa lata de leite, sem carteira, quando toma consciência que o seu País tem a segunda maior floresta tropical do Mundo cuja madeira seria suficiente para equipar bem todas as escolas; quando toma consciência que os deputados que são, teoricamente, seus defensores mudam de carro de cinco em cinco anos; carros que deveriam comprar com o próprio dinheiro para as escolas terem carteiras; quando toma consciência que muitas carteiras vão parar em colégios privados, não tem outra alternativa senão a manifestação que, para ter impacto, faz-se nas ruas.
“Quem dirige não precisa de inventar um novo Soweto. Deve ouvir, analisar e resolver porque, no mínimo, o País tem dinheiro para tal”, apelou o Bispo católico.
Recomendou, por outra, que os meios de comunicação social devem ampliar as vozes das crianças para que cheguem aos ouvidos dos decisores políticos que, muitas vezes, são enganados com falsos relatórios de bajuladores e oportunistas que inibem e ofuscam a verdade para não serem descobertos.
“Se eu tivesse poder, este professor seria imediatamente promovido, pois, a sua atitude abriu a mente das crianças que devem ser ajudadas a saberem pensar pelas próprias cabeças e não manipuladas para um masoquismo doentio que leva à resignação e ao fatalismo”, defendeu.
Esta manifestação das crianças nesta fase de elaboração do Orçamento Geral do Estado, observou, deve obrigar, com urgência, a diminuir a importação de tanques de guerra e balas em 2023, pois os que desfilaram no dia 15 de Setembro são suficientes para o próximo ano.
“Não se deve brincar com a educação. Não temos dinheiro nem possibilidades de enviar os nossos para as melhores escolas do estrangeiro. Melhoremos as nossas que foram muito boas. Deixem o professor em paz e que continue a desempenhar a sua profissão!”, atirou.