NO ZAIRE: ADRIANO MENDES DE CARVALHO PROMETE ARRECADAR MAIS RECEITAS PARA OGE
A instalação de um sistema de Scanner de mercadorias junto da fronteira terrestre do Luvo, no município de Mbanza Kongo, foi defendida pelo governador provincial do Zaire, com vista a pôr cobro à fuga ao fisco e o tráfico de seres humanos.
Segundo Adriano Mendes de Carvalho, que falava aos jornalistas no final de uma visita ao posto fronteiriço do Luvo, a 60 quilómetros da cidade de Mbanza Kongo, disse que a instalação do sistema de Scanner facilita o controlo de mercadorias e imprime rapidez ao despacho de camiões.
Avançou que a instalação de Scanner não visa, só, atender situações relacionadas ao controlo de mercadorias, mas também de contrabando de combustível que se pretende acabar ao nível da província, que causa prejuízos à economia nacional.
De acordo com o governador do Zaire, o Scanner a ser instalado junto da fronteira do Luvo não visa atender, apenas, situações relacionadas ao controlo de mercadorias e combater o contrabando de combustível, mas também para pôr cobro ao fenómeno de tráfico de seres humanos.
Quanto à questão de instalação de portagens, Adriano Mendes de Carvalho disse que, em nenhuma parte do mundo, uma fronteira como a do Luvo, por onde transitam, diariamente, mais de 200 camiões, em direcção à RDC, ficaria sem aquela balança electrónica importante para arrecadação de receitas para o país.
Plataformas logísticas
Sobre o processo das plataformas logísticas, o governador disse estar para breve a sua construção, cujo objectivo visa conferir maior controlo e organização das mercadorias, bem como garantir um aspecto melhor ao posto fronteiriço do Luvo. Para o efeito, Adriano Mendes de Carvalho vai convidar algumas entidades dos departamentos ministeriais correspondentes para ser discutida a questão.
Odisseia dos camionistas
Os camionistas que movimentam a economia, através de mercadorias pelas estradas nacionais em direcção à República Democrática do Congo (RDC), queixam-se do mau estado das principais vias e da burocracia que enfrentam na fronteira do Luvo, pelo que defendem a dinamização do processo de transição fronteiriça.
Para o camionista Lino Jamba João, 35 anos, que há 10 anos circula pelas estradas do país, aponta o mau estado do troço Nzeto-Mbanza Kongo-Luvo, com mais de 290 quilómetros, como a principal dificuldade na transportação de mercadorias até à fronteira.
“Estou a vir da província do Cunene com a batata rena que veio da República da Namíbia e vamos a Kinshasa, capital da RDC. Do Cunene para aqui na fronteira do Luvo, levamos seis dias, por causa da estrada que está muito mal. Cheguei no sábado, 1, por volta das 14 horas. Há muitos buracos, a partir do Nzeto até aqui na fronteira do Luvo, a estrada está péssima, inclusive tem causado muitos acidentes. Por exemplo, assim que vínhamos, dois camiões acidentaram, por causa da chuva. Quando está a chover a terra escorrega. Só de Mbanza Kongo até ao Luvo, há um troço que só tem terra batida. Quando chove o camião já não sobe”, frisou.
De acordo com Lino Jamba João, no troço Cu-nene-Luanda circula-se de forma razoável, com excepção da área de Benguela, onde há 50 quilómetros com algumas mazelas: “Do Cu-nene para Luanda, apenas encontramos um troço de 50 quilómetros em Benguela com buracos, concretamente de Katengue até Chongoroi. Mas de Lubango ao Chongoroi a via está mais ou menos. Agora do Nzeto até Luvo está mesmo péssimo, o troço requer uma reabilitação urgente”.
A demora que se regista para atravessar a fronteira do Luvo, associada aos seis dias de viagem, o camionista receia que a batata rena estrague. Atribui o atraso ao despachante oficial que não trabalha nos finais-de-semana, bem como na fronteira congolesa.
“Eu cheguei aqui por volta das 14 horas. Até domingo, 2, não estão a dizer nada. Este é um produto que se estraga. Neste momento, estamos à espera para ver se conseguimos atravessar (segunda-feira, 3). O atraso não tem a ver com a AGT, tem a ver apenas com o despachante”, realçou.
Quanto à actuação das autoridades fronteiriças da RDC, segundo Lino Jamba João, para entrar para aquele país vizinho, o processo considera-se bastante burocrático, na medida em que cobram por tudo ou nada.
“A travessia do lado da RDC é tão burocrática. Por exemplo, eles vêm para cá na nossa terra não pagam nada, mas nós lá somos obrigados a pagar 50 dólares do teste de Covid-19. Por exemplo, eu já fiz o teste de Covid-19, mas chegando lá, somos obrigados a repetir o teste e cobram 50 dólares por pessoa”, revelou.
Lino João acrescentou que, a par de valores cobrados junto da fronteira do Lufu (Luvo) no lado da RDC, os angolanos enfrentam vários controlos ao longo das estradas congolesas, situação que encontra uma ligeira abertura, apenas no período da noite.
“O angolano a partir daqui da fronteira do Lufu (RDC) só anda de noite, porque há muitos controlos. Se andarmos de dia, somos obrigados a pagar portagem e suportar os controlos. Mas de noite é mais ou menos, porque tudo tem sido resolvido a base de uma conversa”, concluiu.
Fonte: JA