ANGOSAT-2: VELOCIDADE SATISFAZ OS ESPECIALISTAS
O ministro das Telecomunicações Tecnologia de Informação e Comunicação Social disse, quinta-feira, em Moscovo, 24 horas depois do lançamento do Angosat-2, que o satélite caminha a uma velocidade ligeiramente superior a que era esperada, em direcção ao ponto de estacionamento.
Mário Oliveira, que falava no final de uma visita de confraternização, por ocasião do lançamento do satélite, fez saber que a forma como está a fazer a trajectória até ao ponto de estacionamento, vai permitir que se ganhe mais alguns nas manobras de operacionalização.
De acordo com as informações enviadas à terra pela Telemetria, que são analisadas diariamente, quer pelas equipas russas, quer pela equipa de técnicos angolanos na Estação Espacial da Funda, em Angola, o Angosat-2 apresenta um comportamento nominal esperado. “Hoje, os especialistas verificaram que as antenas da Banda K-U e C estão em bom estado, e os painéis estão abertos”, disse o ministro.
A equipa angolana, esclareceu, não se cinge apenas nos técnicos que se encontram na Rússia. “Temos uma equipa na Funda que, neste momento, tem estado a olhar para o comportamento do satélite, e são quadros nacionais que estão a proceder as verificações em primeira instância, com o apoio dos especialistas russos, a partir da estação de Baikonur e em Moscovo.
O Angosat-2, lançado na quarta-feira, é uma realidade e com isto espera-se que num breve espaço de tempo, estimado em 90 dias, se inicie os serviços de telecomunicações por via do satélite, referiu o governante.
Para Mário Oliveira, o Angosat-2 não pode ser visto como uma peça isolada dentro daquilo que é o ecossistema das telecomunicações no país. Salientou, a propósito, que Angola definiu no seu livro branco um conjunto de acções, cujo objectivo principal passa por tornar o país numa “hubb” de telecomunicações em África.
“O projecto Angosat se enquadra nesse objectivo traçado pelo Governo angolano, que contam, também, as redes de Fibra Óptica Submarina e as redes de Fibra Óptica Nacional”, pontualizou.
O Executivo, continuou, pretende que o pais esteja na linha da frente no domínio da modernização tecnológica. Desta forma, reforçou, “vamos levar, não só os serviços de voz e de dados para o cidadão comum, mas também os serviços de telecomunicações para as empresas, administração do Estado e para os sectores da agricultura, indústria, educação e saúde”.
“Este conjunto de serviços vai proporcionar condições técnicas, em termos de infra-estruturas tecnológicas, para modernizar a sociedade angolana”, frisou o ministro.
Mário Oliveira fez questão de afirmar que, partir do momento que o país entrou neste caminho, com capacidade não apenas no segmento espacial, mas também na fibra óptica, não como voltar regressar. “O país espera de nós, e nós estamos comprometidos com o país e com a causa do povo angolano. Acima de tudo, estamos comprometidos em fazer do país um lugar melhor para se viver”, enfatizou.
SATÉLITE ESTÁ EM ÓRBITA
Na ocasião, o ministro Mário Oliveira reiterou que o satélite de telecomunicações Angosat-2 se encontra em órbita desde às 0h:00 de quinta-feira, 7 horas depois do seu lançamento.
Em jeito de esclarecimento, por causa das inquietações levantadas sobre a entrada em órbita geoestacionária ou não do satélite, Mário Oliveira afirmou “que o Angosat-2 já está em órbita, e aguarda apenas pelo seu posicionamento espacial, que deve acontecer nos próximos dias”.
A chegada ao seu ponto de funcionamento, que estava prevista para um período de 15 ou 17 dias, vai acontecer antes, em função da velocidade que leva na sua trajectória.
LANÇAMENTO É UM MARCO NAS RELAÇÕES ANGOLA-RÚSSIA
Por sua vez, o embaixador angolano na Rússia e da comunidade dos países independentes, Augusto Silva Cunha, disse que o lançamento do Angosat-2, pela Agência Espacial Russa Roscosmos, é um passo importante nas relações de cooperação entre Angola e a Rússia, além de incentivar a realização, a curto prazo, da 6ª sessão da Comissão Mista Intergovernamental entre os dois países, a ter lugar no final do ano, em Luanda.
Augusto Silva Cunha destacou, para o efeito, a cooperação económica, técnico-científica e cultural com a Rússia. Em relação a reunião mista adiada desde 2020, por conta da pandemia da Covid-19, o almirante Augusto da Silva Cunha fez saber que a parte russa tem estado preocupada nos últimos tempos com a sua realização. Neste aspecto, acentuou, “a bola está com a parte russa, porque Angola faz questão de os receber, tendo em conta que a 5ª sessão teve lugar em Moscovo, em 2019.
De acordo com o regulamento, explicou o embaixador, as reuniões devem ser realizadas de forma intercalada. A comissão russa devia ter realizado em 2020, mas por causa da pandemia, transferiu para o ano seguinte, 2021, referiu, adiantando que a delegação angolana foi notificada para se deslocar a Moscovo, mas não o fez.
O diplomata sublinhou, a propósito, que o país aguarda pelo pronunciamento da Rússia. “Há muitos acordos por se assinar, da agenda de 2019, inclusive o Acordo sobre o Uso do Espaço para Fins Pacíficos. “Este Acordo deve ser rubricado na 6ª sessão, a ter lugar em Luanda.
O embaixador Augusto Silva Cunha dirigiu uma palavra especial à equipa técnica angolana, pelo empenho, elevado nível de responsabilidade, alto grau profissional, disciplina e sentido de missão demonstrados durante todo o processo de acompanhamento até à fase de lançamento do Angosat-2.
INVESTIMENTOS
Há um ano à frente da embaixada na Rússia, o diplomata disse que, das informações obtidas, percebeu que nunca houve tanta apetência dos empresários russos em investirem em Angola, como agora. “Nos últimos anos, recebemos muitos empresários russos interessados em investir em Angola”, pontualizou, acrescentando que alguns foram encaminhados para o país, onde conseguiram parceiros para montar negócios.
Sem entrar em detalhes, apontou, a título de exemplo, que do grupo de empresários, há um interessado em investir em soro hospitalar, a Iandex. Neste contexto, disse que as maiores empresas de táxi da Rússia já se encontram em Angola, e outras estão interessadas em fazer investimentos na agro-indústria.
Através da Câmara do Comércio Angola-Rússia, foi possível criar essa ponte entre empresários russos e angolanos, um meio que tem beneficiado as duas partes, concluiu o embaixador angolano.