DOSSIER 27 DE MAIO: “NGALA NGANGY” NUNCA ACREDITOU QUE SERIA MORTO
Mas antes de me alongar importa fazer aqui uma referência á esse instrumento de tortura que estava baptizado com o nome de nguelelo.
Colocavam a cabeça do detido no meio e apertavam-na, para forçar confissões e por bizarrismo quando os operativos diambrados possuídos pela maconha.
Realmente nos primeiros momentos depois de detidos e mesmo vendo tanta gente já feita escombros mais mortos do que vivos.
Quem conheceu antes alguns daqueles que depois deram em carrascos dos mais brutais gulosos pelo sangue alheio, nunca admitia à primeira vista a possibilidade de poder ser morto.
Talvez porque não se conhecia antes aquela brutalidade das pessoas que eram nossas conhecidas e como tal nunca se poderia imaginar que pudessem chegar onde chegaram.
Não só o Ngala nagngy, como até eu mesmo e muitos de nós, principalmente os ligados ao exército.
Nunca me tinha passado pela cabeça que um dia seria tratado como fui, e em certas situações por pessoas que eu conhecia tão bem antes.
Como foi no caso do Damião que me prendeu sem mandado de captura e me tinha endossado com essas seguintes palavras:
“Vamos, acompanha-me só, vais ser ouvido e depois serás solto” soltura essa que conheci dois anos depois, não morri sabe Deus como.
No meu caso ainda era mais difícil acreditar que passaria por uma secção de tortura tal.
Pois eu conhecia não só, a maioria dos operativos assim como alguns tinham sido do mesmo curso que eu, os da Contra Inteligência Militar por exemplo.
Assim como conhecia tão bem a cadeia de São Paulo já tinha entrado lá antes na condição de operativo.
Porque o operativo que respondia pelo CIM era o Ngunga que frequentou comigo o curso e a Geny minha ex que estava igualmente destacada naquele estabelecimento prisional.
O Ngala Ngangy foi daqueles detidos que nem esperou tanto tempo para ser retirado da cela e ser levado para a execução.
Houve detidos que não vi mais do que uma ou duas vezes, que também não acreditavam que seriam mortos e acabaram sim eliminados logo nas primeiras levas.
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