BAKAMAS BAPTIZAM TRADICIONALMENTE GOVERNADORA MARA QUIOSA

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O santuário dos Bakama do Tchizo, centro do poder tradicional dos autóctones do Centro Sul de Cabinda e não só, foi, ontem, o palco do culto da bênção tradicional, dedicada à governadora Mara Quiosa.

A bênção tradicional é um ritual que, pela sua natureza, já se tornou uma prática comum na região e é consagrada, sobretudo, à pessoas de “alta consideração” que visitam à província ou àquelas que  nela se deslocam para trabalhar.

O ritual da bênção tradicional remonta da antiguidade e ousado seria visualizar nos espaços temporal e geográficos as origens desta prática, certamente uma das expressões dos ancestrais na sua constante busca de protecção contra os fenómenos naturais e outros azares interpretados como vontade dos deuses e dos espíritos.

É nessa perspectiva que a governadora de Cabinda, Mara Quiosa, foi ao encontro dos Bakma, precisamente, no seu santuário para receber a devida bênção tradicional, isto é, antes de iniciar as suas novas funções governativas na província, como símbolo de respeito e de aceitação dos poderes da tradição local.

O ritual da bênção tradicional a que foi brindada a governadora Mara Quiosa, subdividiu-se em duas fases, sendo a primeira, o momento em que a governante se dirigiu ao santuário dos Bakama, que se situa num matagal nos arredores da aldeia do Tchizo, de onde recebeu a bênção do actual líder dos Bakama, Manuel Morais Lola, o sucessor do sacerdote tradicional Vicente Manguebele, falecido no passado dia 18 do corrente mês, vítima de doença.

A segunda fase da cerimónia, cingiu-se na apresentação, igualmente, feita pelo líder dos Bakama, de cada mascarado (Bakama) à governadora, ao que se seguiu com a sua exibição, culminando com a demonstração da dança folclórica “mayeye”.

A governadora Mara Quiosa considerou de extrema importância a bênção que recebeu dos Bakama, por entender  “ser importante antes de qualquer acto de governação, estamos aqui a pisar o solo da localidade do Tchizo para receber a bênção dos Bakama, dos nossos mais velhos, enfim, dos nossos ancestrais”, sublinhou.

A governante referiu que as autoridades tradicionais são um seguimento muito importante para o Governo por “carregarem aquilo que são as nossas tradições e a cultura do nosso povo”.

De maneira simples e humilde, Mara Quiosa suplicou às autoridades tradicionais do Tchizo, no sentido de lhe darem orientação, sabedoria e ajudarem-na  a governar a província de Cabinda, assim como proporcionando-a paz espiritual.

Por sua vez, o sociólogo Sevo Agostinho disse que o ritual de bênção tradicional consagrada à governadora Mara Quiosa, ontem, no Tchizo representa “aquilo que são as cerimónias fundamentais para a recepção da governante antes de iniciar as suas actividades”.

O também funcionário sénior da Secretaria provincial da Cultura sublinhou que a bênção tradicional consagrada à governadora reveste-se de um poder da ancestralidade o que faz com que ela seja de facto protegida e potenciada em tudo aquilo que irá fazer durante o seu consulado.

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