AINDA SOBRE O 27 DE MAIO: BENTO KANGAMBA E BENTO BENTO ACUSADOS DE MANDAR MATAR DOIS ACTIVISTAS
Há 11 anos, na província de Luanda, dois jovens activistas, Isaías Alves Cassule e Alves Kamulingue, desapareceram misteriosamente e meses a posteriores encontrados mortos na província do Bengo, quando estes empreendiam uma acção de protestos exigindo ao governo angolano melhores condições sociais aos ex-militares.
Pedro Vicente
De acordos familiares, o responsável pela morte do activista Isaías Cassuleé o actual primeiro secretário do MPLA Bento Francisco Bento que na altura, em 2012, estava nas vestes de governador da província de Luanda.
“Não me sinto bem ver o Bento Bento a público, porque ele mesmo que matou o meu irmão, ele tinha responder em tribunal pelo crime que cometeu.” Disse o irmão do malogrado
Sabe-se que o suspeito pelo fuzilamento do jovem, é Maurício Júnior, conhecido também por Tcheu, é que das ordens a Tcheu era o então governador de Luanda e também primeiro secretário do MPLA Bento Bento.
As fontes indicam que, quem comandou a acção de rapto de Isaías Cassule, foi Bento Bentoa 29 de Maio de 2012.
Quanto a Alves Kamulingue, era agente do SINSE desde 2010, dois anos antes do início das manifestações. O seu recrutamento tinha inicialmente que ver com o trabalho exercia na fábrica de botas da Unidade Guarada Presidencial, encerrada em 2011.
Já em 2010, Alves Kamulingue tinha adquirido a reputação de agitador por este reivindicar direitos laborais na referida fábrica.
Este detido numa numa esquadra do município do Cazenga devido ao seu carater revolucionário e a sua libertação deveu-se a intervenção do Serviços de informação Nacional da Segurança do Estado SINSE.
Kamulingue foi raptado a volta das 14 horas do ano 2012, na azáfama dos protestos, entre o largo da independência e o Hospital Militar defronte ao colégio Elizangela Flomena, cidade de Luanda, levado para o Sul de Luanda numa viatura ChvroletSpark.
Segundo consta, Benilson Pereira, mais conhecido por Tukayano, que era informador no seio dos grupos de manifestantes foi quem atraiu Kamulngue a subir na viatura, ao longo da marcha, Benilson informou sob a captura ao seu chefe conhecido apenas por Lourenço.
Lourenço por sua vez, telefonou ao então delegado do SINSE António Vieira Lopes que reportou, também por telefone, ao comissário Dias do Nascimento e mais tarde passou a mensagem ao Director Provincial de Investigação Criminal (DPIC).
Da conversa entre o director da DPIC e o comissário Dias Neto resultou a ligação e a operação conjunta entre os subordinados de ambos. Do lado da DPIC, o seu representante nas Ingombotas, Manuel Miranda, e, do lado do SINSE, o delegado-adjunto em Luanda, Paulo Mota.
Antes de ser fuzilado, Kamulingue informou sobre a sua identidade secreta como agente do SINSE e rogou para que não matassem.
Os homens que estavam no terreno acusam Paulo Mota que ordenou o assassinato.
Bento Francisco bento nega as acusações que pesam sobre a sua pessoa me relação a morte de Cassule e diz que o agente Tcheu não é membro do MPLA tão pouco seu segurança.