A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) suspendeu, por tempo indeterminado, os militantes Domingos Eduardo Palanga, mandatário político de Rafael Massanga Savimbi em Luanda  e António Marques, numa decisão disciplinar que agita os bastidores do partido a poucos dias do XIV Congresso Ordinário

ANNA COSTA

A medida foi tomada pelo Conselho Nacional de Jurisdição e Auditoria (CNJA) e fundamentada na “violação da linha política do partido, atentado à coesão interna e à imagem dos seus órgãos”, segundo uma nota datada de 12 de Novembro.

No caso de Domingos Palanga, a suspensão terá sido motivada por declarações prestadas numa entrevista e em publicações online, que a direcção do partido considerou configurarem “delito de opinião”, por envolverem observações sensíveis sobre o candidato Adalberto Costa Júnior.

Já António Marques, ex-candidato à liderança da JURA, foi suspenso por “violação da ética partidária”, após proferir críticas internas consideradas graves e expor assuntos partidários nas redes sociais.

As decisões, tomadas e executadas com rapidez pouco habitual, levantaram suspeitas de uma ofensiva interna visando silenciar vozes dissidentes no período pré-congresso.

Entre os militantes cresce o receio de que as estruturas disciplinares estejam a ser instrumentalizadas para controlar discursos e alinhamentos internos, num momento sensível de preparação para a escolha da nova liderança do partido.

A poucos dias do início do XIV Congresso, as suspensões surgem num contexto marcado por suspeitas de favorecimento de determinadas candidaturas; Tentativas de controlar pronunciamentos públicos de dirigentes; Ambiente de intimidação entre militantes críticos; Questionamentos sobre transparência e equilíbrio democrático no processo interno.

Contactado pelo Hora H, Domingos Eduardo Palanga confirmou a suspensão, limitando-se a dizer que o processo decorre “pelo mesmo motivo já divulgado”. O dirigente evitou avançar pormenores, mas garantiu que irá pronunciar-se em breve sobre o assunto.