A INTROMISSÃO DO MPLA NO XIV CONGRESSO ORDINÁRIO DA UNITA: SINTOMA DA CRISE MORAL E POLÍTICA DO REGIME – KAMALATA NUMA

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A tentativa de intromissão do MPLA e do seu regime no XIV Congresso Ordinário da UNITA é um acto de desespero político e uma demonstração de que o poder, quando perde o sentido da legitimidade, recorre à manipulação e à ingerência para se perpectuar. Trata-se de uma atitude dos desavergonhados, daqueles que perderam a noção da fronteira ética que separa a disputa democrática da conspiração anti-democrática.

O MPLA ainda não aprendeu — ou finge não perceber — que a UNITA não se destrói. Desde a sua génese, a UNITA foi um movimento de resistência, nascido no seio do povo e sustentado pela esperança de uma Angola plural e livre. Nem o isolamento internacional, nem as guerras prolongadas, nem as campanhas de difamação conseguiram anular o seu papel histórico.

Hoje, mais do que nunca, o regime de João Manuel Gonçalves Lourenço deve compreender que o futuro de Angola só será construído com pontes de diálogo, não com muros de sabotagem. A reconciliação nacional não pode ser um discurso ocasional, mas uma prática política sustentada na verdade, na justiça e no respeito pela diferença.

João Lourenço comete o mesmo erro de José Eduardo dos Santos: cercar-se de bajuladores e fantoches, que ignorando os avisos daqueles que clamam por mudança autêntica. A sua política de “combate à corrupção” transformou-se em ferramenta selectiva de perseguição política, e a sua visão de “renovação do MPLA” revelou-se uma reciclagem do autoritarismo.

Os factos estão à vista: os órgãos de comunicação públicos tornaram-se instrumentos de propaganda, as instituições eleitorais continuam viciadas e as redes sociais são inundadas por campanhas coordenadas para fragilizar a oposição, em especial a UNITA. Tudo indica que o objectivo é simples — chegar a 2027 com uma UNITA fragmentada e descredibilizada, para viabilizar a continuidade de um regime em decadência moral e política.

Diante deste cenário, a UNITA deve agir com firmeza e lucidez.

Primeiro, os seus membros e militantes devem erguer uma barreira de vigilância, denunciando qualquer tentativa de infiltração ou manipulação.

Segundo, os candidatos à presidência da UNITA devem unir-se no essencial, denunciando publicamente as manobras do regime para os associar às suas estratégias divisionistas.

Terceiro, a sociedade civil — intelectuais, igrejas, jovens e movimentos cívicos — deve compreender que a defesa da UNITA, neste contexto, é a defesa da própria democracia.

Os relatos sobre a tentativa de silenciamento de Adalberto Costa Júnior — desde o desaparecimento das suas bagagens no aeroporto, a manobras obscuras do tempo do feudalismo que visam impedi-lo de chegar ao Congresso — são alarmantes. Revelam até que ponto o regime está disposto a recorrer a práticas que pertencem ao passado mais sombrio do país.

A tentativa de utilização dos filhos do Presidente Fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi desde 2002, para destruír o legado do Pai deve servir de aviso. O MPLA não pode continuar a tratar os símbolos da resistência nacional como inimigos a abater, mas como parte do património moral da Nação.

Cinquenta anos depois da  independência, o balanço é doloroso: um país rico com um povo empobrecido, uma elite política desacreditada e uma juventude sem esperança. O MPLA, que outrora simbolizou a libertação, transformou-se num obstáculo ao progresso. A medalha de honra atribuída a dignitários estrangeiros e aos militantes do MPLA, em detrimento de outras figuras históricas da luta anti-colonial, demonstram o carácter exclusivista e manipulador do poder, marginalisando outros nacionalista. Daí estarmos expectantes em ver quem vai receber as medalhas da humilhação atribuídas a Holden Roberto e Jonas Malheiro Savimbi.

Mas, Angola não pertence ao MPLA, nem à UNITA. Angola pertence aos angolanos. A libertação nacional não pode ser monopólio de um partido político, mas sim obra de todos os patriotas que sonharam com um Estado justo, transparente e inclusivo.

A saída para a crise angolana não está na perpectuação do conflito político, mas na reconstrução moral da Nação. É urgente:

Reconstituir o pacto de confiança entre governantes e governados;

Estabelecer um diálogo nacional inclusivo, com todas as forças políticas e sociais;

Promover reformas eleitorais e institucionais profundas, que garantam igualdade de condições e legitimidade democrática;

Valorizar os heróis de todas as trincheiras, de todas as cores partidárias, como expressão da pluralidade nacional.

O futuro de Angola depende da coragem dos que recusam ser cúmplices do silêncio. A UNITA, enquanto maior força de oposição, tem a responsabilidade histórica de não se deixar dividir. E o MPLA, se deseja legar algo de útil à história, deve finalmente compreender que o poder não se eterniza — renova-se pela verdade e pelo respeito.

Angola clama por reconciliação, justiça e dignidade. O tempo dos feudos acabou. O tempo da Nação começa agora.

OBRIGADO!

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