NA EDUCAÇÃO ROUBAM MERENDA DAS CRIANÇAS: RESPONSAVEL NEGA DESVIO MAS SOCIEDADE CIVIL AFIRMA EXISTIREM DENÚNCIAS NO SIC E PGR

Numa altura em que aumenta a pressão sobre o Ministério da Educação para apresentar esclarecimentos sobre a gestão dos programas sociais destinados às escolas públicas. O Director Nacional da Educação Pré-escolar e Ensino Primário, Gola Joaquim António, afirmou que não se pode falar em desvio de merenda escolar sem a existência de provas concretas.
ANNA COSTA
Segundo o responsável, até ao momento, o Ministério da Educação não recebeu qualquer denúncia formal sobre este tipo de práticas.
“Não podemos falar de desvio quando não temos as condições que permitam fazer o desvio. Se é que existe desvio, precisamos de provas, e nós não temos provas para aferir que há este desvio”, afirmou
Questionado se o Ministério nunca recebeu alguma denúncia sobre o caso, Gola António respondeu que “o ministério não recebe denúncias formais. Temos visto informações informais nas redes sociais, mas uma denúncia estruturada e escrita nunca chegou até nós”, disse.

As declarações do dirigente contrastam com as posições de organizações da sociedade civil, onde o presidente do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, garantiu que já foram encaminhadas diversas denúncias ao Ministério da Educação, à Procuradoria-Geral da República e ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).
“Já denunciámos o desvio da merenda escolar, dos livros e até do dinheiro das carteiras. Mas essas instituições recusam-se a investigar ou a identificar os responsáveis. É desculpa dizer que não há provas. Quem tem filhos na escola pública sabe que há mais de quatro anos as crianças não recebem qualquer alimentação”, frisou Teixeira.
Na mesma linha, monitores de políticas públicas também têm denunciado irregularidades, como é o caso do pastor Orlando Luciano, no município de Cacuaco, afirmou recentemente à Rádio Ecclésia que professores estão a beneficiar da merenda escolar destinada aos alunos. Já Nelson Cambolo, igualmente monitor em Cacuaco, destacou que não se pode negar uma realidade visível, lembrando que a ausência de merenda escolar contribui para que muitas crianças estejam envolvidas em actividades de recolha de lixo.