COMPANHIA HORIZONTE NJINGA MBANDI SEM ESPAÇO PARA CELEBRAR OS 39 ANOS DE EXISTÊNCIA

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 A ausência de um espaço para ensaios e apresentações coloca em risco as celebrações dos 39 anos da Companhia de Teatro Horizonte Nginga Mbandi. O encerramento da Escola Ginga Mbandi, que aguarda obras desde 2023, deixou o grupo sem garantias sobre onde poderá realizar o seu programa comemorativo.

ANNA COSTA

Há cerca de três semanas, a companhia interrompeu as suas apresentações, deixou de exibir peças que estavam em cartaz. A incerteza preocupa não apenas os artistas, mas também o público fiel, que continua a questionar os motivos da paralisação.

Segundo Adelino Caracol, director da companhia, o silêncio das autoridades aumenta ainda mais a insegurança.

De acordo com a Companhia, desde 2023 a Escola Ginga Mbandi está parada para obras e o grupo está preocupado em saber qual será  sua situação., uma vez que não foram notificados e até hoje não têm informações concretas sobre quando as obras terminarão. O grupo diz reconhecer  que a reabilitação é necessária e que sempre colaborou nesse esforço, mas precisa de garantias para poder situar o público.

“O público é o nosso maior apoio. Queremos continuar a formar, inspirar e apresentar peças, mas para isso precisamos de garantias e de um espaço seguro. Algumas pessoas compraram entradas para espectáculos que não se realizaram. Isso coloca-nos numa situação delicada, porque queremos respeitar o nosso público, mas não temos espaço nem previsões para retomar as actividades.”

A Companhia defende que a reabilitação da Escola Njinga Mbandi deve ser acelerada e acompanhada de maior clareza na comunicação institucional.

O nosso apelo é  que as autoridades nos dêem informações concretas e que a reabilitação avance com a urgência necessária”, disse Adelino Caracol.

Fundada  em 10 de Outubro de 1986, a Companhia Horizonte é considerada a mais antiga ainda em actividades culturais no país. Em quase quatro décadas de existência, já formou mais de 1.500 pessoas em teatro, desde crianças, adolescentes, jovens e adultos, e estabeleceu parcerias nacionais e internacionais.

Para David Inoque, actor, a paragem forçada ameaça a realização do programa festivo do aniversário e fala em um programa vasto para a celebração do 39.º aniversário, “mas não sabemos se teremos espaço disponível a tempo”. O grupo levanta a hipótese de comemorarem na rua caso não tenham o espaço a tempo, “mas não deixaremos de assinalar a data.”

FALTA DE APOIO ESTRUTURADO AO TEATRO

Embora o reconhecimento que a companhia granjeou ao longo dos anos, os dirigentes do Horizonte sublinham ainda a falta de políticas claras de apoio ao sector teatral. Apesar de reconhecerem contactos com o Ministério da Cultura, afirmam que a comunicação é escassa e que os apoios demoram a chegar.

 “Muitas vezes ouvimos que há fundos destinados à cultura, mas no teatro quase nunca há dinheiro. Vivemos de improviso, de sacrifício, reinventando-nos todos os dias. Sobreviver não é o mesmo que viver do teatro.”

 “Muitas vezes ouvimos que há fundos destinados à cultura, mas no teatro quase nunca há dinheiro. Vivemos de sacrifício, reinventando-nos todos os dias. Sobreviver não é o mesmo que viver do teatro.”

Dinamene, membro da direcção diz que a companhia já formou de 1.500 pessoas, mas ainda é difícil garantir que um actor viva dignamente da sua profissão. “ O teatro é resistência e comunidade, mas precisamos de apoio real para não esperar mais 39 anos por mudanças,” disse.

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