A LINHA DO TEMPO FILOSÓFICO-IDEOLÓGICA E POLÍTICA DE JONAS MALHEIRO SAVIMBI (1959–2002) – KAMALATA NUMA

f26426c2-bc0b-4d38-b2d8-6274f764f549

Depois do último Conselho da República orientado por João Manuel Gonçalves Lourenço, onde se acusam cidadãos como Adalberto Costa Júnior, Abílio Kamalata Numa, Didi Sapinãla, Ekuikui e outros chego a conclusão que Jonas Malheiro Savimbi é quem triunfou sobre velhas bandeiras derrotadas nestes 50 anos de fracasso de Angola Independente.

Aqui está a razão!

A trajectória de Jonas Malheiro Savimbi não pode ser lida apenas como uma sucessão de eventos políticos ou militares. Ela constitui uma verdadeira linha do tempo filosófico-ideológica e política, enraizada na sua visão de Angola, na sua concepção de África e na sua leitura das dinámicas globais. Essa linha começa em 1959 e estende-se até 22 de fevereiro de 2002, marcando um percurso que uniu missão histórica, pensamento político e prática revolucionária.

1959: A MISSÃO ANUNCIADA

Na Igreja da Kanata, no Lobito, em discurso de despedida antes de partir como bolseiro para Lisboa, Jonas Malheiro Savimbi enuncia a sua vocação histórica: “Somos jovens estudantes que partem de Angola para Portugal com a missão de um dia regressar para libertar o país.” Esse momento representa a génese filosófica do seu percurso: a convicção de que a educação, a formação e a experiência internacional só teriam sentido se fossem reconconduzidas ao serviço da libertação nacional.

1962–1964: CRÍTICA AO EXÍLIO DAS LUTAS DE LIBERTAÇÃO

Como Secretário-Geral da UPA e depois da FNLA, Jonas Malheiro Savimbi depara-se com um dilema: a distância entre as lideranças políticas exiladas e o povo angolano que enfrentava a repressão colonial no interior. Sua inconformidade com essa postura revela a primeira ruptura ideológica com os métodos das elites nacionalistas. Para Jonas Malheiro Savimbi, a luta só teria autenticidade se fosse conduzida junto do povo, no terreno, com os guerrilheiros.

1964: O MANIFESTO DE BRAZZAVILLE E A CRIAÇÃO DA UNITA

Em dezembro de 1964, em Brazzaville, Jonas Malheiro Savimbi anuncia o Manifesto que funda a UNITA. O documento não se limita à proclamação de mais um movimento de libertação: nele está inscrita a visão da Revolução Democrática, que deveria suceder à independência. Aqui, Jonas Malheiro Savimbi traça a distinção entre libertação anti-colonial e emancipação política plena. Esse marco é o primeiro momento de sistematização doutrinária da sua visão de Angola e de África.

1966: O RETORNO AO INTERIOR E A SÍNTESE ENTRE PENSAMENTO E ACÇÃO

Após a formação militar e ideológica na China, Jonas Malheiro Savimbi regressa ao interior de Angola em 1966. Ali instala a direcção da UNITA, ombro a ombro com os camponeses e os  combatentes. Esse passo consagra a síntese prática da sua filosofia: não bastava pensar Angola, era preciso vivê-la, organizá-la e defendê-la dentro de suas próprias fronteiras. É o nascimento da revolução enraizada no povo, diferenciada das direcções exiladas.

1976: O TESTE DO SOCIAL-IMPERIALISMO

Com a invasão de Angola por dezenas de milhares de soldados cubanos e a presença directa da estratégia soviética, Jonas Malheiro Savimbi enfrenta o maior teste da sua vida política. Sem garantias externas nem recursos equivalentes, resiste. A opção pela luta contra o “social-imperialismo” revela a sua leitura singular do contexto mundial: nem submissão ao Ocidente, nem dependência de Moscovo, mas a defesa de uma terceira via africana, nacional e soberana.

1991: A REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA E OS ACORDOS DE BICESSE

Dezesseis anos após 1976, a persistência da UNITA, a reorganização militar e a clareza estratégica de Jonas Malheiro Savimbi levam ao colapso da visão soviética para a África Austral. Os Acordos de Bicesse, ainda que imperfeitos, marcam o triunfo de uma tese que remonta a Brazzaville: a Revolução Democrática como saída para o impasse da guerra. É o reconhecimento de que a luta do Fundador da UNITA não era apenas militar, mas sobretudo político-estratégica, forçando o MPLA e a comunidade internacional a aceitar o pluralismo como inevitável.

A ACADEMIA DA BEMBUA: A FILOSOFIA DA SÍNTESE AFRICANA

Durante os anos de resistência, o Presidente Jonas Malheiro Savimbi instituiu na Bembua uma academia política e militar onde se estudavam filosofia pan-africana, ciência política e estratégia. Não se tratava apenas de formar combatentes, mas de criar quadros intelectuais para o futuro. É nesse espaço que consolida o seu perfil de Filósofo da Síntese Africana, unindo tradições culturais, pensamento pan-africano e leitura crítica das ideologias importadas.

2002: O LEGADO INTERROMPIDO

A 22 de fevereiro de 2002, a sua morte em combate marca o encerramento de um ciclo. Contudo, o legado permanece: a linha do tempo que vai de 1959 a 2002 é também uma escola de pensamento, onde filosofia, ideologia e política se entrelaçam para oferecer às gerações seguintes uma base de reflexão sobre Angola, África e o mundo.

Conclusão

A vida de Jonas Malheiro Savimbi constitui um arco histórico singular: da promessa de estudante em 1959 à morte em combate em 2002, ele imprimiu uma marca indelével na história de Angola. Seu percurso revela que a luta de libertação não termina na independência; prolonga-se na construção de uma revolução democrática, na defesa da soberania e na formação de uma consciência política enraizada no povo.

Jonas Malheiro Savimbi não foi apenas um guerrilheiro ou um político. Foi, sobretudo, um pensador e um pedagogo da resistência. Sua “linha do tempo” é também uma linha de pensamento, que continua a interpelar o presente e a desafiar o futuro.

Aqui reside a convicção dos que acreditam numa Angola de todos, unida, reconciliada e a trabalhar para bem de seus povos e não de Angola que se vangloria com as mortes de seus filhos que exibe no Conselho da República como troféus de caça do seu fracasso político.

Viva Angola para sempre!

Unidos venceremos!

OBRIGADO!

Você não pode copiar o conteúdo desta página