ESCASSEZ DE GÁS DE COZINHA GERA LONGAS FILAS E ESPECULAÇÃO DE PREÇOS EM LUANDA

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Há mais de uma semana, várias famílias em Luanda enfrentam escassez de gás de cozinha, cenário que tem provocado longas filas e descontentamento entre os consumidores. Apesar da Sonangol Gás e Energias Renováveis (Sonagás) garantir que possui stock suficiente para suprir a demanda nacional, a realidade nas agências de distribuição da capital angolana parece desmentir a informação.

ANNA COSTA

Homens, mulheres, jovens e adolescentes, oriundos de diferentes municípios de Luanda, têm madrugado para garantir lugar nas filas de uma das maiores agências distribuidoras da cidade, localizada no bairro Vila Alice, município do Rangel. Muitos chegam por volta das 5h da manhã, mas permanecem até depois do meio-dia sem conseguir adquirir o produto.

Segundo relatos recolhidos pelo Jornal Hora H, em outros bairros da capital várias agências encontram-se encerradas, alegadamente por falta de gás. Nas poucas casas de venda ainda operacionais, o preço da garrafa de 12 kg disparou de 2 mil para até 5 mil kwanzas.

Entrevistados denunciaram ainda que algumas vendedoras, posicionadas nas imediações das agências, estão a adquirir o gás directamente de funcionários, ao preço de 1.200 kwanzas, para revendê-lo a preços de 5 mil kwanzas, o que segundo alguns entrevistado “estão a explorar o desespero da população”.

A equipa do Jornal Hora H tentou ouvir algumas destas vendedoras, mas ao notarem a presença da reportagem, interromperam as vendas e recusaram-se a gravar entrevistas. Apenas uma delas aceitou falar, negou as acusações e afirmou que também está a enfrentar dificuldades para adquirir o gás.

Os moradores de áreas como Benfica, Samba, Palanca, Golfe 1 e 2, Calemba 2 e Neves Bendinha relataram que esta é a segunda ou terceira tentativa de compra frustrada. “Cheguei aqui às 6 horas, são 13h e até agora nada”, contou um cidadão visivelmente cansado.

Durante a permanência da equipa de reportagem no local, o gás acabou novamente, e os consumidores foram orientados a aguardar a chegada de um novo carregamento, conforme contou um dos entrevistados visivelmente agastado.

Contactado pela reportagem, o responsável da agência, identificado apenas como Jorge, na Macambira, não atendeu às tentativas de esclarecimento.

Ao passo que horas depois, a Sonangol Gás e Energias Renováveis, num comunicado publicado na sua página oficial, assegurou que “dispõe de stock suficiente para garantir o abastecimento contínuo a nível nacional e mantém as suas instalações todas operacionais”. A empresa acrescenta ainda que, “por precaução e para garantir a segurança de todos, alguns postos estiveram temporariamente encerrados”.

Situação semelhante foi registada há cerca de sete dias na província de Cabinda, segundo apurou a nossa redacção.

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