FUNCIONÁRIOS DA TCUL EM GREVE POR TEMPO INDETERMINADO POR SALÁRIOS EM ATRASO E FALTA DE SUBSÍDIOS

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Os trabalhadores da empresa Transportes Colectivos Urbanos de Luanda (TCUL) iniciaram uma greve por tempo indeterminado, exigindo o pagamento de salários em atraso e do subsídio de férias. Apesar da paralisação, os serviços mínimos estão garantidos, segundo os grevistas.

REDACÇÃO JORNAL HORA H

A greve surge na sequência de um crescente descontentamento entre os trabalhadores, que afirmam não receber o subsídio de férias há meses e acumulam, neste momento, dois meses de salários em atraso. A situação, segundo a direcção da empresa, é reflexo de uma “grave crise financeira”.

De acordo com informações avançadas pelo presidente do conselho de administração da TCUL, Nelson Pereira Jorge, a empresa possui centenas de autocarros, mas apenas 73 estão actualmente em pleno funcionamento, devido à falta de peças, seguros e manutenção.

O gestor afirma que as receitas arrecadadas são insuficientes até mesmo para garantir o pagamento integral dos salários.

A Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), que se solidarizou com os trabalhadores, critica a postura da direcção da TCUL. O primeiro secretário da organização sindical, José António Panzo, considera inadmissível que os trabalhadores deixem de receber o subsídio de férias, mesmo com o contínuo apoio do Executivo ao sector.

“Durante a pandemia, com menos receitas, a empresa nunca falhou o pagamento do subsídio de férias. Hoje, com novas viaturas e combustíveis subvencionados, não há justificação plausível para os incumprimentos”, declarou.

Panzo recorda ainda que o Governo entregou recentemente 153 novos autocarros à empresa, no âmbito do programa de reforço do transporte urbano em Luanda. No entanto, segundo denuncia, grande parte da frota encontra-se inoperante por má gestão, falta de peças e ausência de seguro.

“Mais de 600 autocarros estão imobilizados. A direcção da empresa não toma medidas, porque confia que o Executivo continuará a reforçar a frota. Isso mostra desresponsabilização”, criticou o sindicalista.

Em resposta, Nelson Pereira Jorge reafirma que a empresa está a atravessar graves dificuldades financeiras, mas garante que com o reforço previsto da frota e reorganização interna, será possível resolver os pagamentos pendentes.

O gestor também contestou a legitimidade da CGSILA como representante dos trabalhadores da TCUL, alegando que o Bureau Sindical Austral é o único órgão sindical reconhecido dentro da empresa.

“Estamos em diálogo com o sindicato reconhecido. A CGSILA não tem legitimidade legal para representar os trabalhadores da TCUL”, concluiu.

A TCUL, criada em Fevereiro de 1988 como Unidade Económica Estatal (UEE), rege-se atualmente pela Lei n.º 11/13, de 03 de Novembro, e opera como empresa pública de transporte urbano de passageiros na capital angolana.

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