COMANDANTE DA URP AVELINO JOSÉ APONTADO COMO CARRASCO DA MANIFESTAÇÃO VIVE NO ZANGO

O superintendente-chefe Avelino José, comandante da Unidade de Reação e Patrulhamento (URP) de Luanda, está a ser apontado por diversas testemunhas como o principal responsável pela repressão violenta contra jovens que participaram na manifestação deste sábado, realizada na capital do país contra a subida dos combustíveis.
Segundo relatos, Avelino José é residente no bairro Zango, já esteve anteriormente envolvido em episódios controversos relacionados com uso excessivo da força. Em outubro de 2024, foi citado numa reportagem do Imparcial Press como alvo de investigação disciplinar e criminal, após a divulgação de um vídeo nas redes sociais que mostrava a agressão a um subinspetor da Polícia Nacional, alegadamente embriagado, por colegas da corporação.
O incidente, ocorrido em setembro de 2024, nas imediações da esquadra do Benfica, mostrava o subinspetor a ser arrastado, agredido e algemado a uma cama. Como consequência, o Comando Provincial de Luanda suspendeu os envolvidos, incluindo o comandante da esquadra local e o chefe de operações de Talatona, e deu início a um inquérito para apuramento de responsabilidades.
A mesma reportagem mencionava ainda que Avelino José teria agredido uma agente feminina, com golpes nas costas, num caso que reforça o seu alegado histórico de violência no seio da corporação. Fontes acreditam que esse perfil poderá ter influenciado a sua escolha para liderar as ações de contenção da manifestação popular.
A marcha teve início no Mercado de São Paulo, com destino ao Largo da Maianga, onde seria lido um manifesto contra a subida dos preços dos combustíveis e das tarifas de transporte público.
A Polícia de Intervenção Rápida (PIR) bloqueou o percurso nas imediações do Largo da Independência, tentando desviar os manifestantes para outra rota. Após resistência dos organizadores, as forças policiais recorreram ao uso de gás lacrimogéneo e jactos de água quente para dispersar a multidão.
Durante os confrontos, um manifestante foi atingido no rosto por uma granada de gás lacrimogéneo e outra pessoa desmaiou. Foram ainda registadas detenções, justificadas pelas autoridades como resposta à “desobediência às ordens policiais”.
O protesto contou com a presença de vendedeiras ambulantes, representantes de partidos políticos e figuras públicas como Olívio Kilumbo (UNITA) e Luís Castro (Partido Liberal).
O aumento do preço do gasóleo de 300 para 400 kwanzas e das tarifas de táxi de 200 para 300 kwanzas esteve na base da mobilização.
Organizações da sociedade civil já anunciaram novas manifestações para o próximo dia 19 de julho, em seis províncias, incluindo Luanda.
O caso gerou forte reprovação pública, com juristas e analistas a alertarem para a possibilidade de crimes militares, incluindo ofensas à integridade física e desrespeito à hierarquia.