DEPUTADA MARIA INÁCIO ABANDONA GRUPO PARLAMENTAR DA UNITA E REACENDE TENSÕES COM O PRA-JÁ

A deputada Maria Emília Inácio solicitou oficialmente a desvinculação do Grupo Parlamentar da UNITA (GPU), segundo anunciou nesta quinta-feira, 20, o primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Manuel Dembo, durante a 6.ª sessão plenária ordinária. A parlamentar, eleita pelo círculo nacional na lista da UNITA, é militante do PRA-JA Servir Angola. Florêncio Canjamba, secretário-geral adjunto do PRA-JA para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais, negou qualquer envolvimento do partido na decisão da deputada.
ANNA COSTA
No requerimento remetido à presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, a deputada alegou “conduta imprópria” por parte do grupo parlamentar da UNITA como razão para o seu afastamento.
A situação reacende o debate sobre a presença dos militantes do PRA-JA nas listas da UNITA. Em reacção, o deputado da UNITA, Álvaro Daniel Chikwamanga, afirmou à imprensa que o grupo irá investigar se a decisão de Maria Emília foi tomada de forma voluntária ou se resultou de pressões internas da direcção do PRA-JA Servir Angola.
Florêncio Canjamba, entende que a decisão da parlamentar pode estar relacionada com o afastamento do PRA-JA da FPU e refutou ainda as informações divulgadas por portais noticiosos que o apontam como responsável pela redacção do requerimento de Maria Emília, considerando tais alegações “totalmente falsas”.
“ Os deputados do PRA-JA que abandonaram a Assembleia em 2023 o fizeram voluntariamente, renunciando inclusive a benefícios como salários e viaturas protocolares, em nome da coerência política”.
Quanto ao futuro dos quatro deputados ligados ao PRA-JA ainda em funções – Nuno Dala, Maria Monteiro, Jorge Martins da Cruz e a própria Maria Emília – Canjamba esclareceu que o partido não interfere nas decisões individuais.
“A lei confere autonomia ao deputado eleito. Mesmo que haja discordância com o partido, o mandato permanece”, sublinhou.
Sobre as verbas da coligação, o político revelou que, apesar de um acordo que previa 20% da alocação, o PRA-JA recebia apenas 6% e que, desde o último pagamento, não houve novos repasses nem notificação formal da sua exclusão dos benefícios financeiros da FPU. “Legalmente, a vigência da Frente Patriótica Unida termina em 2027, salvo posicionamento oficial das partes, o que até hoje não ocorreu”, concluiu.