LÍDERES JUVENIS DENUNCIAM ABANDONO DA JUVENTUDE ANGOLANA PELO EXECUTIVO

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Os representantes de várias organizações juvenis angolanas reuniram-se nesta quarta-feira, 16, em Luanda, para debater “o real estado da juventude no país”. Durante o encontro, os líderes do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Juventude Nacional para a Libertação de Angola (JFNLA), Juventude do Partido de Renovação Social (JURS) e Juventude Bloquista (JB) acusaram o Executivo, liderado pelo Presidente João Lourenço, de hostilizar, instrumentalizar e abandonar a juventude nos mais diversos sectores.

ANNA COSTA

Entre as principais preocupações destacadas estão a elevada taxa de desemprego, a precariedade das condições laborais, a pobreza extrema e a falta de investimentos estruturantes no sistema de ensino.

Os intervenientes atribuíram essas problemáticas à má governação e à ausência de políticas públicas eficazes. Para Francisco Teixeira, presidente do MEA, o encontro foi uma oportunidade de unificar as vozes juvenis e reforçar a mobilização social.

 “É necessário aumentar a pressão contra o Governo, não apenas de forma institucional, mas também por meio de manifestações”, declarou.

 Segundo os participantes, o investimento público insuficiente tem comprometido o acesso ao ensino, à inserção no mercado de trabalho e à realização do sonho da casa própria. “Milhares de jovens em idade escolar estão fora do sistema de ensino por falta de escolas e de investimentos adequados no sector”, alertaram.

No comunicado final, os líderes apelaram ao Governo para que encare a juventude como parte essencial do presente da nação e não apenas como uma promessa futura. Pediram ainda que sejam garantidas ferramentas e oportunidades para que os jovens possam contribuir efectivamente para a paz e o desenvolvimento sustentável do país.

As organizações também repudiaram o que classificaram como “instrumentalização da juventude” por parte do partido que governa o país (MPLA), acusando o Ministério da Juventude e Desportos de beneficiar apenas jovens ligados ao partido.

 “O Ministério, sob a liderança de Rui Falcão, tem ignorado grande parte da juventude em benefício de interesses partidários”, afirmou Adilson Manuel, representante da Juventude do Bloco Democrático.

No que toca à habitação, os participantes denunciaram as dificuldades enfrentadas pelos jovens para adquirir casa própria, devido ao elevado custo dos materiais de construção e à falta de acesso a crédito bonificado.

Francisco Teixeira chamou ainda atenção para a alegada discriminação no acesso ao crédito bancário, afirmando que jovens estrangeiros têm mais facilidade do que cidadãos angolanos. “Não é justo que um estrangeiro consiga crédito com facilidade e o angolano não. O cidadão nato deve ser prioridade”, disse.

Para o líder da JURS, o maior investimento deve estar na formação técnico-profissional como estratégia para reduzir o desemprego juvenil. Jaime Vunge defende que o ensino técnico-profissional é essencial para preparar a juventude e integrá-la no processo produtivo nacional.

A conferência terminou com um apelo ao reforço da mobilização juvenil e ao engajamento contínuo na luta por melhores condições de vida. Os líderes garantiram que a juventude continuará a reivindicar os seus direitos por meio do diálogo e da manifestação pacífica, até que seja verdadeiramente incluída nas prioridades do país.

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