PRESIDENTE DO MEA PREOCUPADO COM CRIANÇAS FORA DO ENSINO DEVIDO PARALISAÇÃO DAS OBRAS DAS ESCOLAS

O presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, expressou uma profunda preocupação sobre o número elevado de crianças fora do ano lectivo 2024/2025 causadas pela paralisação das obras de requalificação de algumas escolas nos vários pontos de Luanda.
REDACÇÃO JORNAL HORA H
Ouvido pelo Jornal Hora H, Francisco Teixeira, afirmou que havia uma garantia do Executivo para a reabilitação urgente de várias escolas públicas, destacando a escola Ngola Kiluanji, a escola grande do Cazenga, escola nº 47, no Ingombota, bem como a instituição escolar de alunos especiais nos arredores dos Congolenses, no município do Rangel, que, conforme disse, até agora as obras não avançaram, por conta disso, muitas das crianças destas escolas continuam sem estudar.
“Passamos nas escolas, nenhum saco de cimento deixaram lá, nenhum saco de areia, não tem pá, nem nada, nem começaram a obra e o ano lectivo vai terminar já em Junho. Estamos preocupados, primeiro, com o número excessivo de crianças fora do ensino e, depois, com as crianças que o Governo se comprometeu de que poderiam ficar em casa por não ter onde ir, no entanto, vão repetir a sétima classe. Eles não estão a construir as escolas. Ministério da Educação não está preocupado com o estado das crianças. Nós gostaríamos que eles nos dissessem quando vão começar as obras porque as crianças pobres precisam”, disse o líder juvenil do MEA.
“Foram para escola do Ngola Kiluanji, para escola grande do Cazenga, foram para escola nº 47 nos Combatentes e tantas outras, alegando que tinham dinheiro em mão para começar com a reabilitação dessas escolas. Até a escola de estudantes especiais nos Congolenses paralisaram, a dizerem que tinham dinheiro para reabilitar a instituição, por isso, os estudantes não poderiam acabar o ano lectivo naquela escola. Sacrificaram as crianças. Muitas que não tinham onde levar disseram-nas para ficar em casa, voltando a estudar só quando as escolas estivessem terminadas, porque disseram que iam fazer um ano a construir”, referiu.
Numa altura que o Governo empenha-se em travar a proliferação da cólera no país, Francisco Teixeira lamentou as péssimas condições em que são submetidas as crianças nas escolas, obrigadas a pegarem o lixo com as mãos quando fossem varrer o pátio e as salas de aulas, reafirmando que até ao momento nenhum aluno se beneficiou da vacina contra a cólera.
“As crianças são obrigadas a varrerem o pátio, a sala e obrigam-lhes a pegar o lixo, em plena época de chuva. Não mandem mais as crianças deitarem lixo, não mandem mais as crianças varrerem nem pegarem o lixo com a mão para deitarem na lixeira! Disseram que já têm a vacina da cólera, mas o mais importante não fizeram que era tirar o lixo das escolas, reabrir os quartos de banho (WCs), dar a própria vacina da cólera às crianças, não vimos, só o governador (Luís Nunes) e mais três pessoas é que tomaram a vacina, não sei se já acabou porque nas escolas nenhuma criança conseguiu tomar até agora”, denunciou.
Sobre os dados apresentados pela Ordem dos Enfermeiros de Angola, que indicam que mais de 70% das instituições que leccionam cursos de saúde não reúnem as condições exigidas por lei, Francisco Teixeira ressaltou que é tudo teatro do Governo, sendo parte do plano do executivo impedir que os pobres sejam médicos ou enfermeiros.
“Não vamos aceitar que prejudiquem os estudantes por causa do vosso cinismo, arrogância e prepotência. Legalização é nome, é papel. Agora, não vamos aceitar que se brinque com futuro dos jovens. Não podemos aceitar que esse grupo que está a fazer Enfermagem seja prejudicado. É um plano do governo em não permitir que os pobres estudem Medicina. Vocês não estão satisfeitos em ver pobres a ser médicos ou enfermeiros”, criticou.
Em ronda às escolas, citadas no princípio do texto, para a confirmação das declarações do presidente do Movimento dos Estudantes de Angola, a equipa do Jornal Hora H constatou que as obras de reabilitação já começaram, ao contrário do que Francisco Teixeira alegou, dizendo que nestas instituições não tinham sequer um saco de cimento, areia tão pouco pá.