PAÍS SEM DINHEIRO PARA PAGAR MÉDICOS RUSSOS – HOSPITAIS DE LUXO EM ESCOMBROS NO MOXICO
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Pelo menos 16 médicos cirurgião, ginecologistas e obstetras, que trabalham nos hospitais de referência na província do Moxico, vão abandonar a província por falta de dinheiro para pagar estes especialistas que o País tanto necessita.
ANA MENDES
“Até o mês de Abril estes especialistas vão abandonar a província por falta de dinheiro para o pagamento do mesmo”, disse o responsável local da saúde Tiago Mário.
Para o analista político Alberto da Conceição Sumi, não se justifica o anúncio feito recentemente pelo Presidente da República, João Lourenço, ao afirmar que “até 2026, o mais tardar, poderão estar concluídos e entrar em funcionamento o Hospital Municipal de Porto Amboim, o Instituto de Anatomia Forense, o Hospital Geral de Mbanza Kongo, o Complexo Hospitalar Pedro Maria Tonha “Pedalé”, o Hospital Geral do Uíge e o Hospital Américo Boavida.
“Se os que estão em funcionamento não há dinheiro para pagar os médicos qual é o interesse de se construir mais hospitais?”, questionou.
Segundo ele, a aposta do Executivo de aumentar a cobertura do Serviço Nacional de Saúde, actualmente numa “transformação verdadeiramente estrutural”, é um fiasco.
“A ctualmente a rede hospitalar constituída por 3.346 unidades, sendo 3.094 postos e centros de saúde, 173 hospitais municipais, 23 hospitais provinciais, 34 hospitais especializados e 22 hospitais centrais, é um esforço em vão porque em algumas unidades não há dinheiro para pagar os seus técnicos”, acrescentou.
Segundo ele, não faz sentido, enquanto não salários para os técnicos, o Governo trabalhar afincadamente para melhorar e aumentar a cadeia de abastecimento de medicamentos, vacinas, reagentes e insumos médicos.
Para a ordem dos Médicos de Angola, a notícia vinda do Moxico, desacredita os esforços que o Executivo faz para a melhoria da saúde em Angola.
“Milhões de Kwanzas são desviados por corruptos ligados ao Governo e ninguém lhes faz nada. Dizer que não dinheiro para pagar médicos Russos é uma aberração”, disse a este jornal, uma fonte da Ordem dos Médicos de Angola.
Para muitos analistas, a construção de raiz de novas infraestruturas hospitalares representa um dos marcos da presidência do atual chefe de Estado, João Lourenço, mas agora esta a ser um fracasso com a falta de dinheiro para pagar especialistas.
Muitos defendem que o Presidente João Lourenço e outros dirigentes deviam receber assistência médica em hospitais públicos já existentes ao invés de se construir mais uma unidade hospitalar em tempo de crise.