ANGOLA REFORÇA PATRULHAMENTO NA LONGA FRONTEIRA ANGOLA E RDC
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Os violentos confrontos entre o exército da República Democrática do Congo (RDC) e o movimento M23, levaram nos últimos dias, as Forças Armadas Angolanas (FAA), reforçaram o patrulhamento na extensa fronteira com este país, para que não haja penetração de pessoas estranhas.
NDOMBI ZADIMENGA
As autoridades militares dizem que não podem ficar impávidos no controlo da fronteira de mais de 2.500 quilómetros de fronteira terrestre e fluvial, que abrangem sete províncias.
Para muitos analistas, o Executivo angolano deve agir “imediatamente” especialmente nas fronteiras Angola RDC com as Lundas e a província do Zaire.
“São regiões onde há muita violação de fronteiras por parte de imigrantes. Por isso, a atenção deve ser virada nestas províncias”, alertou o analista político Cardoso Salvador Kunda.
Segundo este analista, a província do Uíge partilha uma fronteira terrestre de 442 quilómetros com a República Democrática do Congo (RDC), por isso, não deixa de ser uma outra preocupação.
Para o analista político, o avanço dos rebeldes do M23 no leste da República Democrática do Congo (RDC) ameaça transformar-se numa guerra regional.
“O Ruanda é o maior exportador mundial de coltan, que é de importância crucial para a economia ruandesa. As autoridades congolesas vêem os rebeldes do M23 como um exército de procuração do Ruanda para a exploração ilegal de enormes recursos minerais no leste do Congo, cujo valor é estimado em vários biliões de euros. É uma situação muito complicada”, diz Cardoso Salvador Kunda.
Para o professor universitário, Ndonga Pierre, a RD Congo sofre há décadas com violência causada por milícias, incluindo o M23, que diz defender os interesses de comunidades minoritárias, incluindo os tutsis.
Referiu quer desde 2022, o M23 intensificou a rebelião contra o governo congolês, ocupando uma grande área em Kivu do Norte, que faz fronteira com Ruanda e Uganda.
“Por vários meses, os rebeldes também controlaram Rubaya, uma cidade mineira em Kivu do Norte que abriga um dos maiores depósitos de coltan do mundo. Este mineral valioso é usado na produção de telefones celulares. Todas asatenções do mundo estão viradas nesta região”, acrescentou.
Félix Antoine Tshisekedi solicita ajuda militar?
Um encontro de trabalho teve lugar esta terça-feira, em Luanda entre os Presidentes João Lourenço, de Angola, e Félix Antoine Tshisekedi, do Congo Democrático.
A reunião entre os dois Chefes de Estado aconteceu no Palácio Presidencial, à Cidade Alta.
Em substância, tratou-se de uma diligência diplomática no quadro dos últimos acontecimentos tanto no terreno (deterioração acelerada da situação de segurança no Leste da RDC ) como no plano político-diplomático, onde se destaca a reunião do Conselho de Paz e Segurança da passada sexta-feira em Adis-Abeba, Etiópia.
O Ministro das Relações Exteriores, Téte António, que resumiu aos jornalistas as razões da conversa entre os dois líderes, fez saber que a recente avaliação do evoluir da situação de segurança na região leste do Congo Democrático em Adis Abeba colocou a questão de se saber quais os passos a dar depois das constatações feitas.
Na parte oriental da RDC, refira-se, agudizaram-se as acções militares nas últimas semanas, com as forças do M23 a tomarem cada vez mais território, sendo o caso mais crítico a ocupação da cidade de Goma, capital da província do Kivu Norte.
De sublinhar também que o Presidente da República de Angola é o medianeiro designado pela União Africana para o conflito no leste da RDC. Além disso, João Lourenço é, desde sábado último, o Presidente em funções da União Africana, com um mandato que se estende até Fevereiro de 2026.