ADALBERTO DA COSTA JÚNIOR DESMENTE JORNALISTA QUE ATRIBUIU À UNITA E AO MPLA NEGOCIAÇÕES DOS RESULTADOS ELEITORAIS DE 2022
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, negou, nesta sexta-feira, 17, ter negociado com o MPLA — com a participação conivente do governo português e de outros partidos na oposição —, o resultado das eleições de 2022, conforme afirmou o jornalista e comentador Ricardo Costa, durante um debate na estação televisiva SIC Notícias, na última terça-feira, 14.
A reacção de Adalberto Costa Júnior foi feita através de uma live, realizada a partir da sua página da rede social Facebook, durante a qual o líder da UNITA explicou sobre o contacto telefónico que manteve com Ricardo Costa na quinta-feira, 16; para que o mesmo esclarecesse aquilo a que apelidou de “notícia falsa e comentários pouco responsáveis”.
“Quando lhe pedi explicações de onde ele tinha tirado esta história inacreditável, ele começou por dizer que não tinha afirmado que houve negociações”, contou o presidente da UNITA, que insistiu em questionar Ricardo Costa: “o senhor disse, de tal forma que o vídeo está em todo o lado”.
“Provavelmente, não levou de forma séria aquilo que afirmou, mas o senhor não se limitou a dizer que houve negociações; citou a UNITA, citou outros partidos e o governo português, e o mínimo que eu lhe posso pedir aqui é o senhor vir fazer um desmentido formal ou o senhor vir a público e pôr as provas de que estas hipotéticas negociações ocorreram”, continuou o líder da UNITA, enquanto tentava convencer o jornalista português a pronunciar-se sobre o polémico assunto.
Nas declarações feitas à SIC Notícias, Ricardo Costa afirmou que a UNITA, e outros partidos na oposição, negociaram com o MPLA o resultado das eleições de 2022, recebendo como moeda de troca garantias de que Angola teria as eleições autárquicas logo a seguir às gerais, que foram ganhas pelo MPLA, mas contestadas pela oposição.
Durante a live, o líder da UNITA negou categoricamente ter feito qualquer tipo de acordo neste sentido, uma vez que “Angola luta todos os dias para fazer as autarquias”, tidas até por muitos como uma “miragem”, por um lado; e, por outro, porque “o governo angolano tem um medo enorme do poder local”, daí estar fechado à “abertura para o diálogo institucional”.
“Ninguém se sentou com o MPLA para negociar o que é que seja, nem ontem nem hoje. Nós denunciámos os resultados fraudulentos e, portanto, não houve absolutamente nenhuma negociação”, assegurou o presidente da UNITA.
ACJ questionou ex-PM português
Como as declarações de Ricardo Costa foram extensivas ao governo português, o líder da UNITA disse ter estabelecido também contacto com o ex-primeiro-ministro (ex-PM), com o objetivo de obter um posicionamento de António Costa. A resposta, entretanto, levou pouco menos de 24 horas a chegar, ou seja, recebeu-a na manhã desta sexta-feira:
“Dá-se o acaso de Ricardo Costa ser irmão do antigo primeiro-ministro português António Costa. E por ele ter citado o governo português procurei o contacto com o governo português. Recebi a resposta hoje de manhã que não tem nada a ver com a criatividade, as mentiras e a falta de verdade feitas por Ricardo Costa”.
Suspeitas
O presidente da UNITA afirmou, por outro lado, que, inicialmente, lhe pareceu que as declarações do também director de informação da SIC e jornalista do jornal Expresso se tivesse tratado de um “deslize”, mas, análises mais atentas sobre o ocorrido levam-nos a levantar a hipótese de que se ter tratado de uma acção envolvendo “lobistas do governo angolano”.
“Depois de eu ter recebido algumas indicações que vêm de Portugal, [pensei na] eventualidade de não ser um deslize, porque, amigos me enviaram a quantidade de publicidade que instituições angolanas estão a fazer na SIC, e a quantidade de publicidade que sai no jornal onde Ricardo Costa está vinculado… Não sei até que ponto a passagem de alguns lobistas do governo angolano pode estar na origem desta tentativa de manipulação”, admitiu Adalberto Costa Júnior.
Até ao fecho desta matéria, o jornalista português Ricardo Costa ainda não se tinha pronunciado sobre a polémica. Alguns jornalistas angolanos, alguns residentes em Angola e outros em Portugal, tentaram o contacto, mas sem sucesso.