CARCAÇA DE FRANGOS, PONTAS DE ASAS E PESCOÇOS PODERÁ ESTAR DE REGRESSO À MESA DOS ANGOLANOS
O Executivo angolano está analisar a proibição de importação de cortes de frango em Angola, desde Abril passado, na sequência de um pedido feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que solicita uma revisão no caso.
ANA MENDES
“A situação alimentar inspira cuidados no País. Por isso, o Executivo está analisar o pedido da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), para o possibilidade da entrada no País de carcaça de frangos, pontas de asas e pescoços proibidas em Angola”, disse a este jornal uma fonte governamental.
Segundo esta fonte, na mesa dos angolanos a alimentação não passa de cabuenhas (pequenos peixes seco) e Verduras, notando escassez regular de frangos e outros tipos de frescos.
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), considerou recentemente que a importação de derivados de frango “é complementar” e tem “selo de qualidade”.
“Angola está em recuperação, a gente vê o retorno de crescimento, precisa gerar emprego, mas precisa também de garantir comida na mesa das pessoas, por isso a gente também veio aqui protestar contra a lei que proíbe a importação de algumas partes e dos miúdos de aves”, disse à Lusa o responsável.
Segundo o presidente da ABPA, que representa as proteínas de aves, suínos, ovos e material genético produzidos no país sul-americano, é falso que o seu país não consome partes de frango, garantindo que o dorso, moelas e outros fazem parte da dieta alimentar dos brasileiros.
Brasil e Angola “têm hábitos alimentares muito parecidos e não vemos justificativa técnica de que não podemos exportar miúdos de frango, de bovino”.
É importante acabar com “qualquer espécie de protecionismo”, afirmou, exortando as autoridades angolanas que, de acordo com Ricardo João Santin, vetaram a importação de cortes ou derivados de frango brasileiros desde abril passado, a rever a decisão. Falando no âmbito do Fórum Empresarial Agro Brasil-Angola, em Luanda, no âmbito da visita do ministro de Estado para a Agricultura e Pecuária do Brasil a Angola, Santin sublinhou que mais de 150 países do mundo atestam a qualidade da carne brasileira.
Observou que o seu país é o maior exportador de aves e de carne bovina do mundo e o quarto maior exportador da carne suína e, por isso, são “fiscalizados diariamente” por mais de 150 países, destino das suas exportações.
O presidente da ABPA pediu ao Governo angolano a “revisão das regras que proíbem a importação” de miúdos de frango, de ponta de asa, de dorso, de pescoço de frango, de peru, “o que é uma alimentação que se faz no Brasil”, insistiu. O consumo de derivados de frango em Angola ganhou forma e constitui a base alimentar de muitos famílias, sobretudo nos últimos anos, por ter preços acessíveis, face aos baixos rendimentos de muitos, que recorrem à “sócia” – arranjo informal para pagamentos parcelados de produtos.
Em maio de 2023, a então diretora nacional do Comércio Externo, Augusta Fortes, citada pela Rádio Nacional de Angola, anunciou que os importadores de frango haviam sido orientados a fazer uma descrição especifica da mercadoria a importar e a “descontinuarem a importação de produtos que ferem a moral da população, como cabeças de frango, a carcaça de frango, rabinhos de frango”.
Ricardo João Santin lamentou, por outro lado, o elevado índice de desemprego em Angola que, como disse, contrasta com o Brasil, onde há falta de mão-de-obra no setor agropecuário que possui hoje 20 mil empregos abertos.
Para colmatar a escassez de mão-de-obra no setor das aves e suínos, explicou, a ABPA está a elaborar um programa de incentivo à modernização e inovação para colocar robôs em atividade no setor.
“A nossa parceria (com Angola) é de segurança alimentar e fazemos isso com mais de 150 países do mundo, precisamos de oferecer à população acesso a todo o tipo de proteína. Os Governos têm de deixar aberto para a população ter acesso a nutrientes”, exortou.
O Brasil exporta anualmente entre 35 e 40 mil toneladas de carne para Angola, conforme dados da ABPA, que congrega mais de 140 associados, entre empresas e cooperativas ligadas ao agronegócio.