CORRUPÇÃO ENVOLVENDO MANUEL VICENTE NA SUÍÇA: COMEÇOU JULGAMENTO DA TRAFIGURA POR SUBORNOS A FUNCIONÁRIO DA SONANGOL

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Nesta segunda-feira, 2 de dezembro de 2024, teve início em Bellinzona, Suíça, o julgamento histórico da Trafigura, uma das maiores empresas de comércio de petróleo e metais do mundo, por acusações de subornos milionários a um funcionário da Sonangol, testa de ferro de Manuel Vicente.

A acusação detalha um esquema que envolveu pagamentos de mais de 5 milhões de dólares entre 2009 e 2011, com o objetivo de garantir contratos vantajosos com a petrolifera estatal angolana Sonangol, que até janeiro de 2012 teve como Presidente do Conselho de Administração, Manuel Vicente.

Segundo a Promotoria suíça, Paulo Gouveia Junior, então director da Sonangol Distribuidora, teria recebido propinas por meio de contas offshore, incluindo uma criada durante uma estadia no luxuoso Four Seasons Hotel em Genebra, paga pela Trafigura. Documentos indicam que esses pagamentos permitiram à empresa lucros de aproximadamente 143,7 milhões de dólares.

O julgamento é marcante, pois é a primeira vez que a justiça suíça processa uma empresa por subornos a autoridades estrangeiras. Entre os réus estão a própria Trafigura e três ex-altos executivos, incluindo Mike Wainwright, que nega categoricamente as acusações, mas é citado em documentos como participante direto de transferências bancárias suspeitas.

Apesar da relevância internacional do caso, em Angola, o silêncio sobre o julgamento é ensurdecedor. Nenhuma autoridade ou representante da Sonangol se manifestou publicamente, nem foram anunciadas investigações locais sobre os atos de corrupção que, segundo a acusação, lesaram diretamente o país.

A Trafigura já enfrentou acusações semelhantes no Brasil e nos Estados Unidos, onde optou por acordos judiciais. Na Suíça, no entanto, a empresa decidiu contestar as acusações, declarando que à época dos crimes alegados possuía controles anticorrupção “em conformidade com padrões internacionais”.

Com previsão de duração até 20 de dezembro, o julgamento poderá se estende às janeiro de 2025. Enquanto isso, as revelações trazidas ao tribunal prometem abalar ainda mais a reputação da Trafigura e reacender o debate sobre a relação de empresas multinacionais com governos africanos. Em Angola, a sociedade civil aguarda, entre indignação e expectativa, por respostas e, possivelmente, justiça.

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