CHARLATÃO ACUSADO DE MATAR A TIRO CIDADÃO EM RITUAL DE LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL

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Um mês depois do infortúnio, ainda não foram identificados os supostos mandantes do homicídio que vitimou Augusto Chimbili Chissueca, 53 anos, atingido por quatro tiros, na região do abdómen, disparados por um alegado pastor, identificado por Azafet Agostinho, 38 anos. 

O suposto mandante que o pastor Azafet Agostinho se recusa a identificar é, alegadamente, alguém que realiza câmbio de moedas no mercado informal. “Eles deram-me uma caixa de dinheiro que precisava ser lavada, eram aproximadamente trezentos e oitenta milhões de dólares, se tudo corresse bem, este dinheiro estaria em minha posse”, disse.

Durante a sua detenção, o alegado pastor, que diz ser membro da igreja Pentecostal, afirmou que recebeu ordens expressas de alguém, para acabar com as vidas de Augusto Chimbili Chissueca e esposa, porque em causa estava a vida de sua filha.

“Conheci o mandante do crime no Mártires de Kifangondo, quando lhe dei uma boleia e tornamo-nos amigos. Pouco tempo depois, o mesmo voltou a contactar-me para encomendar a morte do casal”, disse o já detido, em entrevista à Rádio Luanda, tendo acrescentado que o suposto mandante terá conhecido a vítima, Augusto Chissueca, enquanto este trabalhava nas Forças Armadas Angolanas (FAA), tendo aí se criado uma rivalidade entre ambos, que culminou com a sua morte.

Porém, Wilma Chissueca, filha do malogrado, afirmou que o pai saiu das FAA em 1988 e, desde então, até à data da sua aposentadoria, trabalhou no Aeroporto Internacional, mais propriamente na ENANA, como electricista. “O meu pai nunca teve desavenças com alguém, ao ponto de este mandar matá-lo. Tudo isso não passa de simulações”, afirmou.

Supostamente, após receber ordens para matar, Azafet Agostinho hospedou-se na residência da vítima por três dias, a pedido de Glória Kahuto, esposa do malogrado, também pastora, para alegada sessão de libertação espiritual, posto que, segundo a viúva, ela e o marido estavam a passar por momentos turbulentos de doenças.

No terceiro dia do referido ritual, isto é, 4 de Março, o casal, na companhia do pretenso pastor, deslocou-se até ao bairro Morro dos Veados, mais concretamente nos Montes, a fim de concluir o trabalho, mas, naquele exacto momento, por volta das 13 horas, o suposto pastor sacou uma arma de fogo e, sem hesitar, efectuou quatro disparos contra Augusto Chissueca e dois tiros de raspão no braço da esposa deste.

Com um discurso eivado de fantasias, o acusado diz: “eles nos seguiram e assistiram à acção toda. A arma que estava comigo só havia uma bala, por isso, tenho certeza que os outros disparos foram efectuados por eles mesmos”.

TENTATIVA DE FUGA

Azafet Agostinho, de longe um charlatão, fez saber que, na sua tentativa de fuga da justiça, contou com o apoio dos comparsas para chegar à província da Huíla. “Não saí sozinho de Luanda. Eles acompanharam-me com a viatura do senhor Augusto até ao município da Quibala, província do Kwanza Sul, onde reiteraram as ameaças contra a vida da minha filha”, referiu, adicionando que “o que me motivou a ir aos Gambos é que já conhecia a província, porque tenho feito tratamentos espirituais e proféticos lá e achei ser um lugar seguro”.

Para finalizar, Azafet Agostinho reiterou que só conheceu as vítimas na igreja. “Conheci a senhora e o senhor Augusto através do trabalho espiritual. Fomos até ao monte porque eles tinham problemas de respiração”.

Segundo o Comandante Municipal da Polícia Nacional dos Gambos, província da Huíla, as forças policiais procederam à detenção do cidadão Azafet Agostinho, pelo cometimento do crime de homicídio voluntário, concorrido com roubo de uma viatura de marca Hummer, com a chapa de matrícula LD – 68 – 32 – FA, por volta das 11 horas do dia 4 de Março do corrente ano.

O comandante fez saber ainda que, além da viatura, pertença do malogrado, também foi encontrada uma arma de fogo do tipo pistola, outros utensílios militares, cartões muticaixas e vários documentos de identificação pessoal em posse de Azafet Agostinho.

VIÚVA ESTARÁ ENVOLVIDA?

“Ligaram para nós a dizer que o nosso pai estava morto. Fomos imediatamente até ao Hospital Geral de Luanda, encontramos a mulher dele hospitalizada, porque tinha sido baleada de raspão no braço, mas o nosso pai já estava na morgue, porque teve morte imediata”, contou Wilma Chissueca, filha do malogrado, que acresceu “não temos certeza se, de facto, o acusado quis matar o casal ou se tudo não passava de simulação, porque enquanto sargento das FAA, tem técnicas suficientes para se defender”.

Outrossim, Wilma fez saber que duas semanas antes da morte do pai, este deu a conhecer às filhas que estava com problemas no relacionamento. “Ele disse a minha irmã que estava a ter alguns problemas, principalmente amorosos e financeiros, porque a mulher passava a maior parte do tempo na igreja e a vida íntima do casal estava de mal a pior”.

Este jornal contactou, via telefone, o sobrinho da viúva Glória Kahuto, identificado por Eduardo Moniz, mais conhecido por Vado, a fim de ouvir o outro lado, mas sem sucesso, pois o sobrinho disse que tentaria convencer a tia a receber-nos, mas desde então já não voltou a pronunciar-se.

Em busca de furo, mantivemos contacto com Isabel Rainha, que se diz prima da viúva, que nos descreveu o passado da pastora. “Eu conheço a viúva há muitos anos, no Luena. Naquela altura, ela foi a causadora da morte de três pessoas, fruto de uma traição contra o marido. No dia do sucedido, ela saiu de casa, onde vivia com o marido, e foi à casa do namorado. Alguém terá dado pistas ao marido e este, por sua vez, armado, deslocou-se ao local, encontrou a esposa em situações íntimas com o amante, identificado apenas por Chico, e, em consequência, alvejou mortalmente o segurança e o amante da esposa. A senhora recorreu à casa de seu pai, mas o marido seguiu-a e efectuou outros disparos, tendo um deles atingido mortalmente a cunhada e deixado o sogro com as pernas partidas”.

Segundo Isabel Rainha, “outro homicídio ocorreu já em Luanda, no bairro Grafanil, onde um militar com quem a senhora Glória Kahuto namorou, alvejou mortalmente o outro namorado, civil, e, daí, ela fugiu para Chamuquelengue e, pouco tempo depois, tornou-se pastora. Por isso, acredito que a senhora Augusta já conhecia o pastor e tudo não passou de simulação para acabar com a vida do marido mais uma vez”.

Augusto Chimbili Chissueca, de 53 anos de idade, vivia maritalmente com Glória há mais de 15 anos e dessa relação nunca tiveram filhos. Por outro lado, o malogrado deixou quatro filhos da primeira relação.  

Fonte: O Crime

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