NAS LUNDAS: TRIBUNAL DE SAURIMO CONDENA MAIS DE 200 PESSOAS POR APOIO À AUTONOMIA DAS LUNDAS

Perto de 200 pessoas foram condenadas pelo Tribunal da Comarca de Saurimo, em Angola, a oito anos de prisão pelos crimes de associação criminosa, rebelião, participação em motim e desobediência, na sequência de tumultos registados em 2023.

São no total 198 réus condenados por participarem em tumultos registados nos dias 07 e 08 de outubro de 2023, na cidade de Saurimo, província angolana da Lunda Sul, leste de Angola, noticiou hoje a Televisão Pública de Angola (TPA).

De acordo com a decisão do tribunal, ficou provado que os réus, com idades compreendidas entre os 18 e 78 anos, entre homens e mulheres, desobedeceram à ordem de dispersão da polícia nacional, marcharam até às imediações do palácio do governo provincial arremessando pedras, garrafas e paus contra os agentes da corporação.

Pelo menos três agentes da polícia ficaram feridos e várias viaturas foram danificadas, realçou o juiz, citado pela TPA, salientando que os autores eram membros do autodenominado “Manifesto Jurídico Sociológico do Povo Lundês”.

Este Manifesto é liderado por Jota Malakito, que defende a autonomia da região da Lunda-Tchokwe em Angola, e tentou promover um ato de proclamação da autonomia deste território.

Os coarguidos foram ainda condenados ao pagamento de uma taxa de justiça de 44.000 kwanzas (46 euros), indemnização de 1.700.000 kwanzas (1.790 euros) à polícia nacional e a mais 450.000 kwanzas (474 euros).

A delegação provincial do Ministério do Interior angolano anunciou, à data dos factos, em outubro de 2023, que o movimento contou com um número indeterminado de homens, mulheres e crianças que partiram do bairro Candembe para o centro de Saurimo, perturbando a ordem pública.

Segundo a polícia, foram dadas instruções para que a marcha não prosseguisse, mas os manifestantes insurgiram-se, “criando rebelião e arruaças, arremessando pedras, paus, garrafas e outros objectos contundentes”, tendo partido os vidros de dois carros-patrulha.

Imagens que circularam então nas redes sociais davam conta do hastear de uma bandeira proclamando a independência, ao que se terá seguido a tentativa de marcha que foi travada pela polícia.

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