COM A SEPARAÇÃO DE LUANDA EM DUAS PROVÍNCIAS: NAS AUTARQUIAS UNITA VAI GANHAR OS MUNICÍPIOS MAIS INDUSTRIALIZADOS DO PAÍS
No caso da criação da província de Icolo e Bengo, a UNITA vai ficar com municípios mais industrializados do País, nomeadamente Viana e Cacuaco, onde goza “muita influência”, como provam os resultados das últimas eleições gerais de 2022, que deram victoria ao principal partido da oposição na capital.
ANA MENDES
Segundo alguns analistas, os municípios de Viana, Cacuaco (principais zonas industrias do País) são considerados “bastiões eleitorais”, do galo negro.
Dentre os municípios que poderão pertencer a futura província do Icolo e Bengo (Viana, Cacuaco e Quissama), o MPLA só venceu neste último.
“Com a realização das eleições autárquicas, a UNITA controlará os municípios mais industrializados do País”, disse a este jornal, o politólogo Almeida Gastão da Cruz, frisnado que nestas regiões é notável o protagonismo da UNITA.
De acordo com este politólogo, se o objectivo da divisão de Luanda, é para reduzir a influência da UNITA na capital, esta decisão foi mal pensada.
Para o politólogo, o desequilíbrio do MPLA em Luanda, tem a ver com as fracas políticas do seu Executivo, que preoriza “grandes projectos, de longo prazo” deixando milhares de angolanos com uma fome nunca vista desde a independência nacional.
“Divisão de Luanda não é solução. Com a divisão da província em duas, a UNITA acabará de beneficiar os mais estratégicos do Pàis”, acrescentou o politólogo.
Refira-se que o Bureau Político do MPLA recomendou, recentemente, ao Grupo Parlamentar do partido dos camaradas, para propor à Assembleia Nacional a divisão da província de Luanda, à luz das discussões sobre reordenamento Político-Administrativa do país.
Na proposta de Divisão Político-Administrativa do País, em discussão no Parlamento, prevê-se já a divisão das províncias do Moxico e do Cuando Cubango.
Este facto foi tornado público no final da 10.ª reunião extraordinária do BP do MPLA, que decorreu sob a liderança do Presidente João Lourenço, durante a qual foram apreciadas questões ligadas à vida interna do partido e a situação socioeconómica do país.
O Bureau Político do MPLA apreciou ainda, na ocasião, o estado de preparação do 9.º Congresso da JMPLA, a realizar-se em Novembro de 2024, tendo considerado positivo.
Face à aproximação do 50.º aniversário da Independência Nacional, marco importante para a vida do povo angolano, cujas comemorações iniciam a 11 de Novembro do corrente ano, este órgão do MPLA decidiu realizar um Congresso Extraordinário do partido para proceder a um balanço exaustivo da actividade.
Por este facto, recomendou aos órgãos competentes a convocação, nos termos dos estatutos do partido, para a realização em Dezembro deste ano.
De igual modo, saudou a forma como decorrem as assembleias de renovação de mandatos nas organizações de base e recomendou o contínuo engajamento dos militantes no processo.