CASO BASE MILITAR DOS EUA NO SOYO: SOCIEDADE CIVIL E PARTIDOS POLÍTICOS EXIGEM QUE O MINISTRO DA DEFESA NACIONAL E VETERANOS DA PÁTRIA, SEJA OUVIDO NO PARLEMENTO
Os alegados rumores de instalação de uma base de soldados norte-americanos, na região do Soyo, província do Zaire, deixa vários sectores da sociedade civil e partidos políticos “muito preocupados”, antecipando, que caso isso venha acontecer, seria uma “clara violação” à Constituição da República de Angola.
ANA MENDES
O receio avultou-se recentemente, quando os governos dos Estados Unidos e de Angola deram mais um passo no aprofundamento das relações bilaterais no sector da defesa ao assinarem em Washington um acordo que vai permitir a venda de material, o fornecimento de serviços e logística de Washington a Luanda.
A assinatura do documento aconteceu durante a primeira reunião do Comité Conjunto de Cooperação de Defesa Angolano-Americano que se realizou este mês, tendo as delegações foram lideradas por Tressa Guenov, principal Subsecretária Adjunta de Defesa para Assuntos de Segurança Internacional, como Presidente da Comissão, e o general Afonso Carlos Neto, secretário de Estado da Indústria Militar, como co-Presidente.
Segundo comentários de vários analistas a respeito destes acordos, a instalação da base militar seria motivada por interesses geoestratégicos de Washington, no município do Soyo e província de Cabinda.
“Uma posição desta não pode ser exclusivamente só do Titular do Poder Executivo, todos os órgãos de soberania e o povo devem ter uma palavra”, disse ao Jornal Hora H, membro da Comissão Política Permanente da UNITA, Ernesto Mulato.
“Vê-se o que está acontecer nos países da África do Oeste onde a França tinha bases, a questão da soberania é sagrada, a UNITA tem esta palavra de ordem desde os tempos do presidente fundador”, frisou.
“Se a política tem a ver com interesses, os interesses não dos governantes, eles são representantes de seus povos, se América está embalado nisso é na defesa dos interesses americanos e nós os angolanos ganhamos o que?”, questionou.
Para o político, “a estratégia de o americano vir amanhã outra vez fechar os olhos porque é o Governo do MPLA que está lhe permitir isto pode não colar, não há povos fracos quando existir questões de sua sobrevivência”.
“A situação do nosso País está como ela se encontra pelo facto do MPLA, ter a visão de uma permanência infinita no poder e para isso aconteça ele faz tudo mais alguma coisa, mesmo atropelando todas leis e ética”, notou.
Para o anlista político Ramos Santiango Samoma, o Executivo angolano tem que comparecer no Parlamento para esclarecer sobre os acordos assinarem em Washington que vão vai permitir a venda de material, o fornecimento de serviços e logística de Washington a Luanda.
“É bom que o senhor ministro da Defesa Nacional e Veterano da Pátria, compareça ao Parlamento para fazer esclarecimentos a volta destes acordos. Porque há muita especulação sobre a instalação de uma base militar norte-maericana no Soyo”, sugeriu.
Recentemente, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, general Francisco Furtado, esclareceu que a Constituição de Angola não permite a instalação de bases militares estrangeiras no País a propósito das dúvidas que surgiram a esse respeito com a visita esta semana do secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin a Luanda.
“A nossa Constituição não permite a instalação de bases militares estrangeiras no nosso território. E isto não foi aventando em nenhum momento durante o encontro que nós tivemos”, disse Francisco Furtado, depois de um encontro com o secretário de Defesa dos Estados Unidos da América, no ano passado.
Na sua opinião, a cooperação com os Estados Unidos da América deverá incidir sobre o reequipamento e modernização das Forças Armadas Angolanas e na formação de quadros, nos mais diferentes domínios da Defesa.
Um comunicado de imprensa divulgado em Washington, o Departamento de Defesa americano diz que a capacitação das forças de segurança, a segurança marítima e a defesa cibernética e espacial são as prioridades acordadas pelos Estados Unidos e Angola no aprofundamento das relações bilaterais no capítulo da defesa.
“Estes esclarecimentos todos, dvem ser feitos a nível da Assembleia Nacional. Caso contrário, as especulações sobre bases americanas em Angola, vão continuar”, concluiu, Ramos Santiango Samoma.