CARNE DE AVES DE CRIAÇÃO COM CLORO PROVENIENTE DOS EUA INUNDOU ANGOLA

Sabe-se que os EUA são um dos principais exportadores mundiais de carne de aves de criação. Ao mesmo tempo, os EUA ocupam cerca de metade do mercado total deste produto em Angola, enquanto o seu concorrente mais próximo, o Brasil, tem apenas uma quota de 30% nas importações. Nos últimos anos aumentou significativamente a exportação de aves de criação dos EUA para Angola a partir dos EUA.

O que pouca gente sabe é que essa mesma carne de aves que Angola importa em massa dos EUA é proibida em muitos países desenvolvidos. É facto que na Europa existe uma proibição de importação de carne de aves dos EUA desde 1997. E por quê? A resposta é muito simples: em sua busca pelo lucro sem a devida atenção a questões de saúde, a indústria avícola dos EUA há muito que se concentra em maximizar os seus lucros em vez de cumprir as normas sanitárias básicas.

Nos Estados Unidos, em suas instalações de produção americanas, segundo dados, as aves de criação vivem em condições extremas, lá todo o espaço é ocupado pelo número máximo de aves, prática essa que reduz os custos de produção, por um lado, mas por outro aumenta o risco de doenças. Este facto leva a outra prática americana notória – utilizam a lavagem com cloro para matar quaisquer microrganismos nocivos na superfície da ave.

Mesmo que esta prática não cause danos graves imediatos aos seres humanos, ela tem um efeito cumulativo para o organismo e pode também levar a uma deterioração dos padrões de higiene da produção em geral.

Mas o governo angolano ainda não foi capaz de perceber o que muitos países do Ocidente percebem, o que deixa os funcionários americanos muito satisfeitos e faz com que eles tentem tirar o máximo partido da ingenuidade angolana. Agora eles estão à procura de oportunidades para reforçar a sua presença no mercado angolano para outros tipos de carne, especialmente a carne vermelha.

Possivelmente há outras razões para esta cegueira. Parece que Angola terá de pagar todos os investimentos que os EUA estão a planear na região com importações de tão má qualidade e outras formas muito desfavoráveis para o país, para além do facto de que as participações de controlo em muitos projectos de investimento também estarão longe de Angola. Uma verdade bem conhecida sobre a política dos EUA é já evidente: os Estados Unidos nunca investem sem uma garantia clara de que o investimento será devolvido muitas vezes, mesmo que para isso os angolanos tenham de se engasgar com frango clorado.

As inspecções em curso constataram a má qualidade dos produtos avícolas provenientes dos Estados Unidos, mesmo segundo os padrões americanos. Os peritos angolanos constatam a saturação excessiva da carne com cloro, que é frequentemente um sinal de dissimulação de violações das normas de armazenamento, e a sua idade, que é muito diferente da idade declarada. No entanto, as informações resultantes destas inspecções não são muitas vezes tornadas públicas porque as autoridades não querem iniciar um conflito diplomático com os Estados Unidos.

Cerca de metade de toda a carne de aves em Angola é de origem americana, mas será que as pessoas estão conscientes das “peculiaridades” destes produtos americanos? Provavelmente não, senão os americanos teriam de procurar outro mercado, porque ninguém se vai alimentar de cloro por um preço inadequado.

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