GREVE E MANIFESTAÇÃO NA LATIANGOL: FUNCIONÁRIOS EXIGEM SALÁRIOS JUSTOS E VALORIZAÇÃO
Há três dias que os trabalhadores da LACTIANGOL, empresa de Lacticínios de Angola, encontram-se em greve acompanhada uma sequência de manifestações defronte a instituição, para exigirem da direcção da Empresa, o cumprimento dos principais pontos do caderno reivindicativo, que passam pelos ajustes de salários, promoção de carreiras e outros.
ANNA COSTA
A disparidade salarial entre os novos funcionários e os antigos é um dos motivos dos descontentamentos demonstrados no primeiro dia da greve e manifestação, que iniciou na sexta-feira, 17 de Maio.
“ Eles chamaram a força da Polícia para reprimir a nossa manifestação, alegando que estamos a realiza-la de forma ilegal, porque os pontos do caderno reivindicativo já foram resolvidos e que falta apenas um. Isso não é verdade, disse Adriano Inácio, um dos representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Lactiangol
Segundo o Jovem, operador de máquinas há mais de 10 anos, o principal ponto do caderno, sendo o aumento salarial, foi o que se transferiu para ser discutido em Setembro, porém, outros pontos, como subsídio de risco, prémio de produtividade, promoção de carreira e seguro de saúde, encontram pendente há mais de 5 anos.
“ O problema é que entra direcção, sai direcção, e nunca resolvem as nossas preocupações. Acredita que existem pessoas aqui na Lactiangol que ganham mais de 4 milhões e os outros abaixo de 60 mil kwanzas! ”, disse Adriano Inácio ao Jornal Hora H.
A carga horária é outra preocupação apresentada pelos trabalhadores.
“ Trabalhamos sem descansos, as horas extras não se fazem sentir para nada, não há promoções de carreira, os patrões não sabem se dirigir aos trabalhadores”, denunciou outro funcionário.
Face às preocupações apresentadas, alegam-se os altos preços dos produtos nos mercados, bem como, a subida recente dos transportes públicos e táxis colectivos, motivo pelo qual exigem uma resposta com base nas preocupações apresentadas.
“Gostaríamos de ter um salário justo de acordo com aquilo que fazemos, visto que o país se encontra numa situação de aumento do preço das coisas, Somos antigos e vêm pessoas novas, e já auferem um salário enorme e nós sempre com o salários baixos”, disse furiosa uma das senhoras
Os funcionários, disseram ainda que muitas das vezes, acabam sendo os formadores dos, novos trabalhadores com salários superiores.
“Sou operador de máquina, há mais de 20 anos. Nunca houve aumento de salários, nem nada e sempre que há pessoal novo, eles aprendem os trabalhos connosco, mas têm os salários mais alto que os nossos”, disse um dos manifestantes ao Jornal Hora H
“ Fiquei doente a partir daqui da empresa, de lá, para cá, a Latiangol não se importou. Com o meu dinheiro eu faço as consultas, mas trabalho aqui desde 2015”, disse Carlos João.
Célia Correia é funcionária da Lactiangol há mais de 22 anos, disse ser membro de direcção, mas que decidiu juntar-se a causa, em solidariedade aos colegas. Ela está a participar dos 3 dias de greve e manifestação e disse estar consciente de que, depois do acto, haverá despedimentos arbitrários, como considerou ser uma prática habitual.
“Estou numa área importante, aqui na Lactiangol e sei que há muita injustiça. Despedimentos arbitrários sem necessidades. Quem faz a empresa funcionar são os trabalhadores que estão aqui fora e não são reconhecidos. É uma pena, mas somos tidos como enteados e os filhos, provavelmente, estão lá dentro a trabalhar. Quem ganha bem é o que entrou agora. Eu tenho um cargo importante aqui na Lactiangol, mas estou solidária com os meus colegas. Não sei o que há de acontecer no dia de hoje, mas acredito que despedimentos, a partir de agora, haverá, porque tem sido hábito quando alguém tenta se manifestar por alguma causa”, disse.
O Jornal Hora H, contactou a direcção da Lactiangol, mas foi informado por uma das recepcionistas que a direcção encontrava-se reunida.
Aguardamos no pátio da instituição, por cerca de uma hora e quando voltamos a contactar a recepção, a mesma funcionária, ligou para saber por quanto tempo mais duraria a reunião e foi respondida em tom de repreensão e arrogância de que não havia uma hora determinada para se terminar a reunião.
O que, no entender da mesma, a direcção não está interessada em falar com a imprensa. “ Eles estão a fugir prestar alguma informação” confidenciou a jovem, desanimada.