ERNESTO MULATO DESCREVE QUALIDADES DE JONAS SAVIMBI E ACUSA MPLA DE OLHAR À .C.J COMO UM INIMIGO A ABATER
O antigo vice-presidente da UNITA, Ernesto Mulato, co-fundador da UNITA, fez uma rezenha sobre à presidência da UNITA na administração do fundador do partido, Jonas Savimbi, ao seu sucessor Isaías Samakuva e o actual, líder Adalberto Costa Júnior. Mulato diz que, Adalbero Costa Júnior, representa “uma nova era” tendo em conta que depois do Presidente Samakuva ter mantido o partido na sua afirmação depois da hecatombe que é o passamento físico do Presidente fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi.
ESCRIVÃO JOSÉ
Mulato disse ainda que a presidência do presidente Adalberto Costa, chamou a atenção da sociedade pela sua forma de fazer a política já demonstrada na altura com líder do Grupo Parlamentar e a bênção do próprio MPLA de ter o catalogado como um inimigo a combater até a exaustão o que tem continuado até agora, o que galvanizou a sociedade em olhar ACJ como a figura da alternância.
COMO OLHA A PRESIDÊNCIA DA UNITA: DOUTOR SAVIMBI (1992) 70 DEPUTADOS. DOUTOR SAMAKUVA (20203) 50 DEPUTADOS E ENGENHEIRO ADALBERTO COSTA JÚNIOR (2022) 90 DEPUTADOS?
As presidências da UNITA. É preciso enquadrar-se cada uma no seu tempo, momento e contexto: A do Dr. Savimbi, todos sabem que foi na época da luta de libertação, da guerra fria e da entrada da China como potencial mundial. Também viu a queda do Muro de Berlim e o desmoronamento do império soviético do qual contribuiu. Tudo o que veio à acontecer, fim do partido único em Angola, primeiras eleições no País e as manobras a que se seguiram, o retorno aos confrontos, já na conhecida guerra civil, o não desaparecimento da UNITA e o seu fortalecimento como força politica, fruto de sua Sapiência. Os 70 deputados sabe-se das manobras por detrás, seja como for, se o MPLA não tivesse sabotado a segunda volta, possivelmente o resultado seria outro. Dá-se o beneficio de dúvida. Aqui não há e nem deve haver comparação com os posteriores.
Ao Dr. Samakuva, aqui está-se num momento de crise, acabava de falecer o Presidente Fundador e também o seu vice-presidente, tinha-se uma Comissão de Gestão, dirigida pelo companheiro, Lukamba Paulo, mais conhecido como “ Gato”, a quem se tem parabenizando pela forma sábia que agiu naquelas circunstâncias de choros para os da UNITA e trombetas para os homens do MPLA.
Ora, os consulados, principalmente os dois primeiros do presidente Samakuva, foram para criar, outra vez confiança nos membros, simpatizantes e a população em geral de que tinha se perdido um líder, mas que o seu pensamento seria e será a base da acção e força da UNITA.
Como os resultados das eleições no nosso País foram sempre aqueles fabricados pelo sistema de acordo com o ambiente político num dado momento então os acréscimos de 16 para 32, de 32 para 51 deputados ocorreram nessa lógica, logo cada etapa representou uma faceta na acção de quem dirigiu o partido, por isso nem se pode fazer comparação de 70 para 16, nem tão pouco de 51 para 90.
A do Presidente Adalberto Costa Júnior: representa uma nova era tendo em conta que depois do Presidente Samakuva ter mantido o Partido na sua firmação depois da hecatombe que é o passamento físico do Presidente fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi. A presidência do Presidente Adalberto Costa, chamou a atenção da sociedade pela sua forma de fazer a política já demonstrada como Presidente do Grupo Parlamentar e a bênção do próprio MPLA de ter o catalogado como um inimigo a combater até a exaustão o que tem continuado até agora, este facto galvanizou a sociedade em olhar ACJ como a figura da alternância. É assim que da sua direcção é na sua liderança que se concretiza em acção prática o Princípio da Frente Unida e é este o facto que contribuiu na acção dos “90 Deputados”.
A FRENTE PATRIÓTICA UNIDA JOGOU UM PAPEL PREPONDERANTE PARA ESTE ÚLTIMO RESULTADO?
Sem dúvidas jogou um papel importantíssimo e almeja-se que assim seja para as eleições de 2027.
A UNITA ACREDITA PARA ALTERNÂNCIA AO PODER EM ANGOLA NOS PRÓXIMOS ANOS?
A UNITA sempre acreditou que tarde ou cedo haverá alternância no nosso País.
O QUE PERMITE O MPLA PERMANECER NO PODER HÁ MUITOS ANOS?
São vários os factores que permite o MPLA ficar no poder por muitos anos tais como: Da independência do nosso País traída pela má descolonização do regime colonial português e tendo o MPLA se apoderado do poder na capital, donde implantou um sistema exclusivista e de manipulação com princípios maquiavélicos de que os fins justificam os meios, ele tudo faz para se manter, usa os meios ou recursos naturais do país não para o bem estar das suas populações mas para a manutenção do seu poder;
– Com um agravante que a comunidade internacional, mesmo aquela que se chama democrática, fecha os olhos de todos os atropelos de princípios democráticos, violação de direitos humanos desde que são permitidos a explorarem as riquezas do país;
– A população pelo sistema repressivo faz com que as mesmas aceitem o seu sofrimento em vez de reivindicarem as suas liberdades mesmo consagradas na lei constitucional e hoje na constituição da República de Angola, entrou se num grande conformismo que só aos poucos está a ser removido.
COMO OS ANGOLANOS DEVEM ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO PARA SE ULTRAPASSAR A SITUAÇÕES QUE ENFRENTAM?
Primeiro não se espere por milagres, segundo é necessário que os patriotas angolanos continuem a se mobilizar em defesa dos seus interesses porque ninguém vai dar na bandeja a liberdade, ela tem de ser conquistada com suor.
O PROBLEMA DAS ELEIÇÕES EM ANGOLA ESTÁ NOS ÓRGÃOS QUE CONDUZEM O PROCESSO ELEITORAL?
O problema está no sistema implantado pelo próprio MPLA que tem os órgãos para tudo fazerem para a sua manutenção e da comunidade internacional que fecha os olhos desta situação antidemocrática embora vista as coisas doutra forma, o cidadão eleitor tem a sua culpa também, porque é ele que vota, é ele que é roubado o voto e para a sua defesa não precisa do apito de um partido para defender o seu voto.
SEMPRE QUANDO HÁ ELEIÇÕES OS OBSERVADORES INTERNACIONAIS, AFIRMARAM QUE AS ELEIÇÕES SÃO JUSTAS E LIVRES…
Este factor tem prejudicado imensamente, não só no concernente das eleições em Angola mas na maior parte dos países africanos, há um padrão da comunidade internacional que para a defesa do interesses dos seus países preferem não dizer a verdade constatada no terreno então usam estes termos mesmos termos que as eleições foram justas e transparentes quando não correspondem a realidade dos factos.
ACREDITA NA VITORIA DO MPLA NAS ELEIÇÕES DE 2027?
Primeiro nunca se acreditou numa vitória do próprio MPLA, com quanto tendo em conta a situação dramática do país e se referir as eleições de 2022 dificilmente o MPLA será capaz de elevar o nível das condições a apresentar na sua manipulação de eleições de que ganhou outra vez, logo será muito mais visível a sua derrocada em 2027 do que foi em 2022.
NO CASO DE UMA VITORIA QUAL SERÁ A REACÇÃO DA UNITA?
Não é bem assim qual será a reacção da UNITA, mas qual será a reacção dos eleitores vítimas da prolongada vigência do MPLA com tanto sofrimento delas. Conquanto o Partido na minha maneira de ver deverá agir em conformidade das circunstâncias e em defesa como sempre o fez das populações mais oprimidas.
COMO OLHA NUM POSSÍVEL TERCEIRO MANDATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO?
Está pergunta sobre o terceiro mandato do Presidente da República está a se tornar quase num factor de instabilidade na sociedade, até ouvi um dirigente do MPLA a dizer que para além do que está claro na Constituição da República de Angola, que o Presidente João Lourenço só tem direito a dois mandatos por isso está fora de hipótese o terceiro mandato, também os estatutos do Partido não lhe permitem mais um terceiro mandato, eu penso que os dirigentes africanos não devem ficar obcecados e, se tornarem presidentes vitalícios porque este facto que tem sido recorrente em muitos países africanos tem constituído também problemas de instabilidade e muitas vezes de luz verde para os golpistas.
HÁ RECEIOS DE QUE ALGUNS DEPUTADOS DA UNITA VENHAM A SER CORROMPIDOS PARA AJUDAR ESTE TERCEIRO MANDATO. ACREDITA?
Não acredito nisto.
PELOS VISTOS AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS É PARA ESQUECER?
E eu afirmei várias vezes que só haverá eleições autárquicas em Angola quando o MPLA sair do poder porque tudo que ele faz é só manipulação, toda gente tem os dados claros de promessas feitas pelo ex-Presidente José Eduardo Dos Santos, de promessas feitas pelo Presidente João Lourenço entre outras figuras do próprio Regime, está a minha posição não retira que se fale e se pressione sobre as autarquias.
COMO OLHA O PROCESSO DA RECONCILIAÇÃO NACIONAL EM ANGOLA?
O processo da reconciliação de Angola está em banho-maria, não há vontade política como tal.
ERNESTO MULATO E VELHO CHIWALE OS ÚNICOS CO-FUNDADORES DA UNITA POR ENQUANTO?
Não, estes são mais visíveis e consequentes até ao momento.
COMO OLHA A NOVA JUVENTUDE DA UNITA QUE OCUPAM OS CARGOS DE DIRECÇÃO E HOJE A BRILHAREM?
Olho com muita satisfação e orgulho e o meu encorajamento tem sido que não se envaideçam e tenham sempre na mente que só são apenas servidores do seu Povo.
ONDE QUE CONHECEU O DOUTOR SAVIMBI?
Conheci o Dr. Savimbi em Léopoldville hoje Kinshasa em 1961, quando veio pela primeira vez ao encontro do Presidente Holden Roberto que era na altura o Presidente da UPA.
QUAL FOI A VOSSA RELAÇÃO COM O PRESIDENTE JONAS SAVIMBI?
A nossa relação foi boa pois ela nasce dentro do espírito de uma luta comum, na sua primeira visita a Léopoldville num encontro tido com a juventude aliás, havia chuva de jovens vindo de Angola como, Toni da Costa Fernandes, José Ndele, Hendrick Vaal Neto, Júlio Ngolo Kabango, António Vidi, Fernando Dito, Luísa Felipe, Mamede, etc, ora neste encontro das perguntas que o foram feitas observou certas cabeças, quando regressa a Suíça conseguiu mobilizar algumas bolsas para estudantes é nessa altura que quando regressa, faz os exames e alguns colegas iriam para a Suíça e ele na sua estadia em Léopoldville simpatizou-se muito comigo, dessa simpatia orientou que então pudesse estar em contacto com outros estudantes desejosos de continuar os seus estudos. Dali em diante estando presente ou não tinha contacto através de mensagens que fazia sempre que necessário e apoiava com alguns meio, até que em 1963 ele participa na aproximação entre o PDA e a UPA, em Abril concretiza-se a Frente de Libertação Nacional de Angola e mais tarde o Governo da República de Angola no Exílio e ele é nomeado ministro das relações exteriores, da sua dinâmica tanto a UPA como a FNLA que veio mais tarde começaram a ter muita aceitação, não só continental, como noutros continentes. Assim fomos criando a nossa confiança na base de um mais velho que era ele e nós no sentido de olhar-se pelo futuro de Angola, de lá até a formação da UNITA o nosso relacionamento foi cordial.
QUAIS OS PERÍODOS MAIS DIFÍCEIS QUE TIVERAM?
Foram vários os momentos mais difíceis da existência da UNITA mas posso focar poucos: o primeiro seria da prisão de Dr. Savimbi em Lusaka; depois tivemos a deserção dos Muanangola; a deserção dos Punas; a Emenda Clark, entre outros foram algumas dos mais difíceis momentos durante a nossa trajectória.
QUEM É O ERNESTO MULATO?
Nome: ERNESTO JOAQUIM MULATO
Filiaçao: Pedro Ernesto Mulato e de Isabel Makaya
Naturalidade: Município do Bembe
Província: Uíge
Nacionalidade: Angolana
FORMAÇÃO ACADÉMICA
De 1950 a 1954 – Fiz o ensino primário na Missão Católica da cidade do Uíge e na missão Católica da Vila de Salazar actual cidade de Ndalatando;
De 1956 a 1960 – Frequentei o ensino secundário no Colégio das Beiras em Luanda;
Em 1960 – Parti de Angola para Leopoldville, hoje Kinshasa, capital da República do Congo actual República Democrática do Congo (RDC), prosseguir com os estudos;
Em 1963 – Através de uma Bolsa de estudo do Departamento de Estado Norte Americano, Segui para os Estados Unidos de América aonde fiz o Curso de Admissão à Universidade, na Universidade do Templo Cidade da Filadélfia – P.A. que deixo em 1966 para a politécnica de Brooklyn, Nova Iorque;
Em 1968, perco a bolsa de estudo do Departamento do Estado Norte Americano por razões políticas e forçado a interromper a carreira estudantil.
1970, parti para o Reino Unido, Londres, onde obtevi uma bolsa de estudo através de uma organização Religiosa que tinha filiais no centro de Angola (Missão Evangélica do Dondi na província do Huambo), tendo ingressado na politécnica North East de Londres e dado por concluído em 1975 os estudos Superiores em Engenharia Civil.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Engenheiro de Construção Civil (EUA – Inglaterra) e Mestre em Relações Internacionais (Resolução de Conflitos) / EUA
OCUPAÇÕES
1966 – Secretário da Juventude Angolana Estudantil, filiada na UNITA e representante do Partido nos Estados Unidos de América;
1970 – Representante da UNITA em Londres (Reino Unido);
1975 – Director do Centro Administrativo Político da UNITA, (CAP), com sede no Huambo (Angola);
1976 – Secretário Permanente do Bureau Político da UNITA;
1977/1982 – Representante da UNITA em Marrocos, coordenador da Administração Pública, Secretário para os Recursos Humanos;
1982/1986 – Secretário da Cooperação Internacional da UNITA;
1986/1990 – Secretário Adjunto dos Negócios Estrangeiros da UNITA;
1990/1998 – Representante da UNITA na Alemanha;
1998/1999 – Representante da UNITA no Togo;
2003/2016 – Vice-Presidente da UNITA;
2008 a data – Deputado à Assembleia Nacional e 3ºVice-Presidente da Assembleia Nacional;
Deputado do Parlamento PAN- Africano, membro da Comissão de Cooperação, Relações Internacionais e Resolução de Conflitos.
OCUPAÇÕES ACTUAIS
Membro do Comité Permanente e da Comissão Política da UNITA;
Deputado á Assembleia Nacional e membro da Comissão de Relações Exteriores, Cooperação Internacional E comunidades Angolanas no Estrangeiro;
3º Vice-Presidente da Assembleia Nacional;
Deputado do Parlamento PAN-Africano;
CONDECORAÇÕES E LOUVORES
2005 – Ordem dos Antigos Combatentes pelo Governo da República de Angola na pessoa de Sua Excia o Presidente Engº. José Eduardo dos Santos.
Graduação militar a patente de Brigadeiro e Licênciado à Reforma ao abrigo da Ordem nº008/02 do Comandante em Chefe das FAA de 27 de julho de 2002
LÍNGUAS QUE FALA E ESCREVE –
Português, Francês, Inglês , Alemão e o Kikongo- lingua nacional