ELEIÇÕES: CHISSANO APELA À ACEITAÇÃO DOS RESULTADOS ELEITORAIS EM ANGOLA
O antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, apelou este domingo, em Luanda, aos partidos concorrentes às Eleições Gerais a pautarem por uma conduta política exemplar, promovendo um ambiente saudável, valorizando a tranquilidade e, mais importante, sublinhou, aceitarem os resultados finais, em sinal de respeito à vontade do povo que será depositada nas urnas.
O político moçambicano, que se encontra no país, na qualidade de entidade internacional convidada a observar as eleições, fez as declarações à imprensa no final de um encontro com o presidente da Comissão Nacional Eleitoral, André da Silva Neto.
“Devemos confiar na administração eleitoral. Apelo aos angolanos a irem votar conforme a lei e esperar, depois, pelos resultados com calma”, frisou, avançando, nesse caso, “quem perde, deve aceitar, mesmo que não concorde”. Para Joaquim Chissano, “há uns que dizem eu não concordo, mais aceito para o bem da Nação”.
O antigo Presidente moçambicano sublinhou que não se deve concordar de qualquer maneira. Quem se sentir injustiçado deve recorrer à Justiça, mas quando os tribunais decidirem, é preciso aceitar os resultados, mesmo não concordando com a “sentença” dos tribunais. “O país precisa que todos estejam juntos, não é só aceitar os resultados das eleições, é aceitar o desafio de começar uma nova vida com os outros e esperar uma outra oportunidade”, realçou.
Acrescentou que na conversa que manteve com o Presidente da CNE, foi informado de que a instituição está pronta para a realização do pleito, e que foi feito todo um trabalho de educação cívica eleitoral. “Ele falou da educação cívica feita pela CNE, e eu desejei, sobre o resultado, que os partidos políticos tenham procedido à educação cívica”, frisou. Nessa linha, disse que verificou que o ambiente está calmo. “Não vai, adiante, algum eleitor praticar acções que possam contrariar essa acalmia.
Joaquim Chissano referiu que falou um pouco do que se passou noutros países, já que se realizaram eleições no Quénia, há duas semanas. “O ambiente estava calmo, quando lá cheguei, mas no curso das eleições a situação não foi boa, acabou com a Comissão Eleitoral e de Fronteiras dividida, não sabemos o que vai acontecer na próxima segunda-feira e terça-feira, é possível que alguns partidos recorram aos tribunais”, enfatizou.
José Carlos Barreiras, presidente da Comissão Nacional Eleitoral de São Tomé e Príncipe e chefe da missão da Rede de Órgãos Jurisdicionais de Observação Eleitoral (ROJOE) da CPLP foi uma das entidades recebidas, também, pelo presidente da CNE. Referiu que, por tudo que ouviu do presidente da CNE, as condições estão criadas para que as eleições decorram da melhor forma possível. “Nós vamos estar distribuídos por algumas províncias, mas a maior presença será em Luanda”, esclareceu.
“Somos um grupo pequeno, com 15 membros, que não cobre todo o país”, pontualizou. José Carlos Barreiras aflorou, a certo momento, que a questão da existência dos mortos nos cadernos eleitorais é um fenómeno mundial, não põe em causa os resultados eleitorais, porque os mortos não votam. “Posso dar exemplo, no meu país, que é pequeno, São Tomé e Príncipe, nós temos poucos eleitores, quando os cadernos já estão feitos, não é possível retirar os mortos nos cadernos eleitorais”, disse.
“Os mortos continuam inscritos nos cadernos eleitorais, ninguém consegue retirá-los, no entanto as eleições são supervisionadas pelos delegados de listas, nas assembleias de voto”, realçou o observador eleitoral.