PGR INVESTIGA ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NO FUTEBOL ANGOLANO

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O Petro de Luanda e a Académica do Lobito podem voltar às competições depois de um escândalo de corrupção. Analistas dizem que não se fez justiça e pedem à Procuradoria para agir. PGR confirma abertura de processo.

A Federação Angolana de Futebol (FAF) determinou, na segunda-feira (02.10), que o Petro de Luanda e a Académica do Lobito deverão continuar a exercer as suas atividades desportivas, mas devem pagar multas. O Kabuscorp do Palanca desceu de divisão e o seu presidente Bento Kangamba foi banido por quatro anos. A mesma sanção foi aplicada a Agostinho Tramagal, antigo treinador da Académica do Lobito.

Em causa estão denúncias de que Tramagal teria recebido dinheiro do Petro de Luanda e do Kabuscorp para viciar resultados de jogos.

O jurista angolano Agostinho Canando entende, no entanto, que o caso não pode ficar por aqui. Diz que, apesar dos pronunciamentos do conselho jurisdicional da FAF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve continuar a investigar as denúncias de corrupção, para que o processo seja levado a tribunal.

“Tudo isso envolve não apenas a questão futebolística como tal, mas também a questão jurídica, e é nestes moldes que afirmo que a Procuradoria-Geral da República devia continuar a investigar o caso”, entende.

PGR chamada a cumprir o seu papel

Canando acrescenta que há denúncias que ficaram por esclarecer como, por exemplo, o suposto pagamento de árbitros ou a alegada corrupção de jogadores de equipas contrárias, para facilitarem os jogos.

Álvaro João, porta-voz da PGR, sem gravar entrevista, disse à DW África que a Procuradoria, junto do Serviço de Investigação Criminal, procedeu à abertura de um processo para investigar os atos de corrupção no futebol angolano.

O jurista Agostinho Canando insiste: É preciso investigar este caso, até para perceber o quão grave pode ser este problema.

“Primeiro, vai dar outra imagem do trabalho da própria PGR. Depois, facilitará que futuros escândalos de corrupção sejam descobertos e investigados, porque o modus operandi que a PGR irá utilizar para poder apurar a veracidade das denúncias, ou não, poderá ser usado ou até melhorado para as próximas denúncias.”

“A FAF não deve agir com base em pressão extra”

Sobre a decisão da Federação Angolana de Futebol em si, o jornalista desportivo Jardel de Almeida Andrade considera que não foi feita justiça.

“A Federação Angolana de Futebol não deve agir com base em pressão extra. A política pressionou o organismo a mudar de direção. Isso pode colocar também em risco a idoneidade da entidade junto da FIFA, que proíbe de forma clara a ingerência da política nas decisões das federações”, argumenta.

Depois da suspensão inicial dos clubes, o próprio Presidente da República, João Lourenço, disse que poderia ser necessário “castigar algum prevaricador”. Ainda assim, isso não deveria pôr “em jogo a continuidade do campeonato e muito menos [matar] o futebol angolano”.

Os pronunciamentos de João Lourenço poderão ter levado a Federação Angolana de Futebol a recuar na sua decisão, diz Jardel de Almeida Andrade: “Isso terá persuadido, sim, a FAF a tomar essa decisão, se calhar até precipitada. Porém, este recuo era esperado, segundo aquilo que se ouviu também nos média. Vários intervenientes, vários amantes, já esperavam tal recuo”. DW Africa.

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