EX-SECRETÁRIO-GERAL DO MPLA REBENTA COM OS CAMARADAS

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“HÁ UM MODELO DE ESTADO QUE OS APRISIONADORES DO MPLA NÃO QUEREM” DIZ MOCO

 

O antigo primeiro-ministro angolano, Marcolino Moco, disse recentemente que vê muitos estratagemas e argumentos a serem esgrimidos, para se tentar perpetuar este regime, perante tão grande oportunidade que Angola tem para, finalmente, eleger a mudança na alternância, já que ao partido da situação não deixaram fazê-la, perante tantas oportunidades, especialmente, depois da Paz de 2002.

Para o também antigo secretário-geral do MPLA, estes dizem que votar e defender o voto na alternância pode degenerar em violência, como se a violência já não estivesse instalada na fome desnecessária de muitos, na indigência, na repressão tão ou mais vergonhosa que a colonial dos últimos anos, com presos políticos pelo meio e nas mortes gratuitas pela defesa deste sistema, já depois do fim da guerra.

Moco refere ainda que os mesmos, defendem que o principal problema de Angola é a corrupção dos “eduardistas” que agora, supostamente, se “aliaram” à UNITA/FPU, como se “os bons combatentes da corrupção” de hoje, não tivessem estado lado a lado com os “eduardistas”, e, pior, como se, hoje por hoje não os víssemos a fazer, exactamente, a mesma coisa e com o maior dos descaramentos.

“Como se, com um mínimo sentido de Estado, terá sido mais fácil encaminhar os valores acumulados por “bons e maus maribondos”, para o desenvolvimento do país, em vez de, em nome de um selectivo “combate à corrupção”, se terem dedicado à paralisação de empresas, criando desemprego e a desestruturação económica e social mínima, por meros problemas de vinganças intestinas”, sublinhou.

Para este político, o maior problema de Angola actual é o seu sistema de exclusão, de banalização de funções nobres como a dos juízes e procuradores, dos comunicadores, dos professores, médicos e enfermeiros, polícias, homens dos serviços secretos, tudo ao serviço de uma minoria que os utiliza e despreza depois. “O resto são consequências.”

Marcolino Moco, diz que há um horizonte de esperança, onde até os induzidos em erros graves serão considerados seres humanos a respeitar e a aproveitar suas experiências para a construção de melhores dias.

“Acabo de ouvir das poucas coisas que dá para ouvir, na TPA 1. Numa parte importante da entrevista do Bispo Emílio de Carvalho, da Igreja Metodista, ao jornalista Manuel da Silva, o prelado disse sem papas na língua, mais ou menos isso: a corrupção, em termos religiosos, corresponde ao pecado. Nenhum ser humano está isento dele”, frisou.

O que é preciso, segundo este é que angolanos recorram ao perdão e à pregação constante contra o pecado. “Que ilação tirar disso, em termos jurídico-políticos, quando se foi tão longe, na chamada política de “acumulação primitiva do capital” em que grande parte dos governantes actuais e seus porta-vozes participaram?”, questionou.

Entretanto, salientou que isto não se faz prometendo meter todos os supostos prevaricados na cadeia e depois parar “porque afinal podemos morrer no incêndio que nós próprios ateamos”, defendendo que é preciso autonomizar e equipar a Justiça, no seu sentido mais amplo, para que todos os dias, todos se sintam escrutinados pela ideia de justiça.

“É esse o modelo de Estado que os aprisionadores do MPLA não querem que se faça e Adalberto apresenta, com muita convicção. Eu apoio porque o defendo desde há mais de trinta anos, nem sabia quem era o Adalberto”, declarou.

Finalmente Moco, apelou a que todos devem apoiá-lo, sem hesitação, desde que estejam conscientes, como ele, que até à próxima semana, o Tribunal Constitucional não irá aprovar mais nenhuma alternativa política. “Melhor do que essa, para quem queira ver Angola virar esta página tão desnecessariamente degradante”.

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