JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS: O LEGADO QUE NÃO SE APAGA – MILTON DANIEL
Várias foram as narrativas debatidas acerca do processo de transição política em muitos Estados Africanos, assim como os processos de reconciliação nacional em que a questão da unidade ainda tem sido o grande calcanhar de Aquiles, que não se conseguiu alcançar. Um Estado na sua excência, como ensinou meu ilustre Professor João Pinto, pressupõe: Povo, Poder Político, Autoridade e Soberânia.
Como acadêmicos que somos, não estamos isentos de exprimir e fazer abordagens e reflexões relativamente a temática em causa, que tem provocado muitos constrangimentos no técido Político-Social dos Estados Africanos e Angola não é uma excessão, se observou muitos factos que de certa forma gerou na Sociedade um sentimento misto de vergonha e de tristeza em relação ao Ex-Presidente José Eduardo dos Santos.
De relaçar que o Ex-PR-José Eduardo dos Santos, aos 19 anos vai para Leopoldovil actual Kinshassa e junta-se aos seus correligionários para a luta da causa nobre para libertação de Angola contra o jugo colonial Português que vigorava naquela altura.
Governou Angola durante 38 anos, chegou a Presidência de forma inesperada após o falecimento do então saudoso Dr.António Agostinho Neto em 1979, que deixará orientações indicando-o para o substituir, sem que ele mesmo o soubesse. Assumiu o poder em meio a um contexto conturbado com o país aliado a uma das partes da chamada Guerra Fria, enfretando internamente uma Guerra Cívil bastante trágica, sangrenta, violenta e desgastante que se prolongou durante decadas. Assim em meio de tanta pressão e interesses da conjutura internacional conseguiu defender e manter a integridade territórial do país até que alcançou a paz em 2002, criando condições para o estabelecimento da recociliação entre os angolanos desavindos e a consequente harmónia nacional, que deu-lhe o título de: “O ARQUITECTO DA PAZ”.
Sabe-se também que durante a sua governação houve alguns erros, que os mesmos actualmente, o novo paradigma de governação implementada por Sua Excelência Presidente João Lourenço tem se debelado no sentido de colmatar os mesmos erros, e dar passos significativos de uma Angola mais transparente, justa e digna para todos: Este é o Próposito. Foram cometidos erros, grande parte dos quais só agora estão a ser percebido. Nas circunstâncias de então, fica muito difícil um julgamento apropriado.
No caso de um Ex-Chefe de Estado, maior é a exposição pública dos seus actos e consequentemente maior a violação e o julgamento dos mesmos sobre saindo os erros cometidos que abafam em certa medida as boas. Segundo alguns analístas do panorâma Político Nacional, o que acontece com a História do nosso país é triste e vergonhoso. Começou-se a transição pacífica do poder político de forma não muito salutar, ao contrário do que se sucedeu por exemplo em alguns Estados vizinhos como Zâmbia, Namíbia e Moçambique, países onde a transição política tem sido, não apenas pacífica, mas sobretudo digna e segura. Antigos presidentes como Kanneth Kaunda, San Nujoma e Joaquim Chissano permaneceram em seus países com toda dignidade, respeito e a transmitir livremente as suas experiências como mais velhos, assim como escreve PATRICE BATSKAMA na sua obra “Nação, Nacionalidade e Nacionalismo Angolano” que a Cultura Africana ensina, que é imperioso que as novas gerações aprendam com os anciões e os patriarcas.
O apelo que fica á nossa sociedade em geral, que deve reflectir profundamente sobre a situação que se passou com o Ex-Chefe de Estado, poís que apesar dos pesar não devia ser humilhado e visto como Leproso (assim aconteceu com Miriã, irmã menor do Lider do povo Hebreu “Moíses,” que pelo pecado que a mesma cometeu foi expulsa do acampamento onde estavam alojados os Israelitas, a quando da sua caminhada rumo á terra prometida-Segundo o Antigo Testamento). Não se podia dar-lhe um exílio forçado, porque toda governação tem seus passivos que devem ser bem ponderado sem revanchismos. Segundo o Prof. Dr. PAULO DE CARVALHO na sua obra “Exclusão Social em Angola”, afirma que quando se fala de unidade e reconciliação nacional, devemos saber que cada geração de um país tem o seu contexto, tem seus desáfios, tem o seu dever e sua obrigação de fazer tudo que tiver ao seu alcance para defender e salvar a pátria que a todos nós pertence.
O país esta acima das nossas convicções, não podemos construir o futuro com o fantasma do passado. Ninguém vai escrever a História de Angola sem AGOSTINHO NETO, HOLDEN ROBERTO, JONAS SAVIMBI, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS e JOÃO LOURENÇO, estes constituem marcas indeléveis para o nosso país e os marcos históricos incontornáveis de luta.
Portanto, a abordagem em referência não pode ser analisada como abordagem “Eduardista”, mas sim falar de uma figura que chegou ao poder em 1979, então Ministro das Relações Exteriores, conhecido naquela altura como ilustre desconhecido, faltava-lhe o exercíto de apoiantes como outros dirigentes. Pegou o País e o Partido ainda com as feridas e cicatrizes do 27 de Maio de 1977 e com ameaças de se repetir este drama sangrento, consolidou e acabou por unir o Partido e o Estado a volta de si, foi pragmático nas transições e conseguiu recolher alianças em quase todo mundo; conseguiu a libertação da Namíbia, acabou com o Apharteid na África Sul e a libertação de Nelson Mandela, venceu três eleições, é uma figura de respeito para todos Angolanos.
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, deixa um legado que jamais se apagará.