ZAIRE LAMENTA DESAPARECIMENTO DOS TÁXIS “AZUIS E BRANCOS”
A falta de transportes públicos e o desaparecimento dos táxis “azuis e brancos” está a criar transtornos diários aos citadinos de Mbanza Kongo, capital da província angolana do Zaire.
A cidade de Mbanza Kongo tem uma população estimada em mais de 205 mil habitantes. Nos últimos tempos, muitos passaram a depender unicamente dos mototaxistas para locomoção. Isso tem representado vários riscos para a população devido à má condução, bem como o não cumprimento das regras de condução, que tem ceifado vidas de muitos citadinos.
FALTA DE TÁXIS
Os munícipes disseram à DW Áfricam que estão insatisfeitos com a situação.
“Eu estou na cidade de Mbanza Kongo há um ano e sete meses. Mas, desde que estou aqui, nunca entrei num táxi azul e branco”, disse.
Outro munícipe comentou até que viu “apenas uma vez estes táxis, no caminho da fronteira do Luvu”, suspeitando ainda que “estão a esconder alguma coisa” da população.
Quem já esteve no posto fronteiriço do Luvu diz que há muitos táxis “azuis e brancos” a circular por lá. Isso pode influenciar no contrabando de combustível, daí estes táxis já não aparecerem nas vias urbanas.
“COMPENSA MAIS FORA DA CIDADE”
Dinis Kiampeuku é taxista há mais de dez anos e explica por que é que estes táxis desapareceram da cidade de Mbanza Kongo.
“No tempo da COVID-19, o Estado apertava mais nos taxistas em termos de lotação. Então, desde ali, houve um desligamento dos taxistas”, começou por dizer.
O motorista de táxi explica que na fronteira do Luvu, era “permitido carregar 75%, que corresponde a três passageiros por 4500 kwanzas”, admitindo que compensava mais do que trabalhar dentro da cidade. No entanto, também responsabiliza o Governo.
“São vários os factores que fizeram com que os taxistas deixassem de fazer as vias urbanas, como por exemplo, a desorganização por parte do Ministério dos transportes.
Táxis existem, mas são poucos
De acordo com o director do Gabinete Provincial dos Transportes e Mobilidade Urbana, Miguel João Lito, estes táxis existem, mas em número reduzido.
“Estes táxis existem e operam em pouco número. É verdade que se passarmos em algumas linhas dos serviços de transportes, ou nas rotas onde operam os táxis ocasionais e mototáxis, vamos encontrar números elevados de mototáxis”, disse.
No entanto, o director do Gabinete Provincial dos Transportes e Mobilidade Urbana explicou que estes táxistas “fazem algumas rotas nas comunas, para melhorar a mobilidade urbana e evitar o excesso de acidentes que se tem verificado”, explicou.
Miguel João Lito disse ainda que a instituição que dirige está a trabalhar com a Associação dos Taxistas para repôr a regularidade da circulação do táxi azul e branco na cidade.
“Nós temos trabalhado com a associação dos taxistas ocasionais para traçarmos estratégias, de modo [que estes] voltem a ter o seu espaço dentro da cidade de Mbanza Kongo”, concluiu.
A DW África tentou contactar a Associação dos Taxistas, que prometeu pronunciar-se sobre o assunto nos próximos dias.