CASA-CE PODE DESAPARECER DEFINITIVAMENTE
O Presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, admitiu haver uma reflexão interna sobre a continuidade da aliança de partidos, na sequência dos resultados eleitorais de Agosto de 2022.
Em entrevista à ANGOP, o líder da Coligação Eleitoral, que obteve 47 mil e 446 votos (0,76%), não elegendo qualquer deputado, declarou que “a CASA-CE está de pé”, mas reflecte se interessa manter-se, face aos próximos desafios eleitorais.
Manuel Fernandes afirmou que, sem um Grupo Parlamentar, é essencial que se libertem os partidos da coligação para que cada um cuide da sua funcionalidade, reestruturação e melhore a dinamização, mobilização e formação de quadros.
Considera que a “libertação dos partidos” não representaria automaticamente uma dissolução, mas o caminho para se fortalecerem, porque a “união só faz a força se os entes políticos forem fortes, bem organizados e bem estruturados e não de uma mera junção de siglas”.
A liderar a formação desde Fevereiro de 2021, reconheceu que, nas últimas eleições gerais (2002), apesar daquilo a que chamou de “alguma injustiça eleitoral”, houve brechas internas que concorreram para os maus resultados, do ponto de vista de organização dos partidos coligados.
“O resultado obriga a fazer meia culpa por não se ter conseguido ultrapassar o irritante interno que visava tornar a organização num partido político e fortalecer os poderes da direcção”, argumentou.
O político de 51 anos acrescentou que, sob as lideranças de Abel Chivukuvuku e André Mendes de Carvalho, a CASA-CE, que já teve 8 (2012) e 16 (2017) deputados, era uma formação atípica com estruturas funcionais de um partido político, alienando a soberania partidária em prol da coligação.
Porém, informou que a coligação está a passar privações financeiras por ter perdido a dotação financeira do Estado ao não ter elegido um único deputado e a depender apenas de quotas de militantes.
Referiu que o quadro obriga os militantes e direcção da CASA-CE, fundada em 2012, à uma reflexão sobre o futuro da coligação, que congrega cinco partidos políticos, nomeadamente, o PALMA, PADDA, PPA, PNSA e PDP-ANA.
No entanto, Manuel Fernandes disse que existem igualmente verbas da organização que não são liberadas pelo Executivo que serviriam para facilitar o pagamento da dívida de cerca de 350 milhões de kwanzas, contraída com delegados de listas nas eleições de 2022.
A 3ª VIA
No entanto, Manuel Fernandes afirmou haver espaço político para que a CASA-CE se torne numa terceira via com as eleições 2027, incorporando novos quadros, porque o país precisa de uma alternância credível fora dos partidos de libertação ( MPLA, UNITA e FNLA), à altura dos desafios e expectativas dos angolanos.
Nesta senda, manifestou o compromisso da formação para com a elevação da consciência nacional do cidadão e contribuir para a estabilidade e para a paz social.
Depois de valorizar a postura de uma oposição responsável, declarou que os actores políticos devem abertamente criticar o que está mal, mas apontar também caminhos.
Afirmou que a estabilidade social deve ser condizente com o amadurecimento da consciência do cidadão, com a garantia dos direitos fundamentais e com a capacidade de se avaliar o desempenho da governação.
Por este facto, considerou essencial que se forje a consciência nacional, que denunciem abusos e violações à lei, mas também que reforce a cultura democrática no seio das organizações, para que os cidadãos escolham livremente quem os deve dirigir.
Com isso, a CASA-CE defende uma diplomacia virada para a busca de financiamentos para tornar pujante a economia nacional.
Manifestou-se contra a “diplomacia do estender as mãos” para pedir ajuda e a favor da buscar financiamento para alavancar a indústria, a agricultura e concorrer para a estabilidade social, necessária para a paz efectiva.
CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE
O Presidente da CASA-CE exortou ao Executivo a desenvolver acções concretas para corresponder as expectativas criadas com a luta contra a corrupção e a impunidade, bem como a implementação de acções de reforcem a defesa dos direitos fundamentais para evitar os males da anterior governação.
Por este via, considerou essencial a implementação de políticas públicas que garantam empregos e salários condignos, como uma das estratégias para o combate à corrupção e a melhoria da situação social dos cidadãos.
Não obstante isso, valorizou a construção de grandes infra-estruturas, como hospitais, sugerindo que fosse feita em simultâneo à formação dos quadros necessários ao seu funcionamento.
Ainda assim, pediu maior transparência dos actos governativos e a prestação de informação pontuais para evitar especulações como a ligadas ao aluguer de aeronaves pela TAAG, quando a companhia de bandeira tem novos aviões comprados.
O líder da CASA-CE considerou como sendo vergonhosos os escândalos que se registam nos órgãos de justiça, defendendo tratamento igual aos infractores.
No entanto, manifestou-se contra a exposição pública de magistrados, em obediência aos princípios do segredo de justiça, de presunção de inocência e da igualdade no tratamento.