SJA: PERSEGUIÇÕES AOS JORNALISTAS DÁ ORIGEM A MARCHA DE PROTESTO
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), convocou uma marcha, em repúdio aos constantes assaltos que a sede tem sofrido e também denúncias de perseguições a vários jornalistas angolanos. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 05 de Dezembro, em Conferência de Imprensa, pelo secretário-geral do Sindicato, Teixeira Cândido
ANNA COSTA
Pela segunda vez, a sede do SJA voltou a ser assaltada, sendo a primeira no final do mês de Novembro e este último, no sábado, dia 03. Os assaltantes, até agora, desconhecidos, levaram consigo, novamente, a Unidade Central de Processamento (CPU) do computador principal, que no primeiro assalto haviam devolvido e deixaram mensagens de ameaça ao secretário-geral do sindicato, Teixeira Cândido.
Considerando a situação como uma ameaça, e pelo facto de haver também jornalistas que foram assaltados e levados apenas o computador, Teixeira Cândido entende que a classe está sob ataque, motivo pelo qual convoca a marcha para sábado dia 17 de Dezembro.
“No nosso ponto de vista há aqui um ataque sistemático e uma intenção de espalhar medo aos jornalistas e acederem as informações que os jornalistas produzem” disse
Segundo Teixeira Cândido, horas depois de a CPU ter sido deixada à porta do sindicato, o líder sindical recebeu uma mensagem de ameaças, por escrito no seu telemóvel, que procurava saber se havia percebido o recado.
Teixeira, fez saber que não é o único alvo dessas práticas e apontou os jornalistas João Armando, director do Jornal Expansão, e Raquel Rio, correspondente da agência Lusa, em Luanda, sendo uma das vítimas.
“ Não entendemos por que isso está acontecer, porque o nosso trabalho é público, o que nós fazemos é defender a liberdade de imprensa, sem ela nós não existimos enquanto profissionais, nós defendemos maior pluralismo, defendemos que os jornalistas sejam independentes, isentos e respeitem a deontologia profissional isso não é crime e não ofender a ninguém” defendeu o líder sindical
O jornalista Guilherme da paixão, que disse encarar a acção com muita preocupação, entende que a atitude dos assaltantes, visa silenciar a classe jornalística .
“ Não é uma acção isolada, envolve outras pessoas, e todos eles lhes são roubado os computadores e isso preocupa, porque isso não está a prejudicar a nós, está a prejudicar a liberdade de imprensa e até de pensamentos” disse o jornalista e continuou, “ No processo em que estamos, andamos a pensar que a actual legislatura traria um ar mais fresco da liberdade, mas estamos a nos sentir quartados e quando quartam a liberdade não sei se podemos sobreviver” concluiu.
O Jornalista Júlio Muhongo, entende que embora tarde, a marcha marcada para o dia 17 de Dezembro, chegou em boa hora e partilha da opinião de que quem pratica tal acto tem a intenção de criar um certo medo para que os jornalistas que ainda exercem a profissão com insenção, se calem.
“Não devemos nos calar porque a profissão de jornalista não é nada ilegal, é o momento de sairmos todos as ruas, manifestarmos e dizermos basta”
Segundo Teixeira Cândido, a marcha será realizado no dia 17 para não colidir com as marchas agendadas para este sábado, dia 10.
Quanto aos assaltos na sede do sindicato, Teixeira Cândido, disse que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) assegurou que já está a investigar o caso.
Fundado em 1992, sem fins lucrativos, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos é uma associação profissional apolítica, apartidária e de defesa dos empregos e da liberdade de expressão dos seus associados.