ANGOLA FONTE DE FINANCIAMENTO DO TERRORISMO INTERNACIONAL
A fragilidade do sistema financeiro angolano constitui um factor “sine qua non” para o fomento ao terrorismo internacional, para além de ser um “terreno altamente minado” para o investimento estrangeiro.
AUTOR: GIMI PANZO – ESPECIALISTA EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Numa era em que o terrorismo internacional é considerado como um dos maiores vírus à segurança, à paz e ao desenvolvimento das nações, Angola, devido a sua incapacidade de controlo do fluxo financeiro no país, pode ter restrições no fornecimento de divisas por parte de organizações de carácter financeira, como é o caso do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da OMC (Organização Mundial do Comércio), para além das cooperações bilaterais que mantem com os demais Estados e empresas multinacionais. Pois, as avultadas somas ilícitas em posse de entidades do alto escalão do aparelho do Estado e a forma tardia com que se descobre as incontáveis riquezas em mãos de cidadãos, bem como a dificuldade de desmantelar redes que desviam o erário público a ” sangue frio”, são provas inequívocas de um sistema absolutamente vulnerável aos olhos das fracções terroristas internacionais e “balde de água fria” para as empresas transnacionais com acções no país.
A grande preocupação pretende-se no facto de os actos terroristas visarem cada vez mais a desestabilização de governos legalmente instituídos e impor questões de seus interesses no cenário interno dos Estados, principalmente a propagação de suas ideologias nas políticas dos países visados. Aliás, Estados como Moçambique, RDC ( sem descartar a Namíbia e Zâmbia), sob o ponto de vista estratégico, já deveriam reduzir, senão mesmo embargar, silenciosamente, as cooperações que têm com a República de Angola, devido aos sucessivos ataques que vêm enfrentando; tendo em conta a proximidade geográfica, serão alvos próximos de refugiados e de demais consequências de actos terroristas, caso o governo de Angola colapse, como aconteceu com a Nigéria, por exemplo; porquanto, ao manter as relações ao mesmo nível, depois da descoberta da “brutal fragilidade” financeira de Angola tornada pública com o caso “Pedro Lussate”, estariam a contribuir para o sustento de um mal que enferma as suas populações. Pois, apesar de os alvos de grupos terrorista serem os governos, as suas operações são viradas, maioritariamente, aos civis, precisamente: mulheres e crianças, por meio de raptos, torturas e decapitações. Com esta tática operacional, conseguem influenciar dirigentes a adoptar medidas a seu favor ou mesmo instaurar o sistema político na totalidade.
É importante salientar que Angola ainda se debate com a problemática de segurança fronteiriça; esta deficiência constitui um “caminho fiel” para a entrada e saída de migrantes ilegais, de armas e escape ideal de divisas do país, tal como a presumível tentativa de fuga de Bento Cangamba com grandes somas monetárias, só para citar um. Numa análise correlacionada, a problemática da alta corrupção em Angola tem como aliada a debilidade das suas fronteiras e o fraco sistema de controlo financeiro nos aeroportos, associados aos amiguismo e tráfico de influência. Para além de ainda existirem zonas da parte fronteiriças do país não controladas, fala-se também de polícias da guarda-fronteira com salários míseros susceptíveis de corrupção.
Os dados acima apresentados, somados com a incapacidade do governo angolano na gestão da circulação da moeda no mercado e na fragilidade do seu exército (força bruta), consubstanciada com os baixos salários e más condições de vida e grau de instrução, tornam este Estado um “paraíso” para grupos terroristas. Nestas circunstâncias, duas hipóteses não se devem descartar:
– Primeira: Angola poderá ser, num futuro breve, palco de confrontos onde a população, através de influências de células terroristas, vão exigir ao governo melhores condições de vida e a consequente desvinculação com as ideologias ocidentais. Pois, acreditar-se-á que a democracia e o capitalismo são os “panos de fundo” da miséria no país. E mais, ao ver avultados valores capazes de mudar a situação sócio-económica em mãos de entidades do Estado, surgirão grupos de pressão com suportes externos altamente armados.
– Segunda: Angola continuará a ter a actual “aparente estabilidade”, enquanto os grupos terrorista, por meio de seus representantes, continuarão a fazer deste País um “mercado negro” para a prática de todas as formas de prostituição, venda de diamantes de sangue, narcotráfico, vendas de armas e um “Las Vegas” para as férias de terroristas como já é. Porém, prevê-se uma intensificação de tais práticas sem precedentes.
Todavia, de uma forma ou de outra, sem que se tomem as medidas necessárias, Angola continuará a ser fonte segura de financiamento de terrorismo e branqueamento de capitais predileto.
De salientar que, nos últimos anos, nas agendas das organizações internacionais debatem-se temas como: utilização de armas pesadas em ataques perpetrados por terroristas; a proliferação e expansão de grupos terroristas; as fontes de abastecimento bélico, tecnológico e alimentar, bem como as formas de aquisição de poder financeiro para a sobrevivência de grupos terrorista.
Neste sentido, o governo angolano, face ao exposto, deve, de forma emergente e pública, demonstrar maturidade investigativa eficiente, eficaz e célere, a fim de desencorajar quaisquer tentativas de o país tornar-se num “celeiro financeiro” para o suporte de terroristas. E dentre as medidas devem constar: o visível e geral combate a impunidade a todos os níveis, a real transparência na gestão da “coisa pública “, a independência efectiva entre o governo e o Banco Nacional de Angola, o respeito incondicional às leis do país e a fiscalização comprovada documentalmente de todos os bens dos altos mandatários dos órgãos do Estado a começar pela Presidência da República que, por sinal, é a parte mais sensível. A implementação rigorosa vertical e horizontal destas medidas terá repercussões positivas directas na vida das populações.