TRABALHADOR MORRE NA EMPRESA CHINESA GHCB E CHINESES DESAFIAM A JUSTIÇA ANGOLANA
Na provincia do Cuanza Norte, um trabalhador angolano morreu atingido por pá carregadora no interior da empresa chinesa GHCB, asiáticos colocaram operador de máquina inexperiente durante greve dos profissionais (500 mil kwanzas é o preço da vida do infeliz)
Um cidadão que em vida respondia pelo nome Pedro Domingos, de 36 anos de idade, trabalhador da empresa chinesa GHCB Angola S.A., localizada no município do Dondo, província do Cuanza Norte, morreu no dia 10 do mês e ano em curso no estaleiro da empresa em consequência de um acidente de trabalho, durante a greve realizada pelos funcionários devido à falta de pagamento dos seus ordenados. A direcção da empresa é acusada de esconder informações e desafiar a justiça angolana.
Segundo apurou o Na Mira do Crime, a vítima, moradora do bairro Capalanga, no município dos Mulenvos, trabalhava naquela parcela do território angolano, na empresa acima citada.
O facto ocorreu no dia acima citado, quando alguns funcionários, incluindo o operador de máquina, encontravam-se em greve devido à falta de pagamento dos salários, e a empresa teria colocado um trabalhador não habilitado a operar uma máquina pesada.
Foi nessa circunstância que a pá carregadora atingiu a vítima que trabalhava como camionista e conheceu a morte no local.
O corpo só foi retirado do local no dia seguinte, quarta-feira, 11.
Após o incidente, a empresa não comunicou oficialmente a família sobre a morte do trabalhador, tendo esta tomado conhecimento (apenas) depois de um dos sobrinhos ter ligado para o número de telemóvel do malogrado, que foi atendido por um colega de trabalho que informou sobre o infortúnio.
Na terça-feira, 16, a família deslocou-se até à sede da empresa, situada no Km 28, província do Icolo e Bengo, com o objectivo de obter esclarecimentos sobre as circunstâncias da morte e exigir responsabilidades.
Durante o encontro, a empresa limitou-se a afirmar que se tratou de um acidente de trabalho, sem apresentar qualquer relatório técnico, auto de ocorrência ou documentação oficial que sustentasse a versão apresentada.
Questionada pela família sobre as responsabilidades do incidente, a administração da empresa declarou que não se tratava do primeiro caso de morte envolvendo trabalhadores, acrescentando que, em situações anteriores, a empresa custeava valores entre 200 e 250 mil kwanzas, “caso a família aceitasse”.
Representantes da empresa foram ainda mais longe ao afirmar que “Angola não tem eficiência jurídica”, sugerindo que a família poderia apresentar queixa “onde quisesse”, pois “nada iria acontecer”, declarações que configuram um grave desrespeito pelas leis angilanas, pelas instituições do Estado e pelos direitos humanos.
Após a intervenção da família, a empresa comprometeu-se a disponibilizar 500 mil kwanzas à família da vítima.
O caso levanta sérias preocupações sobre as condições de segurança no trabalho, principalmente em empresas chinesas, particularmente GHCB, que se gabam de alegada impunidade.
Respeitando o princípio do contraditório, este jornal contactou o senhor Caterça, responsável pela área dos transportes da referida empresa, para saber mais sobre o assunto, mas sem sucesso.
Importa referir que o funeral de Pedro Domingos será realizado nesta sexta-feira, 19, no cemitério da Mulemba.


