ISAÍAS KALUNGA ACUSADO DE DESVIAR  RESIDÊNCIAS DA CENTRALIDADE VIDA PACÍFICA E MAYE MAYE

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O membro do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Vitorino Matias, rompeu o silêncio e fez revelações graves sobre a actual gestão do órgão, liderada por Isaías Kalunga, com quem trabalhou desde antes da ascensão deste à presidência onde reforçou acusações contra o líder máximo e o seu vice-presidente, Sebastião Jaca. Segundo Vitorino, o CNJ vive hoje “uma crise de valores sem precedentes”, marcada por práticas ilegais, perseguições internas, desvio de bens, má gestão financeira e manipulação política.

REDACÇÃO JORNAL HORA H

SUSPENSÃO DIVULGADA PELA MÍDIA SEM BASE LEGAL

Vitorino Matias iniciou a entrevista  criticando a forma como foi anunciada a sua suposta suspensão. Segundo ele, não recebeu qualquer documento oficial que confirmasse tal medida.

“A informação da minha suspensão foi difundida pelas mídias sociais. Nunca recebi nada oficial. Não sei por que motivo fui expulso, porque oficialmente não existe tal decisão.”

O dirigente, explica que o órgão que teria deliberado a sua expulsão, o Conselho Fiscal e Jurisdicional é, do seu ponto de vista, um órgão “ilegal”, pois, segundo os estatutos do CNJ, essa estrutura não tem competência para suspender ou expulsar membros.

Matias cita o artigo 42 dos estatutos, que determina claramente quais os órgãos competentes para a tomada de decisões disciplinares: o Conselho de Representantes Permanentes (CRP), a Assembleia Extraordinária ou a Assembleia Geral do CNJ, decisões sempre conduzidas pela Mesa da Assembleia Geral.

“Não é o Conselho Fiscal que expulsa membros. Quem delibera é a Mesa da Assembleia Geral. Portanto, considero esta acção ilegal, inútil, inoperante e inaceitável.”

ÓRGÃO FISCAL CONSIDERADO “ILEGAL” POR FALTA DE PRESIDÊNCIA LEGÍTIMA

Ainda sobre o Conselho Fiscal e Jurisdicional, Matias afirma que a sua direcção actual não é legítima. Explica que, de acordo com os estatutos, o órgão deve ser presidido pela JURA. No entanto, sabe-se que a JURA se afastou do cargo há mais de dois anos, “deixando uma vacatura nunca preenchida”. Sem o devido processo de substituição  que deveria ocorrer numa reunião do Conselho de Representantes Permanentes, o órgão deixou de existir funcionalmente, tornando-se, segundo Matias, “ilegal, ilegítimo e inoperante”.

“Quem se assume hoje como presidente do Conselho Fiscal não tem legitimidade. É um analfabeto estatutário. Nem conhece os estatutos da organização que diz dirigir.” Disse.

O dirigente acrescenta ainda que o próprio suposto presidente do Conselho Fiscal já estaria suspenso da sua organização de origem, o que, segundo ele, torna a situação ainda mais grave.

 “Eu ainda sou membro do CNJ, em pleno direito. Tenho a minha chave, entro no meu gabinete quando quiser. Essa história de suspensão é uma aberração, repugnável em todos os níveis.”

Acrescenta que foi secretário para as Relações Internacionais durante o mandato ainda em curso e que nunca recebeu qualquer processo disciplinar formal.

“O CNJ não é uma organização unipessoal. É um conselho composto por organizações de âmbito nacional. Essa tentativa de expulsar pessoas pelas redes sociais é um abuso sem precedentes.”

KALUNGA ACUSADO DE DESVIAR  RESIDÊNCIAS DA CENTRALIDADE VIDA PACÍFICA E MAYE MAYE

Uma das acusações mais sérias envolve residências destinadas aos jovens no projecto Vida Pacífica. Matias afirma que cada organização tinha direito a 20 apartamentos, mas que a AJOC recebeu apenas oito.

“A minha organização recebeu apenas oito dos 20 apartamentos. As outras 12 residências desapareceram. Isaías Kalunga nunca explicou onde colocou.”

O entrevistado diz que este fenómeno não ocorreu apenas com a AJOC, mas também com várias outras organizações, que não teriam recebido a totalidade das casas atribuídas.

O também conhecido por Ngoma Mbuta afirma que o vice-presidente, Sebastião Jaca, alegou ser presidente de uma organização cujo verdadeiro líder e fundador está vivo, e contrariou a narrativa de que este já havia falecido.

“O fundador ligou-me ontem. Então quer dizer que o morto ressuscitou? Esta é a dimensão da mentira que se instalou no CNJ.”

Além do Vida Pacífica, Mbuta citou o projecto Maye Maye, em Cacuaco e afirmou que ali também houve desvios e manipulação das listas de beneficiários. Segundo ele, seu nome foi retirado pessoalmente por Isaías Kalunga por motivos pessoais que só Isaias sabe

“Ele disse-me na cara que tirou o meu nome porque ‘ficou apertado’. Na altura eu nem sabia quantos apartamentos eram, mas estima-se que tenham sido mais de 160.”

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