SINDICATO DOS JORNALISTAS DENUNCIA LIMITAÇÃO DE LIBERDADE DE IMPRENSA EM ANGOLA

488953394_1036241571887869_3102820734261557625_n

“As redacções dos órgãos de comunicação social públicos e privados no interior do país, continua a enfrentar a dificuldade de obter informações de fontes oficiais do governo, que alegam sempre falta de ordem superior para tecer pronunciamentos aos jornalistas”.

As denúncias foram feitas esta semana pelos secretários provinciais e regionais do Sindicato de Jornalistas Angolanos, quando participavam da segunda Conferência Nacional sobre Liberdade de Imprensa e Acesso às Fontes de Informação que decorreu em Luanda.

Esta realidade é narrada por António Domingos, do Cuanza Norte, que a nível do Sindicato responde pela região norte do país, abrangendo as províncias de Cabinda, Malange, Zaire, Uíge, Cuanza Norte e Luanda, onde, segundo fez saber, as ordens superiores definem a actividade jornalística, limitando desta forma a liberdade de imprensa nestas.

“A nossa liberdade de imprensa está andando nua nas ruas da cidade de Ndalatando, nas ruas da cidade do Dondo, nas ruas de Golongo Alto… é difícil, até mesmo instituições também eclesiásticas dificilmente falam, todos estão dependentes de uma ordem superior e dificilmente falam. Há um tremor, há um medo de falar. Os últimos 50 anos foram instrumentalizados pelo medo”, referiu.

Já nas províncias do Leste, Moxico, Lundas Norte e Sul, o secretário provincial do Sindicato dos Jornalistas da Angola na Lunda Norte, André Deck, denuncia a existência de militantes de partidos políticos nas redações dos órgãos de comunicação social com destaque para a imprensa pública.

“Liberdade editorial dos órgãos, de uma maneira geral, os principais órgãos de comunicação social públicos, mantém uma postura editorial alinhada às agendas governamentais”, afirmou.

Quanto à independência dos jornalistas, André Deck referiu que os profissionais trabalham receosos quando estão diante de matérias consideradas sensíveis politicamente.

“A relação dos jornalistas com partidos políticos, no leste ainda temos alguns jornalistas de manhã na Redação, no período da tarde está vestido de uma camisola partidária”, disse.

Nas províncias de Benguela, Kwanza Sul, Huambo e Bié, que perfazem a região sul de Angola, a realidade é semelhante, como descreve o secretário provincial do Sindicato dos Jornalistas no Bié, Edson Vieira.

“Há o controle institucional acérrimo e político, consequências, menos transparência, menos escrutínio, menos responsabilização pública, população sem informação e muitas vezes credível e a democracia enfraquecida, até certo ponto”, narrou.

O secretário provincial do Sindicato dos Jornalistas na Huíla, Amílcar Silvério, por sua vez, apresentou o diagnóstico sobre a liberdade de imprensa e o acesso às fontes de informação na região sul, concretamente nas províncias da Huíla, Namibe, Cunene, Cuando e Cubango, uma realidade que considera preocupante.

Amílcar Silveiro denunciou a existência de filtragem excessiva dos porta-vozes governamentais, orientações institucionais para priorizar narrativas elogiosas, além de processos judiciais contra jornalistas e pressão contra jornalistas, ameaças de morte para jornalistas.

Aquele sindicalista apontou ainda a falta de condições de trabalho, sobretudo nos órgãos privados de Comunicação Social, alguns dos quais que ainda pagam 40 mil como salário.

“E por incrível que pareça, têm mais de um ano de salário em atraso, pagam 40 mil e devem mais de um ano de salário”, afirmou, desgastado.

Você não pode copiar o conteúdo desta página